Por Fernando Castilho, da coluna JC Negócios
Desde o dia em que chegou perto dos sonhados 120 mil pontos (119.528) no último dia 23 de janeiro, a Bolsa de Valores brasileira (B3) perdeu o equivalente quase R$ 15 bilhões, parte deles na última sexta feira quando chegou próximo de perder a icônica marca de 100 mil pontos conquistada dia.
Em termos de valores quando a B3 chegou perto dos 120 mil pontos, o valor de mercado de todas as suas empresas chegou a 156,2 bilhões. Nesta quarta-feira - quando fechou em 107.224 pontos, essas mesmas ações valiam R$ 141,41 bilhões, portanto uma perda de R$ 14,82 bilhões.
Segundo o analista de mercado da Finacap, Alexandre Brito, essa perda de valor representa a visão do mercado de que a epidemia deve afetar consideravelmente a economia e o desempenho das empresas. Esse pessimismo justifica uma corrida para ativos mais seguros, como títulos do Governo ou moedas estáveis.
Segundo ele o mercado vem enfrentando muita oscilação. No último pregão de sexta, o Ibovespa fechou positivo, mas chegou a negociar abaixo da marca de 100 mil pontos.
Para ele, enquanto as dúvidas quanto ao real impacto econômico do Covid19 não estiverem respondidas, os investidores se comportarão de maneira bastante "nervosa".
Mas para o analista da Finacap, o alento dos investidores com visão de longo prazo é que, historicamente, nessas epidemias a reversão é muito forte e a China tem instrumentos para trazer estímulos a sua economia.
O problema é que o “coice” da quarta-feira de Cinzas do Civid 19 veio em cima de um fenômeno mais grave que foi a “queda” da saída de investidores estrangeiros da B3.
No final de 2019 eles haviam retirado R$ 44,5 bilhões e a tendência é que este ano eles levam mais R$ 34,9 bilhões consolidando tendência de 2018 quando saíram da Bovespa R$ 11,5 bilhões.
É um movimento típico de quem aposta sempre em países que pagam mais. Entre 2013 de 2017 os estrangeiros investiram R$ 76.2 bilhões no mercado brasileiro dos quais R$ 20,3 bilhões aproveitando as altas taxas de juros pagas pelo mercado além dos preços das ações.
A última vez que esse movimento aconteceu foi em 2008 por ocasião da crise do Sub-prime nos Estados Unidos e que contaminou todos os mercados ao redor do mundo. Naquele ano, os estrangeiros retiraram da Bovespa R$ 24,6 bilhões.
LEIA MAIS TEXTOS DA COLUNA JC NEGÓCIOS