Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Sem presença de governador e prefeitos, visita de ministros a Pernambuco virou evento do ministério do Turismo

A viagem, com um sobrevoo de 45 minutos seguida de uma entrevista na Base Aérea do Recife ficou diferente não apenas pela presença do ministro do Turismo Carlos Brito

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Fernando Castilho

Publicado em 29/05/2022 às 18:40 | Atualizado em 30/05/2022 às 15:42
Coletiva com ministros do governo Bolsonaro - Emerson Pereira

A visita de uma comitiva de quatro ministros de Estado num domingo menos de 24 após uma tragedia que até agora tirou a vida de 56 pessoas e tem outras 56 desparecidas seria, de fato, uma forte demonstração de atenção do Governo Federal com Pernambuco não fosse por um detalhe: não foram convidados a estar presentes nas conversas o governador Paulo Câmara e os prefeitos das cidades vítimas da tragedia.

A viagem, com um sobrevoo de 45 minutos seguida de uma entrevista na Base Aérea do Recife ficou diferente não apenas pela presença do ministro do Turismo Carlos Brito ao lado dos colegas dos ministros do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Cidadania, Ronaldo Bento, para apresentarem as ações do Governo Federal. Mas pela presença na mesa do ex-ministro Gilson Machado, candidato ao senador nas próximas eleições.

Homens do Exército ajudam nas buscas - Gabriel Pereira

E mais diferente ainda quando, a menos de 12 quilômetros do local da entrevista, na sede do Governo de Pernambuco não estivesse acontecendo uma outra reunião desta vez com o governador Paulo Câmara como ninguém menos que o Comandante do Comando Militar do Nordeste General Richard Fernandez Nunes, representantes da Marinha do Brasil que desde a tarde de sábado se integraram às ações de auxílio a vítimas e desabrigados.

O governador, ao lado do general Nunes e todo o secretariado tratou durante a manhã das providencias que estavam sendo tonadas e da colaboração de militares e estruturas operacionais inclusive equipamentos náuticos que estão envolvendo ao menos 120 militares das duas forças.

A ocorrência de ruas reuniões numa mesma cidade vítima de uma catástrofe como a que o Recife e os municípios de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São José da Coroa Grande, Moreno, Nazaré da Mata, Macaparana, Cabo de Santo Agostinho e São Vicente Ferrer. sofreram revela a absurda politização por parte do governo federal no trato de uma questão tão seria e que envolveu a perda de mais de meia centena de vidas humanas.

Paulo Câmara e general do exército - Heudes Regis/Governo de Pernambuco

E o estreitamento de uma visão de governo onde tragedias são vistas como oportunidade de capitalização de dividendos políticos e até e eleitorais.

Talvez porque os quatro representantes do Governo Federal, diferentemente dos comandantes militares, não tivessem mesmo nada que oferecer como aliás ficou demonstrado que alguma ação mais efetiva relacionada a questão da moradia.

Uma providência que só possa ser percebida no caixa das prefeituras em 90 dias “Um procedimento relativamente simples, em até 90 dias, o governo pode liberar os recursos" como afirmou o ministro Daniel Ferreira.

A celeridade da visita, entretanto. foi acompanhada da imediata colocação de post nas redes sociais dos ministros como numa prestação de contas a pronta ação do governo federal aos problemas de prefeitos e do governador de Pernambuco.

O ex-ministro Gilson Machado que liderou a conversa dos ministros, por exemplo, fez questão de afirmar que o seu posicionamento ali, não era de um político, “mas de um pernambucano que sabe e entende bem a dor que as famílias afetadas estão passando”.

Ele também disse no post colocado nas redes sociais que “sabemos que para a prevenção até a contenção de tragédias são necessárias parcerias de equipes verdadeiramente comprometidas com a população; e é pra isso que a força tarefa do Governo Federal está aqui é ficará no estado até que tudo esteja encaminhado em segurança.”

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga disse que sua pasta vai enviar quatro kits desastre, dois para cada estado (AL e PE).

Cada kit pesa cerca de 250 quilos e tem capacidade para atender até 1.500 pessoas ao mês. Eles contêm 32 tipos de medicamentos e 16 tipos de insumos, incluindo antibióticos, anti-inflamatórios, ataduras, entre outros.

Por sua vez também nas redes o ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, disse que “Vencida a fase do socorro e da assistência humanitária, partiremos para a fase do restabelecimento de serviços essenciais, com a liberação de mais recursos ao longo da semana.

O ministro do Turismo,  Carlos Brito preferiu não fazer nenhuma declaração. Talvez porque a presença do ex-titular na mesa, Gilson Machado já fosse suficiente para justificar a presença de sua pasta na reunião pouco antes do meio-dia.

O mais inusitado é que se os ministros se deslocassem ao Palácio do Governo poderiam ser mais bem informados de que registros da Central de Operações e do Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), desde o início das chuvas fortes, na quarta-feira (25.04)

Até este domingo, foram confirmadas as mortes de 56 pessoas, e outras 56 continuam desaparecidas nos municípios de Recife e Olinda.

E que Exército e a Marinha estão colaborando no trabalho com 100 e 20 profissionais, respectivamente, e seis embarcações. Ou que as equipes também passaram a contar com o incremento de bombeiros enviados pela Paraíba e profissionais que vieram de Minas Gerais, todos especializados no atendimento a casos de deslizamentos.

A rapidez da visita dos ministros a tempo de poderiam almoçar com seus familiares em Brasília,  contrastou com a reunião de três horas do governador que pode receber mais detalhes de problemas na demais áreas da RMR e de problemas nas cidades de que só agora estão sendo revelados. E que mostram o tamanho da gravidade.

Poderiam além de “um kit de medicamentos” e da divulgação da relação de documentos necessários para se habitar a recurso “daqui a 90 dias” analisarem com maior profundidade a liberação ou ao oferecimento de verbas, mas consistentes.

Entretanto, o que ficou claro é que os senhores ministro viram a Pernambuco para apenas rende homenagem a um “pernambucano que sabe e entende bem a dor que as famílias afetadas estão passando” como e ex-colega de pasta Gilson Machado.   

Cortesia que o presidente Jair Bolsonaro também fará ao seu ex-auxiliar na visita que programou para a manhã desta segunda feira ao Recife e que até às 18 horas deste domingo não estava confirmado o convite ao governador Paulo Câmara nem aos prefeitos de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São José da Coroa Grande, Moreno, Nazaré da Mata, Macaparana, Cabo de Santo Agostinho e São Vicente Ferrer.  

 

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