Polo de Confecções quer fazer máscaras de pano, avental e jaleco para quem atende paciente da covid-19

A proposta é usar as máquinas de costura para fazer aventais um alinha completa de de proteção individual do pessoal de saúde
Fernando Castilho
Publicado em 02/04/2020 às 22:00
Foto: Foto: Edmar Melo/JC Imagem


Por Fernando Castilho do Jornal do JC Negócios.

O que começou de forma improvisada, após uma mobilização social a partir da produção de máscaras de pano por diversas instituições públicas e privadas no Estado, e que foi crescendo a partir da produção de escudos faciais (faces shields) em impressoras 3D, pode virar um novo negócio. Trata-se da produção de milhões de máscaras mais completas e até mesmo uma linha de aventais de uso hospitalar dentro de padrões exigidos pelas normas da ABNT.

E tudo isso usando as máquinas de costura hoje paradas no Polo de Confecções de Pernambuco, liderado pelos municípios de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe.

Os empresários do setor estão começando uma conversa no sentido de aproveitar a oportunidade que a epidemia da covid-19 traz para o negócio de confecções. Inicialmente para suprir a rede pública de Pernambuco e, depois, outros estados.

Nesse sentido, os empresários estão se propondo a usar sua expertise da produção de roupas nos três municípios para se tornarem fornecedores regulares desses itens para o governo, hospitais privados e instituições de apoio: clínicas, hospitais e demais estados que também enfrentam a falta desses equipamentos de proteção individual. O que eles já sabem é que tudo nesse negócio se conta em milhões.

A proposta é reorientar uma parte do parque de máquinas para um programa que vá muito além das doações feitas voluntariamente. A proposta é passar a atender as necessidades do governo, de forma que as máquinas de costura sejam usadas para produzir máscaras e uma linha completa de aventais e até jalecos de uso nos hospitais.

Primeiro porque o governo de Pernambuco pode ser o primeiro comprador e, segundo, porque existe um mercado regional e até nacional para ser atendido.

O presidente da Rota do Mar, maior empresa do setor de confecções de Santa Cruz do Capibaribe, Arnaldo Xavier, está participando das conversas e disse que a proposta interessa a vários empresários depois que ficou claro que a China não vai fornecer tudo que o Brasil vai precisar, como por exemplo as máscaras de pano.

Além disso, a experiencia internacional mostra que nos hospitais o uso de aventais descartáveis e reutilizáveis terão números gigantescos de atendimento daí porque o setor vê uma oportunidade de reorientar seu parque e ajudar a produzir esses suprimentos.

A prefeita de Caruaru, Raquel Lira, está nessa conversa. Ela vem conversando sobre o assunto com empresários do setor da sua cidade para que além da ação filantrópica inicial Caruaru tenha a produção de roupas de todos tipos reorientada para a nova demanda.

Ela se juntou a Universidade Federal de Pernambuco no Centro Acadêmico do Agreste (UFPE-CAA) e com Armazém da Criatividade para produção de escudos faciais (faces shields)

Raquel Lira também ajudou a realizar reunião online dos representantes da Feira da Sulanca e o presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (ABIT), Fernando Pimentel, empresários e entidades ligadas ao setor de confecções sobre como seria possível adequar o produto local às normas da ABNT (Normas Técnicas).

A prefeita também está conversando com o Sebrae para um projeto de capacitação de empresas para confecção de equipamentos de proteção individual (EPIs) e itens afins no segmento médico-hospitalar.

Até para que eles vejam as possibilidades de vender para setor público e exportação, passando pela qualificação envolvendo os processos produtivos necessários.

Arnaldo Xavier, entretanto, alertou aos seus colegas que produzir EPI para zonas quentes hospitalares numa situação de epidemia, é um desafio. Ele defende que as empresas entrem com sistema de produção devagar e obedecendo as exigências de segurança da OMS.

De certa forma, diz o empresário, a Covid19, pelas necessidades gigantescas, pode ser uma oportunidade para atender ao governo do Estado, ao Ministro da Saúde e o varejo em geral. Especialmente no ítem máscaras que tende a ser obrigatório par aquém sair às ruas.

Xavier acredita que se o setor se estruturar Pernambuco pode atender aos estados vizinhos. Naturalmente usando os devidos cuidados, evitando aglomerações dentro das fábricas e seguindo as recomendações.

Do ponto de produção as empresas do Agreste têm como se adaptar rápido. O Senai Têxtil que estruturou um caderno de normas, o NTCPE caderno técnico das máscaras aprovadas, disponíveis no site www.ntcpe.org.br.

O problema e fazer os empresários começarem a vender para o Estado. Para um setor que nunca teve qualquer relacionamento comercial com nenhum órgão do governo, a ideia de vender para a Secretaria de Saúde ainda tem resistências.

E embora o Comitê do Enfrentamento ao Coronavírus com a AD-Diper tenha garantido interesse numa garantia de suprimentos locais não serão todos os empresários que vão entrar.

O governo de Pernambuco diz que vai pagar tudo em curto prazo. Como fez com a indústria farmacêutica que produzirá álcool gel com o Carnabol importado da China diretamente pelo Estado e repassá-lo à rede pública para façam álcool gel.

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