Os Tribunais de Contas Estaduais (TCE) deram início, nesta segunda-feira (24), à Operação Educação, que analisa a infraestrutura de 1.088 escolas públicas estaduais e municipais de todo o Brasil.
Cerca de 770 auditores de 32 tribunais participam das visitas, onde são checados 200 itens — entre eles, a situação de refeitórios, bibliotecas, salas de aula e quadras esportivas.
São examinados aspectos ligados à segurança, prevenção de incêndios e higiene e limpeza dos estabelecimentos de ensino.
A escolha das unidades de ensino foi feita a partir da constatação de situações críticas relacionadas à infraestrutura que constam no Censo Escolar de 2022.
Já os municípios selecionados foram os que já tinham assinado Termos de Ajuste de Gestão (TAG) em outras fiscalizações, mas que cumpriram menos de 50% das medidas acordadas no termo.
Em Pernambuco, são vistoriadas 90 escolas em 16 municípios. Até a publicação desta matéria, oito escolas haviam sido fiscalizadas: nestas, já foram encontradas diversas irregularidades, desde carteiras quebradas, alimentos utilizados para a merenda vencidos e acessibilidade comprometida.
No ano passado, o TCE-PE realizou uma operação semelhante em todos os 184 municípios do Estado.
Após a fiscalização, foram assinados 112 Termos de Ajuste de Gestão (TAG) entre o TCE e os gestores, onde os prefeitos se comprometeram em adotar medidas para solucionar os problemas apontados e melhorar a situação das escolas.
Segundo o TCE-PE, deste total, 71 já foram monitorados pelas equipes de auditoria e 13 se encontram em fase de monitoramento.
Para a Operação Educação, o TCE-PE montou uma sala de monitoramento para acompanhar, em tempo real, os resultados da fiscalização. Os dados finais serão divulgados na próxima quinta-feira (27), juntamente com os resultados consolidados dos demais Tribunais de Contas do país.
Ainda são estudados quais encaminhamentos serão feitos após a fiscalização, segundo o auditor Elmar Pessoa, mas as responsabilidades dos gestores podem ser apuradas.
“Muito provavelmente haverá auditoria especial nos municípios onde identificamos que a situação não melhorou para cobrar ao gestor”, explicou.
Ao longo de três dias, as informações resultantes das averiguações presenciais serão inseridas em um sistema de consolidação automática de dados. Em seguida, vão ser gerados dois tipos de relatórios: um nacional e outro por Estado.
Os dados nacionais serão concentrados na sala de situação sediada no TCE-SP, criador da metodologia da fiscalização e do sistema informatizado. Com esse programa, a operação será acompanhada, em tempo real, por meio de fotos e vídeos enviados pelos agentes em campo.
A iniciativa é uma parceria entre a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e o TCE-SP, com apoio técnico do Instituto Rui Barbosa (IRB), e outras instituições.
De acordo com o presidente da Atricon, Cezar Miola, dados do Censo Escolar 2022 que subsidiaram a seleção das escolas a serem visitadas apontam que pelo menos 12,9 milhões de estudantes da educação básica da rede pública frequentam unidades que apresentam algum problema de infraestrutura.
Quase um milhão deles estão matriculados em estabelecimentos de ensino sem acesso à água potável, e 390 mil estudam em escolas sem banheiros.
“O poder público precisa garantir meios para que as escolas ofereçam condições básicas, num ambiente de acolhimento, segurança e aprendizagem; é um direito das famílias e da sociedade", disse o conselheiro.
“Queremos, cada vez mais, examinar como estão sendo gastos os recursos que vêm dos impostos pagos pela população. Para isso, não basta checar apenas se o contrato foi feito de maneira legal. Já vimos casos em que um aparelho de raios-X, comprado de acordo com a legislação, estava ainda dentro da caixa, sem uso. Não podemos mais admitir isso”, declarou o presidente do TCE-SP, Sidney Beraldo.