Em Pernambuco, 98% dos jovens pernambucanos que estão hoje no ensino médio na rede pública querem uma escola que os prepare para o mercado de trabalho. Nove em cada 10 gostariam de escolher uma área para aprofundar estudos durante a etapa. É o que mostra pesquisa divulgada este mês pelo Movimento Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande e realizada pelo Datafolha.

É mais um desafio do próximo governador ou governadora de Pernambuco. "Com o novo ensino médio e o ensino técnico é um dos eixos nessa mudança, Pernambuco pode investir mais na ampliação de vagas na formação técnica dos jovens, articulado com o Sistema S e atento às demandas a partir das vocações territoriais", sugere o ex-secretário de Educação de Pernambuco e catedrátrico do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Mozart Neves Ramos. Hoje existem 60 escolas técnicas estaduais.

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Khetilen Raiana Albuquerque, 17 anos, está no 3º ano do ensino médio da Escola de Referência em Ensino Médio Frei Jaboatão, que fica no bairro de Vista Alegre, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Sonha em cursar direito, mas não se inscreveu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano.

Divide o tempo da escola integral - começa às 7h30 e vai até 16h - com o trabalho numa lanchonete perto de sua casa. Sai direto do colégio para uma jornada até 22h, de quinta a domingo. Ganha R$ 30 por dia. Precisa colaborar com o sustento da mãe e dos quatro irmãos menores.

"Trabalho porque preciso ajudar em casa e quero guardar um pouco para pagar faculdade, mas sobra muito pouco. Gostaria que tivesse mais oportunidade de emprego para os jovens", afirma a adolescente, que pega dois ônibus para ir e dois para voltar da escola. "Há dias que não tenho dinheiro para pagar a passagem. Peço ao motorista para me deixar entrar por trás, sem pagar", revela Khetilen.