Região economicamente mais forte de Portugal, depois de Lisboa, o Porto, distrito que ancora cidades como Póvoa de Varzim, Santo Tirso, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia, tão conhecidas dos pernambucanos, é o estado da arte de todo gestor público pelo modelo de administração que implantou nos últimos 30 anos com ajuda da Comunidade Europeia.
A diferença é que eles usaram bem o dinheiro e construíram uma sofisticada infraestrutura viária e de serviços.
Sistema de transporte modernos com veículos elétricos e a gás natural - FERNANDO CASTILHO
O prefeito do Porto, Rui Pereira, está há nove anos no cargo e se orgulha de ter implantado um sistema de coleta de lixo que é modelo em Portugal, cujo destino de 60% é a reciclagem com os 40% restantes destinados à geração térmica - que ajudaram a pagar as despesas de iluminação pública e todas as necessidades dos órgãos públicos.
No começo do ano, a cidade passou a ter um sistema de transporte por ônibus verde com toda frota (nova) movida a energia e a gás natural. A consequência foi uma economia forte com grande participação do turismo, novos hotéis e retrofit de outros além de um fortíssima indústria de construção imobiliária que já conta com a presença de empresários pernambucanos no desenvolvimento de novos produtos.
Especialmente para locação de curta temporada. E o respeito absoluto das regras construtivas que permitiam a convivência do antigo (restaurado) com o novo feito sob controle urbano integrativo.
A restauração de bens urbanos em conjunto com patrimônio histórico - FERNANDO CASTILHO
Construir no Porto, como em Portugal, não é fácil nem custa barato. O país convive com uma enorme dificuldade de mão de obra em todos os níveis, que está fazendo hospitais fecharem maternidades nos fins de semana por falta de obstetras nos plantões.
Mas parece claro que o conceito de integração de restauração de imóveis sob normas construtivas da União Europeia é colaborativo, com as proposta de novos edifícios com conceito de arquitetura moderna, não raro de prédios de 200 ou 300 anos.
Talvez esse pacote de civilidade é o que esteja fazendo brasileiros se mudarem para cidades como o Porto, que comparado à Espanha e Itália é bem mais barato. Mas existe coisas simples que os gestores municipais e estaduais de Pernambuco podem aprender.
O primeiro deles é ter um projeto de longo prazo. Há 30 anos o Porto era uma cidade degradada e violenta. Sua administração decidiu que precisa estar modernizada em 2020 e iniciou um programa de gestão pública ancorada nos padrões da UE.
Claro que sofreu com a crise que fez o país cortar salários e reduzir pensões. Mas Portugal pagou a conta da modernização, embora os socialistas estejam restaurando parte dos benefícios. Porque o governo está arrecadando mais com a nova economia.
O Porto tem uma das melhores universidades e seu departamento de engenharia está presente nesse processo. E também é uma referência no design a partir de empresas como Corticeira Amorim (derivados da cortiça) e Vista Alegre, na de porcelana.
O empresário Zeferino Filho, da pernambucana Vale do Ave, acompanhou essa transformação ao lado do pai, criador do Instituto Pernambuco Porto (IPPB) e resume o conceito. Definição de objetivos e perseguição de metas com respeito às normas.
Construções historicas convivem com predios modernos. - FERNANDO CASTILHO
Ele admite que patrícios que foram para Pernambuco estão voltando para além da compra de quintas para produzir vinhos como hobby. Estão se habilitando para a construção civil, especialmente, habitações de curta duração. Ele já sabe que não está sozinho.
Mas certamente o benchmarking a ser perseguido seja o da gestão pública. Nos ultimos anos, as cidades de Portugal investem em infraestrutura urbana onde avenidas de padrão UE passam ao lado de casarões antigos em restauração.
Talvez Portugal seja um modelo a ser perseguido pelo setor público de Pernambuco. Talvez porque definiu padrões. Desde que os gestores não se emocionem apenas com o resultado de hoje e procurem saber o caminho para se chegar ao estado da arte atual.
A restauração de bens urbanos em conjunto com patrimônio histórico virou uma marca da cidade do Porto - FERNANDO CASTILHO