UFRPE recebe dinheiro e começa a quitar dívidas, mas ainda não tem orçamento para novos investimentos

Recomposição orçamentária liberada pelo Ministério da Educação começa a ser paga no fim deste mês de junho à universidade
Lucas Moraes
Publicado em 09/06/2023 às 11:38
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Campus Recife Foto: BERG ALVES/JC IMAGEM


Depois de um ano de dificuldades, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) vai conseguir, quase no fim do primeiro semestre de 2023, começar a quitar débitos que seguiam em abertos desde 2022. O Ministério da Educação irá repassar, em quatro parcelas, a partir do fim de junho, pouco mais de R$ 20 milhões, que garantem de forma apertada o ‘funcionamento normal’ da instituição de ensino até o fim deste ano.

Com a recomposição, o orçamento previsto em R$ 47 milhões, saltará para R$ 69 milhões - ainda insuficiente para que novos investimentos, incluindo alguns necessários para infraestrutura e ampliação das atividades de manutenção, sejam realizados.

Os números, que parecem ser expressivos, não dão conta das necessidades de uma universidade do porte da UFRPE. Para se ter uma noção, em 2014 o orçamento da universidade beirava os R$ 225 milhões. Em 2020, foi de R$ 99 milhões; em 2021, R$ 74 milhões; no ano de 2022, R$ 73 milhões.

Em 2023, mesmo com essa recomposição feita pelo Ministério da Educação, o orçamento da universidade, previsto na Lei Orçamentária elaborada na gestão federal passada, ainda será menor do que o registrado nos últimos anos. Isso sem contar com o acúmulo de débitos a serem quitados.

Dos R$ 69 milhões previstos no orçamento, R$ 9 milhões já serão direcionados para o pagamento de débitos que a UFRPE mantém em aberto desde o ano passado.

“Nós tínhamos para este ano, se fosse corrigido apenas nos últimos 4 anos, de acordo com a inflação, um orçamento de R$ 90 milhões para investimento. Com a LOA enviada no ano passado, o nosso orçamento previsto iria para R$ 45 milhões. Chegou-se a R$ 47 milhões. Com a recomposição, que chega no fim do mês (de junho) e será paga em quatro parcelas, o orçamento foi para R$ 69 milhões, não são os R$ 90 milhões, e já tínhamos R$ 5 milhões atrasados em contratos com fornecedores, além de R$ 4 milhões de do reajuste dos contratos de terceirizados, então ficamos com R$ 60 milhões”, explica o reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão.

Apesar do orçamento apertado, o reitor garante que o ano será finalizado ‘no azul’, com todos os serviços já em funcionamento da universidade mantidos. Mas isso não significa necessariamente alívio financeiro, já que em diversos setores algumas operações seguem reduzidas e novos investimentos necessários até mesmo para manutenção da universidade não poderão ser feitos.

“Estamos tentando, com planejamento para chegar ao fim do ano sem nenhuma dívida. Mas estamos com os terceirizados no ‘mínimo do mínimo’. Era para ter em torno de 1 mil, temos entre 600 e 650 terceirizados. O problema maior foi de infraestrutura, manutenção de prédios, que estamos conseguindo fazer alguns, mas a demanda é muito alta”, explica Leão.

Apesar dos cortes, o reitor assegura que tanto as aulas quanto as bolsas estudantis continuam sendo mantidas normalmente. “Aumentamos mês passado todas as nossas bolsas. Aumentamos o quantitativo e os valores nominais”, diz.

No último mês de maio, já em virtude da situação financeira, a UFRPE precisou reduzir o expediente da Sede, Unidades Acadêmicas (UABJ, UAST e UACSA), Departamentos Acadêmicos, Estações Experimentais e das Unidades Administrativas, além de restringir as horas extras.

Agora, a universidade, assim como as demais instituições federais integrantes da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), busca uma nova liberação de recursos do MEC no segundo semestre - o que ainda não foi sinalizado pelo governo federal.

Em outra frente, a UFRPE também busca R$ 35 milhões em recursos extra-orçamentários para retomar obras nos campi de engenharia do Cabo de Santo Agostinho e Belo Jardim.

Atualmente, a universidade conta com 59 cursos de graduação, 58 mestrados e doutorados e também oferta Ensino Médio e cursos técnicos no Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (Codai). O corpo docente conta com mais de 1.200 professores e mais de mil técnicos que atuam em conjunto com cerca de 17 mil estudantes.

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