Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Para se reeleger, Bolsonaro aposta em seus radicais na internet, estrutura do Centrão e ameaça de comunismo com Lula

Primeiros movimentos do presidente, em 2022, indicam claramente que ele já faz sua conta para tentar a reeleição

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Fernando Castilho

Publicado em 15/01/2022 às 12:00 | Atualizado em 15/01/2022 às 13:06
O direito ao porte de armas será um tema central de Bolsonaro dizendo estar respeitando o direito legítimo de defesa pessoal do cidadão - Foto: Reprodução/Instagram

Os primeiros movimentos do presidente Jair Bolsonaro, em 2022, indicam claramente que ele já faz sua conta bem simples de como poderá se reeleger a um segundo mantado.

Vai juntar ao apoio incondicional que tem na sua base digital, à estrutura de votação proporcional que os deputados do Centrão prometem lhe dar e, finalmente, o amplificar o discurso de implantação do comunismo no Brasil se Lula vencer a eleição.

O presidente não está preocupado com Brasil que ele mesmo herdará na economia e muito menos com a crise de alimentos na área social. O presidente quer se reeleger e pronto.

Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga - DIVULGAÇÃO

Na verdade, Jair Bolsonaro nunca dedicou um dia de seu mandato para, efetivamente, discutir questões econômicas com nenhum de seus ministros. Inclusive Paulo Guedes.

A delegação a Paulo Guedes, efetivamente, incluiu carta branca para ele montar o plano de voo na economia enquanto ele cuidaria da sua pauta de costumes.

Guedes, como se sabe, fez o que queria na reestruturação administrativa do governo central juntando um time que quando se reuniu pela primeira vez não cabia na sala de reuniões do antigo ministério da Fazenda de tão grande que era.

O problema é que o próprio Paulo Guedes não era capacitado para um cargo com um poder tão grande.

A história dos três anos à frente da superpasta se encarregou de mostrar que Guedes não tinha ferramental intelectual para gerir o ministério que montou com tantas atribuições.

O presidente percebeu isso e agora, no final de 2021, fechou um consócio com o Centrão que inclui a entrega não só da economia como a própria estrutura do governo para ser usada na campanha da reeleição. Paulo Guedes virou um ministro zumbi.

O presidente, inclusive, já pagou a primeira fatura com o empenho de emendas de R$ 5,8 bilhões na última semana de 2021. E está acertado que pagará a segunda com verbas de 2022 empenhadas até março.

Bolsonaro acredita que o Centrão e o PL onde se aboletou lhe darão a estrutura que não tem nos estados a partir da eleição de candidatos a governador e de senadores e deputados.

Mas ele também não vai ficar esperando. O consórcio inclui um discurso radical nas redes sociais que o cidadão comum sequer é capaz de imaginar.

Isso inclui posições de confronto sobre vacinas, atuação das polícias nos estados, contra indígenas, ataques ao meio ambiente, apoio ao garimpo exploração das florestas na Amazonia e ataques ao STF, que aliás já começou e vai se acirrar.

REUNIÃO Além de defender a cloroquina, grupo fez críticas às vacinas enquanto Pfizer tentava negociar - DIVULGAÇÃO
 

Parece claro que o presidente faz uma conta de padaria: Se somar os votos do “seu exército digital radical” aos votos de estrutura do Centrão nos estados chegará próximo da votação de Lula já no primeiro turno.

E, é claro, vai cornetar a ameaça de que o Brasil vai virar uma Cuba e uma Venezuela gigante se o presidente for o candidato do PT. E com o novo argumento de que, diferentemente de 2018, o PT não vai ter um preposto de Lula como foi Fernando Haddad, mas o próprio Lula. O presidente acredita que se der certo ganha a eleição.

Mas como Jair Bolsonaro vai governar e economia num eventual segundo mandato?

Os movimentos de Bolsonaro indicam que ele acredita que o Centrão vai cuidar isso também. Aliás, o Centrão sonha em um dia poder indicar o ministro da Economia. Aliás já tem até um nome, O ex-secretário do Tesouro, Mansueto de Almeida que esta semana deu uma entrevista mostrando que a economia brasileira não está tão mal assim.

ALINHADOS Com passeio, presidente quis mostrar apoio ao ministro da Economia em meio a pressões - REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Para Bolsonaro, o modelo onde Ciro Nogueira gerencia tudo está funcionando muito bem e pode funcionar melhor em 2023. Porque com um novo Congresso comandando pelo Centrão isso lhe asseguraria a aprovação de suas pautas de costumes, de armas e apoio as policiais.

Por uma questão de justiça é importante lembrar que o presidente nunca esteve preocupado com temas de economia enquanto era deputado pelo Rio de Janeiro.

Qualquer eleitor que procurar na Internet terá dificuldade de encontrar uma só foto dele recebendo grupo de pessoas pedindo ajuda social na sua casa da Barra da Tijuca.

Alguém lembra do deputado Jair Bolsonaro fazendo doação de cestas básicas em favela do Rio de Janeiro?

Ele também nunca recebeu o pessoal da CUFA, por exemplo? O seu gabinete sempre foi exclusivo para lideranças militares, policiais e PMs. Isso explica sua enorme dificuldade em tratar dos temas sociais.

Por isso o presidente acredita que o Centrão vai lhe assegurar o suporte de votos no país enquanto ele se encarrega de radicalizar nas redes sociais os seus discursos. Naturalmente, agora com a ajuda de marqueteiros e lideranças afinadas com seu discurso.

Claro que existe o risco de após a eleição, ele repetir as crises de Collor e Dilma depois que, em 2023, a economia e a crise social degringolar e a oposição ocupar as ruas contra seu segundo Governo.

Mas isso é outra história.

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e Jair Bolsonaro - ISAC NÓBREGA / DIVULGAÇÃO

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