Como salvar as empresas da quarentena? Esse é o maior desafio do governo

O grande desafio do governo é: como salvar da quarentena as empresas brasileiras que estão sem capital de giro desde que a crise se instalou em fevereiro
Fernando Castilho
Publicado em 18/03/2020 às 22:31
(Brasília - DF, 18/03/2020) Coletiva à Imprensa do Presidente da República, Jair Bolsonaro e Ministros de Estado. Foto: Carolina Antunes


Agora que o governo Bolsonaro acordou do conflito de ideias que criou e viveu desde a chegada ao Brasil do primeiro caso da Covid19, cabem dois minutos de conversa sobre o maior desafio que se apresenta agora depois que encaminhou um programa mínimo de renda para a parte mais pobre da população. Ainda que parte do dinheiro que ela vai receber seja uma antecipação de recebíveis já programados.

O grande desafio do governo é: como salvar da quarenta as empresas brasileiras que estão sem capital de giro desde que a crise se instalou e vão precisar de todo tipo de ajuda que for possível obter para simplesmente não fechar.

Que a mortalidade das empresas será altíssima ninguém duvida. O que se discute aqui é o que se pode fazer dentro de um objetivo de redução de danos. Ou seja, como escolher quem salvar.

No meio da entrevista da tarde desta quarta-feira - quando o presidente se apresentou com um comportamento completamente diferente do que vinha fazendo nos últimos dias - o ministro das Infraestrutura, Tarcísio Freitas deu um chega para lá no seu colega Henrique Mandetta ao dizer que alguma parte da economia formal vai ter que funcionar na quarentena.

Porque é pelo aeroporto é que vai chegar o teste de para identificar o coronavírus, assim como pelo porto vai chegar a peça que vai manter o hospital funcionando e pelas estradas que vai chegar a comida que as pessoas em casa vão comer.

É que na onda do “fecha tudo e fique em casa” como alguns gestores defendem tem uma coisa simples que é quem cuida de levar os itens de sobrevivência?

Não dá para parar tudo pois se isso acontecesse o sistema colapsa. Então a estratégia é pare tudo que não ajude a parar tudo.

Freitas foi o sujeito quem deu “uma geral” na equipe do Paulo Guedes dizendo que o governo tinha que fazer alguma coisa pelas empresas sob pena de, em três meses, não ter como pagar os salários dos médicos e funcionários do SUS que vai atender os pacientes do Covid19.

Na agência bancária, a questão central continua:Como ajudar a que as micro, pequenas e medias empresas brasileiras sobrevivam a quarentena?

O desafio é que burocracia do sistema bancário brasileiro pode travar a chegada do remédio. Como é que vai ser negociado a transferência de recursos para a empresa manter funcionários se não vai faturar?

Pelas regras normais o banco tem que exigir garantias fica difícil. Mesmo os públicos estão sujeitos a regras. Você pode dar prazo, você pode reemprestar com juros menores, mas tem um mínimo de garantias. O problema é que na crise a grande maioria na vai ter esse mínimo.

Então a questão é como o sistema bancário brasileiro que o Banco Central se orgulha tanto que ter o dobro de recursos em caixa que os acordo internacionais exigem em termos de liquidez vai processar isso.

O bom é que temos uma decisão política no sentido de aumentar prazos para pagar impostos, atrasar faturas e empréstimos e até a decisão de dar dinheiro para que elas não quebrem.

Mas o desafio é como assinar o contrato. Por isso, talvez seja melhor esperar um pouco as regras dessa ajuda. É da tradição brasileira dos governos sempre se anuncia o bom no atacado escondendo o ruim no varejo.

E sempre é bom lembrar o PIB brasileiro é feito de 70% de serviços que não tem garantias e paga juros mais caros para o banco se livrar do risco. E que só faz isso porque fatura. O problema agora é que não vai ter faturamento. O menos até a Convid 19 passar.

De qualquer forma foi bom ver a ficha da equipe de Bolsonaro cair. Parece claro que ele viu que se até o seu guru, Donald Trump começou a liderar as ações nos Estados Unidos, não fazia mais sentido continuar dando uma de “Jairzinho” do passo certo.

Demorou, hein?

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