O ex-presidente do Santander e ex-CEO da Americanas S.A., Sergio Rial, preferiu usar a rede de informações sobre carreira e negócios Linkedin para explicar sua curta estada à frente da companhia, e como decidiu renunciar ao cargo apenas 10 dias após ter assumido no último dia 2, detonando uma das maiores crises que uma companhia brasileira já enfrentou.
Após sua renúncia junto com o diretor financeiro, André Covre, a empresa entrou com um pedido de Recuperação Judicial, provocando uma violenta reação dos bancos, especialmente o BTG Pactual, liderado pelo banqueiro André Esteves, que acusou os três maiores acionistas de articularem uma ação onde “o fraudador [pede] às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude”.
A plataforma Linkedin é o mais importante canal de comunicação de carreiras, e sempre é usado para mostrar ascensão e disponibilidade no mercado. É também uns dos canais em que executivos comediram suas conquistas e a primeira base de consulta para a recolocação das empresas.
Num longo texto, Rial diz que vem fazendo várias reflexões sobre “a minha rápida passagem pela liderança das Americanas, algumas das quais compartilho com vocês”.
Ele diz que foi a liderança das Americanas, que projetava diversos desafios inerentes a uma empresa de varejo, chegando aos seus 100 anos, que o levou a aceitar o convite para comandá-la.
“Na pauta de objetivos estava um projeto de crescimento onde consumidora, tecnologia, marketing, entre outras competências se entrelaçava. Foi esse o meu propósito, a minha motivação ao aceitar a posição que os acionistas me confiaram: agregar minha experiência profissional e reoxigenar o legado em prol do desenvolvimento da companhia”.
O QUE ACONTECEU COM AS AMERICANAS?
Segundo Sergio Rial, nos breves nove dias como presidente das Americanas, os desafios e os ensinamentos, contudo, foram outros, mas extremamente importantes.
“Coube-me, como executivo-líder, primeiro entrevistar executivos remanescentes, questionar e entender quaisquer preocupações e novas perspectivas”.
"Foi nessas conversas, que informações e dúvidas foram compartilhadas, e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, André Covre, que chegou ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade!”
Rial adverte que “Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia”.
O executivo disse que com a conclusão do diagnóstico inicial, surgiu a necessidade premente de correção de rota.
"E essa correção partiu da transparência e do apoio incondicional que recebi do Conselho de Administração e dos acionistas de referência". (Esse termo é usado para se referir a Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que juntos têm 31% das ações da companhia).
Nesse trecho, ele acrescenta uma segunda reflexão: “ser líder não é ser corajoso, mas ser responsável e ético; não é ser herói ou heroína, mas ter a resiliência para defender a verdade e fazer o que é certo”.
Segundo o executivo, sua saída da Americanas S.A. decorreu do “entendimento da necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida totalmente distinto do que eu esperava encontrar".
"É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance. Essa é a minha terceira reflexão. Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitações, experiência, seriedade e transparência, seguindo sempre as premissas que nortearam toda minha trajetória profissional e pessoal”.
E finaliza o texto afirmando ter, com o gesto, tirado “lições profundas de governança, autenticidade e coerência que esses nove dias escreveram na minha história".