Uma das histórias mais curiosas sobre como o visitante de Pernambuco percebe a cultura do estado é afirmar que o Recife é tão rico culturalmente que, no seu nome, não se repete uma só letra.
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É verdade, mas como diz a sabedoria popular, a fartura é irmã gêmea do desperdício. E parece claro que exatamente pela riqueza cultural, o Recife é uma das cidades que mais abandona movimentos.
O descaso com as obras de Francisco Brennand, no Centro, é um bom exemplo. O Parque das Esculturas no Bairro do Recife, o painel Batalha dos Guararapes e o da antiga Arapuã, na esquina da Rua Nova, dão um bom exemplo.
Mas existem outros casos que mostram como o município não cuida de certos ícones da cidade. O caso dos quiosques da praia de Boa Viagem é desses casos em que a incapacidade da prefeitura atinge o estado da arte.
O prefeito Geraldo Julio passou oito anos discutindo como revitalizar os 60 quiosques sem que tenha chegado a um modelo. Ao sair, informou que uma PPP revitalizaria os pontos quando apenas 20 tinham sobrevivido à pandemia. Dez meses depois, o nível de destruição da maioria chegou ao ponto de serem reconstruídos do zero.
A própria Praça de Boa Viagem, só este ano teve a sua restauração anunciada, embora o serviço não seja de uma modernização do espaço. Continuará sendo uma praça com seis pontos comerciais que a PCR hesita em desapropriar para que a praça possa ser integralmente um espaço público.
O centro do Recife é outro exemplo de como a presença da Prefeitura como cuidadora dos espaços públicos não funciona. Da Rua do Imperador à Avenida Dantas Barreto, das calçadas às praças, o estado de abandono assusta o visitante. Faltam placas de sinalização, placas indicativas e de iluminação. Na verdade, existe um Recife virtual e outro real, que choca o visitante.
O fenômeno da degradação dos centros das cidades mais antigas é uma realidade que no Brasil se mostra, mais agressivo, mas no caso do Recife, questões básicas mostram a inação.
Boa Viagem é o showroom do Recife: precisa de cuidados permanentes de modo a impressionar pelo cuidado e zelo, até porque precisam conviver com os ambulantes.
Mas a sensação que passa é que, como nenhum dos seus últimos seis prefeitos mora na orla, uma das três praias urbanas do Brasil, o olhar não faz parte de sua convivência.
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