PETROBRAS: Brasil vai parar? Entenda decisão desta sexta-feira, 3, que pode mudar rumos do País

A questão é se o Governo - como vem fazendo até agora - não vai interferir nessa operação. Ou se o novo ministro fará objeções à pressão por reajuste nos preços de gasolina
Fernando Castilho
Publicado em 02/06/2022 às 17:15
Gasolina e Diesel na mira Foto: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL


Numa reunião na manhã desta sexta-feira (3), na sede do Ministério das Minas e Energia, da qual o novo titular da pasta, Adolfo Sachsida, participa pela primeira vez, a Petrobras e as importadoras de combustíveis devem informar ao Governo o que vão entregar ao mercado nos próximos 120 dias.

A reunião de programação do quadrimestre é um evento normal no MME, mas o estresse dos preços internacionais deve dominar a conversa uma vez que a Petrobras deve confirmar a informação já enviada num relatório ao próprio Governo de que só tem condições de atender a 65% das necessidades do mercado, mesmo estando operando com capacidade máxima em todas as suas refinarias o que configura a necessidade de importação.

Pelo quadro internacional dos preços de combustíveis no mercado, a estatal deve informar que não pretende importar combustível. Isso significa que o setor privado terá a função de importar os 35% restantes, desde que seja assegurado o preço de paridade internacional.

A questão é se o Governo - como vem fazendo até agora - não vai interferir nessa operação. Ou se o novo ministro fará objeções à pressão por reajuste nos preços de gasolina (com 83 dia sem reajuste) ou no óleo diesel (24 dias) na bomba.

Segundo um relatório produzido pela Petrobras e enviado ao governo no último dia 13 de maio, assinado pelo presidente demissionário José Mauro Ferreira Coelho, a escassez de combustíveis em todo o mundo está pressionando não apenas os derivados, mas o próprio preço do petróleo em nível global.

Para a reunião foram convidados não só a Petrobras, as três grandes distribuidoras (que também são a maiores importadoras), a Abicom - que representa as importadoras regionais - e a Fecombustíveis, que representa os postos.

Foto: Heudes Regis/Acervo JC Imagem - A refinaria Abreu e Lima custou US$ 18,5 bilhões

A reunião da Mesa Abastecimento do MME é onde são definidos todos cenários de distribuição no diversos polos de abastecimento do Brasil (entre Suape) quando a Petrobras e as distribuidoras informam as suas programações.

Mas a questão dos preços internacionais deve dominar os debates porque, com a pressão de outros importadores na Ásia e América do Sul, o Brasil está agora recebendo gasolina e parte do óleo diesel da Índia.

No balanço trimestral de março, a Petrobras informou que atualmente da sua produção de 2,211 milhões de barris/dia que ela produz no Brasil, 1,740 milhões de barris/dia estão sendo consumidas no mercado interno.

A empresa processa 1,852 milhões de barris/dia e exporta apenas óleo combustível e bunker que é o combustível usado por navios. As exportações da estatal são de 575 milhões de barris de petróleo/dia.

No documento que José Mauro Ferreira Coelho entregou a Adolfo Sachsida, a Petrobras informa que a Rússia, que é um dos três maiores produtores de petróleo do mundo, com 11 milhões de barris/dia, dos quis 6 milhões de barris/dia majoritariamente para a Europa, deslocou a produção devido as restrições da guerra da Ucrânia.

Isso obrigou a que o mercado global fosse procurar outros fornecedores de modo que Estados Unidos, Índia e alguns países da Ásia passaram a fornecer essa perda.

Entretanto, como o mercado americano (por força do verão) estará aumentando seu consumo já a partir deste mês, os preços já subiram em 32% em 30 dias (abril 2022).

O presidente da Petrobras aproveitou a oportunidade para informar que a estatal já sofreu perdas com ações como duas em que fez acordo de US$ 20 bilhões, pedidos de arbitragem de 1.400 acionistas minoritários e hoje responde a outras 31 ações propostas pelo setor sucroalcooleiro (risco anti-concorrencial de produtores de etanol).

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Finalmente, o presidente da Petrobras relacionou quatro ações que governos ao redor do mundo têm tomando em função da explosão dos preços.

Medidas de redução tributária e subsídios, previsões contratuais, aumento de oferta (liberação de reservas estratégias) e redução de demanda de consumo.

 

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