Os professores da rede pública de ensino do Recife deflagraram greve por tempo indeterminado nesta quarta-feira (29). Com a decisão, as unidades de ensino da rede municipal estão fechadas. A paralisação foi efetivada de forma imediata, já interferindo no funcionamento das unidades do turno da noite.
De acordo com o Sindicato Municipal Dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere) a mobilização já começou a ser feita nas 101 escolas que funcionam à noite, nesta quarta-feira, e a expectativa é de que nesta quinta-feira (30), a maioria das mais de 320 escolas amanheçam o dia fechadas e sem aulas.
“A partir de agora, as escolas já não funcionam. A ideia da gente é que a prefeitura chame a gente para mais uma conversa. A prefeitura se nega a aplicar o piso na carreira de todos os professores, só contempla 1,3 mil professores. Mais de 8 mil professores não tiveram reajuste no piso na carreira”, explica a coordenadora-geral do Simpere, Anna David.
A gestão João Campos (PSB) afirma que, desde o mês de janeiro, nenhum professor recebe abaixo do piso nacional, estabelecido pelo Governo Federal em R$ 4.420,55 para o ano de 2023, conforme a Lei nº 11.738 (de 16 de julho de 2018), equivalente a R$ 22,11 por hora/aula, para o ano de 2023.
Entretanto, o que os professores pedem é que o reajuste de 14,95% (correção para o atual valor) seja aplicado para todas as faixas salariais e não só àqueles que recebem o patamar do piso.
“São mais de 9 mil profissionais na rede municipal. Estamos enviando ofício à prefeitura informando a deflagração da greve e esperamos o retorno deles para marcação de nova reunião”, completa Anna David.
Segundo a PCR, desde o mês de janeiro a negociação salarial vem sendo feita com o sindicato, mas sem nenhuma proposta aceita. Na última reunião, realizada nesta quarta-feira, foi proposto 7,5% de reajuste salarial acrescido de 7,45% de abono, o que impactaria para este ano em 14,95% (equivalente ao piso salarial).
“Essa proposta, inclusive, abriu discussões com foco na melhoria do Plano de Cargos e Carreiras. Entretanto, mais uma vez, a proposta apresentada não foi aceita pela categoria, que mantém um posicionamento em não negociar e apenas querer o reajuste salarial de 14,95%, não contribuindo para a construção de um acordo”, diz a gestão municipal.
Sobre o funcionamento das escolas, a Prefeitura do Recife ressalta entender que “não caberia greve com negociações em andamento”.
“A paralisação de atividades dos professores que venham a aderir ao movimento grevista em escolas e creches vai impactar diretamente a vida de milhares de estudantes da rede, que podem ter prejuízos de aprendizagem e problemas no cumprimento do calendário no ano letivo, além de prejuízos do acesso à alimentação escolar, pois não há condições de receber estudantes nas escolas e creches sem a presença dos professores. A decisão vai prejudicar as crianças e suas famílias”, pondera.