No Recife, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou, nesta sexta-feira (3), que o Novo Ensino Médio não será revogado. Contudo, apontou que um grupo de trabalho será formalizado em breve para estudar os erros do modelo e corrigi-los.
"O grande equívoco foi a falta de diálogo, que não ocorreu anteriormente. Estamos querendo fazer pesquisa, consultas, seminários, reunir estudiosos para, através de uma discussão coletiva, melhorar e corrigir o que precisa ser corrigido", prometeu.
Ainda, apontou que o novo modelo de aprendizagem tem pontos positivos, como a ampliação da carga horária e a oportunidade dos estudantes acrescentarem disciplinas complementares ao currículo escolar.
"Mas é um processo que precisa ser mais consolidado. Precisamos qualificar mais os professores para esse novo momento; e só poderemos alcançar esse objetivo tendo diálogo. Queremos um ensino médio que tenha justiça e igualdade", pontuou Santana.
A reforma foi aprovada ainda no governo Michel Temer (MDB), em 2017, com o objetivo de tornar a escola mais atrativa para os estudantes. O Novo Ensino Médio fez o currículo dos alunos serem divididos em duas partes: uma geral e outra optativa, formada por matérias escolhidas pelos estudantes.
A implementação foi iniciada em 2022 de forma gradual, mas dificuldades começaram a surgir; como incoerência nos conteúdos curriculares, perda de espaço de disciplinas como filosofia e sociologia, falta de infraestrutura, de professores e de formação para conteúdos lecionados. Então, com o início do governo Lula (PT), em 2023, entidades têm pedido pela revogação da medida.
O chefe da pasta negou que isso será concedido em entrevista que deu ao JC logo após empossar a nova presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), a doutora em Educação Márcia Angela da Silva Aguiar, nesta manhã.
Mudanças no Enem e no MEC
Além do Novo Ensino Médio, ele também comentou que o Ministério da Educação irá, em breve, reajustar o valor repassado pelo governo federal aos estados e municípios para complementação da merenda escolar, que prevê mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2024 e fortalecer a cooperação entre os entes públicos.
"O grande problema do MEC nos últimos 4 anos foi fechar as portas nesse pacto federativo entre estado, municípios e governo federal. Em breve o presidente, vai estar anunciando uma serie de politicas importantes: conectividade, escola em tempo integral, alfabetização na idade certa, novo Fies... várias ações que estamos construindo nesse inicio de governo", pontuou.
Ainda, que uma das prioridades é corrigir a distorção entre série e idades dos alunos, agravada com a pandemia da covid-19. "Além de termos que garantir que todas as crianças aprendam na idade certa, temos que recuperar, principalmente, as crianças de séries menores, que foram as mais afetadas."
Camilo informou que o MEC estuda medidas de ampliar o ensino em tempo integral mas, ao mesmo tempo, garantir a permanência do aluno que precisa trabalhar em um outro turno.
"Estamos vendo qual o melhor desenho para garantir a permanência e reduzir a evasão, para que não perdamos nenhum jovem desde o ensino fundamental ate o ensino médio, inclusive fortalecendo a profissionalização, porque hoje o jovem pensa no mercado de trabalho", explicou.
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