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Por Mirella Araújo e equipe
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Obra inacabada da PE-33 afeta funcionamento do campus do IFPE em Cabo de Santo Agostinho

Estudantes, professores e servidores do IFPE reclamam da morosidade na obra da PE-33 que vem se arrastando desde 2018, quando a sede foi inaugurada

Cadastrado por

Mirella Araújo

Publicado em 06/08/2024 às 15:24 | Atualizado em 06/08/2024 às 15:57
Problemas na rodovia PE-33 impactam no acesso e funcionamento do campus Cabo de Santo Agostinho do IFPE - Cortesia

Seis anos após ser inaugurada, a sede do campus Cabo de Santo Agostinho do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) continua com funcionamento parcial devido à paralisação da obra de 800 metros da rodovia PE-33, que dá acesso ao local.

Existe uma preocupação com a celeridade do processo de erosão próximo à entrada do campus. Tanto o prédio do IFPE quanto o da Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE) foram construídos em cima de um morro, mas não há obras de infraestrutura de drenagem urbana. Isso significa que, no período de chuva, a água da superfície começa a escorrer por uma encosta, corroendo o solo e formando uma grande voçoroca.

Fontes ligadas ao IFPE informaram que, no espaço de um ano, o volume da voçoroca aumentou de 9 mil m³ para 14 mil m³ de terra perdida.

Durante a campanha eleitoral de 2022, a então candidata ao Governo de Pernambuco, Raquel Lyra, publicou um vídeo em suas redes sociais denunciando que a obra iniciada em 2017, com um orçamento de R$ 200 milhões, estava abandonada.

 

Hoje, os estudantes, professores e servidores estão lotados em uma sede provisória, que funciona nas dependências da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do Cabo de Santo Agostinho (Fachuca). No entanto, não há laboratórios para as aulas práticas, refeitórios, e muitos profissionais não têm espaço próprio para trabalhar.

“A frequência dos alunos não é afetada, mas as atividades de ensino, pesquisa e extensão são. Por exemplo, um estudante meu foi aprovado na Olimpíada Brasileira de Biologia e eu não pude dar aulas de reforço para ele, pois não há na estrutura provisória uma única sala disponível para essas aulas”, explicou a professora de Biologia do IFPE, Jane Ventura, em contato com a coluna Enem e Educação.

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“Os laboratórios que são objetos de ensino, pesquisa e extensão não conseguem ser utilizados, pois estão na sede ‘nova’. A biblioteca provisória não oferece a plenitude de áreas de estudo, pois é pequena, enquanto a biblioteca da sede não consegue ser utilizada”, lamentou a docente.

Os servidores também chamam a atenção para o custo dos serviços de manutenção e vigilância patrimonial nos dois edifícios. Na sede oficial, inclusive, foi construída uma creche que está equipada, mas não pode ser utilizada devido à precariedade do acesso ao campus. São atendidos cerca de mil estudantes no Cabo de Santo Agostinho – um quantitativo abaixo do que poderia ser atendido, já que a sede provisória é limitada em número de salas de aula.

FRUSTRAÇÃO DOS ALUNOS

A turma de Engenharia Ambiental e Sanitária, por exemplo, que está prestes a se formar, praticamente não teve aulas prática nos laboratórios por causa das dificuldades de acesso a sede do IFPE. Recentemente foi feita uma estrada provisória para ajudar os estudantes e professores a conseguirem chegar até as dependências do campus.

Para o estudantes de Engenharia Ambiental e Sanitária, Fabricio Aniceto, 25 anos, o sentimento é de frustração já que o prédio está pronto desde 2018, mas não está em pleno funcionamento. "Não tivemos acesso aos laboratórios, então toda essa parte prática tanto em computador quando em laboratórios de química e saneamento, não tivemos diretamente. Em período de chuva, o acesso era totalmente impossibilitado. O governo sempre entra na mesma questão e diz que vai esperar o período de chuva fazer para realizar um novo contrato com uma empresa e fica nesse ciclo eterno", desabafou Fabricio. 

  

Problemas na rodovia PE-33 impactam no acesso e funcionamento do campus Cabo de Santo Agostinho do IFPE - Cortesia

PROBLEMA TEM SIDO ALVO DE PROTESTOS

No dia 17 de maio deste ano, o Sindicato dos Servidores do Instituto Federal de Pernambuco (Sindsifpe-S.S) - Seção Sindical do Sinasefe enviou um ofício para a governadora Raquel Lyra, solicitando uma reunião para discutir a morosidade da obra da PE-33.

Diante da falta de retorno por parte da chefe do Executivo estadual, os servidores, estudantes e professores realizaram um protesto no dia 11 de junho, na PE-60, na tentativa de chamar a atenção das autoridades competentes para os problemas causados pelo funcionamento parcial da sede do campus Cabo de Santo Agostinho. Também não houve retorno do Governo do Estado.

A coluna Enem e Educação entrou em contato, nesta terça-feira (6), com o Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE), questionando quando a obra que dá acesso ao campus do IFPE e da UFRPE estará pronta e qual orçamento está sendo investido para a recuperação dessa rodovia.

Em resposta, o DER-PE informou que está desenvolvendo o projeto de recuperação das erosões. “Tão logo o projeto seja concluído, a obra será licitada. A via de acesso está orçada em cerca de R$ 15 milhões e o governo estadual está dando prioridade total a essa iniciativa”, disse o departamento por meio de nota, sem informar qual será a previsão de conclusão dessa obra.

O IFPE também encaminhou uma nota nesta terça-feira, ressaltando que mantém constante diálogo com o Governo do Estado que diz respeito à obra da rodovia PE-33. "Atualmente, há informações de que as duas obras necessárias para a região, nova licitação para a PE-33 (que conta com emenda parlamentar federal de bancada, obtida em articulação das Instituições de Ensino envolvidas, no montante superior a R$ 12 milhões) e contratação de serviços para contenção e tratamento de erosões, encontram-se em curso para publicação entre os meses de agosto e setembro deste ano", concluiu a nota. 

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