Uma semana após o seu CEO, Sergio Rial, pedir demissão por encontrar inconsistências no seu balanço, a tradicional Lojas Americanas (atual Americanas S.A.) entrou com um pedido de Recuperação Judicial confessando uma dívida de aproximadamente R$ 43 bilhões, pouco menos que o seu ativo total declarado em setembro de 2022.
Pela manhã, através de um comunicado à CVM, a empresa afirmou que “embora ainda não tenha sido decidido”, a administração está trabalhando com a possibilidade de, nos próximos dias ou potencialmente nas próximas horas, aprovar o ajuizamento, em caráter de urgência, de pedido de recuperação judicial, nos termos da Lei nº 11.101/05 e do art. 122, parágrafo único, da Lei nº 6.404/76.
Menos de quatro horas depois, a empresa entrou com o pedido no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em caráter de urgência.
O pedido foi feito numa situação dramática. Há uma semana, no dia 12 de janeiro, a Americanas tinha ações cotadas na máxima de R$ 12,08. Na manhã desta quinta-feira (19), o papel estava sendo cotado a R$ 1,31.
Para se ter uma ideia do que isso representa, basta dizer que no dia 11 de janeiro, a ação era negociada a R$ 12,00; significava que a companhia tinha valor de mercado de R$ 10,82 bilhões. Ontem, no fechamento, com a ação cotada a R$ 1,74, ela tinha valor de mercado de apenas R$ 1,56 bilhões.
Se a cotação for mantida, a empresa fechará o pregão valendo menos de R$ 1 bilhão.
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A Americanas S.A. é uma varejista centenária, que presta um serviço amplo à população e tem um compromisso social forte de levar produtos acessíveis aos seus 53 milhões de clientes, mas desde a semana passada, entrou numa crise que em primeiro lugar derrubou a cotação de suas ações.
A seguir, o mercado foi informado de que ela tinha dívidas de aproximadamente R$ 20 bilhões, que se revelaram, no pedido de Recuperação Judicial, em R$ 43 bilhões. Para ser ter uma ideia do que essa dívida representa, basta dizer que no balanço de 2021, a empresa informou um total de ativos de 44,51 bilhões.
No pedido de RJ, a empresa afirma estar determinada a apurar “eventuais irregularidades”, e cita a instalação do Comitê Independente, liderado pelo jurista e ex-diretor da CVM, Otávio Yazbek, e a contratação da Rochschild. Ainda mencionou a nomeação da executiva Camille Loyo Faria para o cargo de nova diretora financeira (CFO).
Tecnicamente, a partir de agora, a Americanas S.A. tem até 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento desta recuperação judicial para definir os meios de recuperação a serem adotados, sua viabilidade econômico-financeira e o laudo de avaliação de todos os bens do grupo.