Com usina fotovoltaica própria, Imip quer gerar toda energia elétrica que usa no complexo de saúde no Recife

O Imip é um um complexo hospitalar de mais de 1.000 leitos e que faz mais de 6 mil partos e quase 18 mil cirurgias por ano. Em média, o Imip também faz 460 transplantes por ano
Fernando Castilho
Publicado em 19/08/2022 às 17:00
Imip iniciou campanha para se tornar autossuficiente na geração de energia a partir de sua própria usina solar fotovoltaica Foto: Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem


Referência nacional no atendimento materno infantil à população carente com média de 600 mil atendimentos/ano, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) é conhecido por ser uma entidade filantrópica que oferece assistência médico social, principalmente à população carente de Pernambuco, embora sua atuação se expanda para pacientes do Norte e Nordeste.

Ele opera um complexo hospitalar de mais de 1.000 leitos e que faz mais de 6 mil partos e quase 18 mil cirurgias por ano. Em média, o Imip também faz 460 transplantes por ano num colossal atendimento que inclui emergência, consultas ambulatoriais (entre eles mais de 173 mil exames de imagem) e 2,3 milhões de procedimentos de apoio diagnóstico e terapêutico. Na verdade, pelo volume de serviços que opera, tudo no Imip é gigantesco.

O seu consumo de energia, por exemplo, é de 10 milhões de KWh/ano, o equivalente ao consumo de 3.000 residências de classe média. É uma conta média de R$ 700 mil por mês ou mais de R$ 8 milhões/ano contratados à Neoenergia Pernambuco, sendo um dos grandes clientes da distribuidora no Estado.

Com tantos números grandes, o Imip iniciou uma campanha para um de seus mais ousados projetos: se tornar autossuficiente na geração de energia a partir de sua própria usina solar fotovoltaica capaz de produzir toda a energia equivalente que consome numa planta dedicada.

Essa planta será localizada no município de Vertentes, no Agreste de Pernambuco num empreendimento de foi estimado em R$ 25 milhões dos quais a instituição já captou R$ 7 milhões com doações do Bradesco e da própria Neoenergia que ajudou na indicação de consultorias para a formatação do projeto de geração além de contribuir com R$ 4,4 milhões.

Segundo a presidente do Imip, Silvia Rissim, a instituição já reservou no seu orçamento uma participação inicial de R$ 6,5 milhões para o projeto o que demonstra sua confiança no empreendimento. O Imip adquiriu a área no município de Vertentes com acesso à rede de transmissão da Chesf/Neoenergia de modo que ao operar estará conectada àrede de distribuição.

Segundo Rissim, a proposta de ter sua própria usina de geração e construir uma usina solar no agreste de Pernambuco, que irá transformar a luz do sol em energia limpa, renovável e inesgotável só se justifica pelo tamanho das necessidades do IMIP.

“Nós usamos 25 mil KWh por mês no horário de pico e hoje apenas com a geração complementa a diesel produzimos 65 mil KWh. São mais de um milhão de quilowatts hora. É como se o IMIP usasse a energia elétrica de 3.500 residência de classe média. Então, precisamos de uma solução diferenciada”, justifica.

Na prática, segundo a presidente da instituição o IMIP quer ter uma redução de R$ 432 mil ou 60% do custo atual do seu complexo médico hospitalar. O projeto foi desenhado para ter uma capacidade instalada entre 4.500 e 5.500 KW/DC com a instalação de 10 mi painéis numa área equivalente a 10 hectares.

A proposta é que essa usina seja capaz de gerar 11milhões de KWH/ano, equivalente a 100% do consumo total do Imip.

“Nós estimamos que a usina deve custar o equivalente a R$ 25 milhões. Nós podemos aportar R$ 12 milhões do empreendimento e por isso a nossa campanha é conseguir os R$ 13 milhões restantes através de doações e de parcerias.

Para a concepção de sua usina solar, o Imip recebeu ajuda as empresas IRD e Recenergia, duas empresas pernambucanas que desenvolveram o projeto e estão dispostas a fazer a construção. Os painéis fotovoltaicos bifaciais verão da Telesun(China) com sistema que movimenta os painéis acompanhando o movimento do Solda STI da Noruega e a subestação será da Blutrafos de Santa Cantarina.

“O projeto já envolve muitos parceiros e têm sido confortador em saber que tem tanta gente disposta a colocar energia e trabalho nele reconhece a presidente do Imip que ao lada presidente da Fundação Alice Figueira Elizabete Veiga e da Superintende Geral do Imip, Tereza Campos.

Fernando Castilho - A presidente do IMIP, Silvia Rissim ao lado da presidente da Fundação Alice Figueira (D) Elizabete Veiga e da Superintende Geral do IMIP, Tereza Campos (E).

Segundo Silvia Rissim, os números do Imip é que justificam uma abordagem tão radical da questão do consumo de energia de uma instituição totalmente SUS.

Segundo a presidente da Fundação Alice Figueira, que é a instituição mantenedora do Imip, Elizabete Viega, o instituto é uma das quatro maiores instituições 100% SUS do Brasil, operando 1.147 leitos dos quais 148 só de UTI onde trabalham 4.570 pessoas.

Pouca gente sabe que pelos corredores dos vários prédios no bairro dos Coelhos, diz Veiga, passam 21 mil pessoas todos os dias e normalmente ele atende ao menos 30 mil pessoas de outros estados que buscam a referência de atendimento em 40 especialidades médica e mais 10 não médicas na instituição.

Pelas contas da superintendente geral do Imip, Tereza Campos, o funcionamento da usina deve significar uma economia de R$ 600 mil/mês para o instituto, o que na ponta de atendimento quer dizer que equivale manter 10 leitos de UTI por 24 dias (cada leito custa em torno de R$ 2.500/dia) ou adquirir o suprimento de antibióticos de todo o IMIP por quase dois meses. Daria para custear os medicamentos usados no setor de Oncologia Pediátrica por cerca de meses.

Para conseguir captar os recursos necessários o Imip organizou um sistema de contribuições que prevê a entrega de Troféu Bronze para contribuições a partir de R$ 10 mil; Troféu Prata, a partir de R$ 50 mil; Troféu Ouro a partir de R$ 100 mil e Troféu Diamante a partir de R$ 500 mil de modo a permitir que mais pessoas e empresas possam se juntar ao empreendimento.

Giovanni Sandes/ Especial para o JC Imagem - O caso das usinas solares em atraso foi analisado pela diretoria da Aneel na última terça-feira

 

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