Uma taxa de desocupação de 9,1%, no trimestre móvel de maio a julho de 2022, quando há um ano era de 13,7%, é uma queda extraordinária. Ainda mais quando era de 14,8% no trimestre fevereiro/abril de 2021.
Dito de outra forma: eram 15,1 milhões de pessoas desocupadas naquele semestre de 2021, e passou para 9,8 milhões nesta última medição. O que quer dizer que no Brasil o contingente de pessoas ocupadas chegou a 98,7 milhões .
Em qualquer lugar do mundo uma queda de 35,1%, ou 5,3 milhões de pessoas inseridas no mercado de trabalho, é motivo para festa em qualquer lugar do mundo.
O problema é que esse número não está isolado e o quadro em que ele se insere é tão assustador quanto a euforia que se pode ter com a informação inicial. A mesma pesquisa informa que a taxa de subutilização chegou a 20,9%, ou 24,3 milhões de pessoas. É gente demais vivendo com renda de menos.
Quando você soma a esse contingente a população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas, que hoje é de 6,5 milhões, com a população desalentada de 4,2 milhões de pessoas e a população de empregados sem carteira assinada no setor privado, atualmente em 13,1 milhões de pessoas, - que aliás é o maior da série histórica iniciada em 2012 - chega-se a um número preocupante.
O IBGE diz que no Brasil, atualmente, 64,7 milhões de pessoas estão fora da força de trabalho, o pessoal com carteira assinada que se classifica como emprego formal. Pode-se dizer que diante do quadro, há 15 meses a contratação líquida formal está crescendo de forma consistente, mas não num estágio forte que possa ser comemorado sem essas advertências.
No ponto de vista da comunicação governamental, a informação da contratação de 5,3 milhões de pessoas pode ser um marco importante. Mas quando se revela o entorno disso a queda perde relevância.
Outra coisa que a pesquisa confirma é que o rendimento médio mensal domiciliar por pessoa caiu 6,9% em 2021 e passou de R$ 1.454 em 2020 para R$ 1.353. Este é o menor valor da série histórica, iniciada em 2012, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
A pesquisa também mostra a desigualdade de renda no País em 2021. Após relativa estabilidade em 2019 (0,544) e queda em 2020 (0,524), o índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar por pessoa aumentou em 2021, voltando ao patamar de dois anos antes (0,544).
Quanto maior o Gini, maior a desigualdade.