O caso envolvendo um estudante que teria tirado nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 está sendo investigado pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE). Após a repercussão de que Igor Kleyverson da Silva, de 23 anos, teria alcançado a nota máxima na redação, uma denúncia foi apresentada contestando o resultado.
Um print da Página do Participante mostra que, na realidade, Igor tirou notas com pontuações muito abaixo daquelas que ele havia divulgado na terça-feira (16). Em redação, o jovem tirou 680 pontos e não a nota mil. Outro exemplo é na área de Matemática e suas Tecnologias, que ele teria tirado 917,5, mas na verdade a nota que consta no sistema é 632,5.
Por nota, a PCPE informou que está investigando o caso que ocorreu nessa quarta-feira (17), no bairro do Viradouro, em Escada, Mata Sul do estado. “Um inquérito policial foi instaurado para apurar os fatos. As diligências já foram iniciadas e seguem até completa elucidação do caso”, disse a polícia, sem dar mais detalhes.
Procurado pela reportagem do JC, nessa quinta-feira (18), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) negou a possibilidade do sistema ter realizado alterações posteriores à divulgação oficial das notas dos candidatos, confirmando que a nota do candidato pernambucano que consta na plataforma é 680 e não a nota máxima na redação.
O Inep informou, por meio de nota, que “a base de dados com os resultados das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 é a mesma desde a publicação no ambiente de administrador da Página de Participante, que ocorreu em 15 de janeiro de 2024 para a divulgação realizada no dia seguinte”.
O Instituto também manteve a confirmação de que em Pernambuco, dois candidatos tiraram a nota máxima na redação. No entanto, até agora não se sabe qual seria o outro candidato que teria alcançado a nota mil, além de uma professora de redação, que é do Recife.
AGUARDANDO RESPOSTAS
Tanto Igor Kleyverson da Silva quanto os responsáveis pelo curso preparatório Fábrica Concursos, onde o jovem estudou no primeiro semestre de 2023, afirmaram que já acionaram advogados para questionar o Inep sobre o que pode ter ocorrido.
Em conversa com a reportagem do JC, nessa quinta-feira, Igor Kleyverson explicou que o diretor do curso preparatório para o Enem tinha entrado em contato com a sua irmã para falar sobre a denúncia de que ele poderia ter fraudado os resultados das provas.
Igor disse acreditar que pode ter sido um erro na plataforma do Inep ou algum “ataque hacker”. “Nós estamos aguardando uma resposta. Essa repercussão tem sido desastrosa, desde ontem (quarta) não consigo comer direito, minha mãe está sem dormir. Todos nós estamos muito apreensivos e querendo saber o que realmente ocorreu”, pontuou Igor.
O diretor do Fábrica Concurso, Gabriel Véras, também conversou com o JC, e disse que acionou a equipe jurídica da empresa para buscar o esclarecimento dos fatos. Ele explicou que quando foi a casa de Igor, a Página do Participante com as notas já estava aberta e que, portanto, não viu o candidato pernambucano fazer o login na plataforma. Nas redes sociais do curso, já foram removidas as publicações em que o ex-aluno aparecia comentando como foi ter alcançado a nota mil no Enem 2023.