O "Ernesto" nos convidou. Prum' samba, ele mora em Brasília...
Instalado no cargo, por indicação dos filhos do novo presidente, o Ernesto meteu-se a brigar com o mundo.
O que estaria pensando, se fosse vivo, o José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira e uma das figuras mais importantes da história do Brasil sobre esse rapaz chamado Ernesto Araújo?
Paranhos Júnior, costumava brincar com os amigos citando o nome completo, José Maria da Silva Paranhos Júnior para dizer: Pode me chamar de Juca. Mas fora disso era um sujeito fino, elegante, membro da Academia Brasileira de Letras e que tem no currículo, simplesmente, o fato de ter negociado aos menos três questões internacionais que nos legaram a nossa unidade nacional. As questões de Amapá com a França, de Palmas com a Argentina e sobre parte dos atuais estados de Paraná, Santa Catarina e do Acre com a Bolívia.
O chanceler deveria, num gabinete no Itamaraty, estar se perguntando: O que esse Ernesto pretende? Onde foi que os professores do instituto erraram na orientação desse rapaz? Quem, ao perceber a confusão mental que ele faz com alguns conceitos pacificados, não o chamou num canto da sala para dizer “Ernesto, volte a ler o que já leu e tente compreender o sentido que está ali.”
O Ernesto, como se sabe, teria poucas chances de liderar alguma embaixada de peso não fosse o advento da eleição de Jair Bolsonaro. Tanto que, depois de 20 anos na carrière, nunca havia sido chamado para nenhuma.
E aí vira o chanceler. Como assim? Perguntaria o Barão do Rio Branco. Esse jovem não está preparado, ele vai desorganizar tudo que nos fizemos em 200 anos de diplomacia. Mas não adiantaria mesmo.
Instalado no cargo, por indicação dos filhos do novo presidente, o Ernesto meteu-se a brigar com o mundo.
Foi complicado o Ernesto achar gente que pensava como ele. Na verdade hoje se sabe que pouca gente o respeita intelectualmente no serpentário, como é chamado maldosamente o Instituto Rio Branco. Mas o instinto de sobrevivência fez alguns se aproximarem dele. Afinal, qual diplomata recusa um convite do chanceler?
O problema é que o Ernesto, além de escrever mal, falar mal, articular mal as palavras e ter um raciocínio confuso, ele começou a complicar. Mudou gente, tirou gente, mudou secretarias, mexeu no currículo da escola de diplomatas até que bateu de frente com França, China e uma lista de países que nenhum diplomata de boa cabeça faria.
Mas ele tinha o apoio dos filhos do presidente e se achou.
Certo dia bateu de frente com embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, nome de absoluta confiança de Xi Jinping. Errou feito. Dois cliques na Internet e veria que Wanming faz parte do grupo de entorno do presidente da China.
O embaixador não veio para o Brasil de graça. A China considera o Brasil na lista de países prioritários em seus negócios na América do Sul. Quando Wanming fala, é Xi Jinping quem está falando. O problema é que Ernesto atirou na China em várias direções.
O Ernesto tinha a função constitucional de abrir porta. O diabo é que ele entendeu de fechar. Aí, quando chegou a covid-19, ele se superou.
O chanceler construiu uma série de problemas tão grande que até os bolsonaristas mais Bolsonaro acharam que era demais.
O Ernesto ficou sozinho. Ou melhor, virou unanimidade contra no Senado. Chanceler não briga com ninguém no Senado. Eles podem fazer um mal que nenhum ministro de Relações Exteriores pode consertar.
Mas o Ernesto partiu para a briga. Onde já se viu um chanceler confrontar o Senado? Aí ficou difícil. Virou o Pazuello do Itamaraty. Mas ele saiu achando que enquadrar os senadores vendo neles um enorme grupo de comunistas.
Entrou para a história internacional como o chanceler que, em dois anos, derrubou dois séculos de política externa do Brasil. E ele sai tendo absoluta certeza que foi o melhor ministro da Relações Exteriores dos últimos 40 anos.
O Barão do Rio Branco deve estar pensando intrigado: Como esse rapaz entrou no Itamaraty? Onde foi que a Comissão de Avaliação errou?
No fundo, a passagem do Ernesto Araújo lembra aquele personagem do samba do Adoniram Barbosa, o Arnesto: Mas no sentido de como irritou os Demônios da Garoa:
“Da outra vez, nós não vai mais” ...
...aprovar um sujeito como tu...