Educação inclusiva: formação continuada deve incluir competências socioemocionais e valorizar diversidade
Especialistas afirmam que a formação também deve abranger todos os professores, não apenas os do Atendimento Educacional Especializado

No Brasil, a educação especial conta com 1,7 milhão de matrículas registradas no Censo Escolar 2023. A maior parte está no ensino fundamental, que representa 62,9% (1.114.230) do total. Em seguida, vêm a educação infantil, com 16% (284.847) das matrículas, e o ensino médio, que corresponde a 12,6% (223.258) dos estudantes.
Esses dados destacam a diversidade de necessidades educacionais e a importância de garantir que todos os professores estejam preparados para atender esses estudantes.
Para a psicopedagoga e escritora Paula Furtado, a ampliação da formação continuada dos professores voltada para a educação inclusiva, com o desenvolvimento de competências socioemocionais, deve estar alinhada à diversidade cultural e social das crianças com deficiência.
“Também é fundamental valorizar os docentes, promovendo seu bem-estar, reconhecimento social e financeiro e acesso a recursos adequados, para que possam desempenhar um papel de transformar a sociedade por meio da educação”, reforçou a profissional.
Do total de matrículas na educação especial, 53,7% são de estudantes com deficiência intelectual (952.904). Em seguida, estão os estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), com 35,9% (636.202). Na sequência, vêm pessoas com deficiência física (163.790), baixa visão (86.867), deficiência auditiva (41.491), altas habilidades ou superdotação (38.019), surdez (20.008), cegueira (7.321) e surdocegueira (693).
Além disso, 88.885 estudantes possuem duas ou mais deficiências combinadas. Esses números evidenciam a diversidade e a complexidade das necessidades educacionais, reforçando a urgência da capacitação dos educadores para lidar com esses estudantes de forma inclusiva.
Formação adequada
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2023, mostrou que 67% dos entrevistados concordam que os professores não têm formação adequada para ensinar crianças com deficiência, como destacou o Instituto Alana no levantamento. Segundo especialistas na área, esse dado evidencia ainda mais a importância da formação em Educação Inclusiva para todos os professores regentes de sala de aula, e não apenas para aqueles do Atendimento Educacional Especializado.
Na visão de Paula Furtado, a Psicopedagogia destaca a importância de considerar não apenas as habilidades cognitivas, mas também os aspectos emocionais e sociais no desenvolvimento dos estudantes.
Ela defende que uma abordagem holística é essencial para preparar os alunos para os desafios da vida cotidiana. “Ao integrar esses princípios na formação continuada, os educadores estarão mais aptos a fomentar nos alunos a capacidade de aprender a aprender, promovendo seu crescimento integral e preparando-os para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo”, conclui.