Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Projeto Social da Tintas Coral dá cores ao Galo Ancestral em 2023

ffram utilizados quase 670 litros de tinta para colorir o Galo Ancestral, em uma parceria com o Movimento Coral Tudo de Cor, projeto social que revitaliza e leva cor a espaços públicos, comunidades e intervenções artísticas em todo o Brasil

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Fernando Castilho

Publicado em 16/02/2023 às 16:00 | Atualizado em 16/02/2023 às 16:12
Camarotes para desfile do Galo da Madrugada precisam estar regulares. - Tião Siqueira / JC Imagens

Quando se olha a presença de um galo majestoso montado na ponte Duarte Coelho, que "flerta com o futuro", ao mesmo tempo em que reverencia suas origens carnavalescas e traz a representatividade da etnia brasileira e, sobretudo, da população negra, do nascimento dos brinquedos populares e do frevo talvez nem perceba que diferentemente dos outros anos ele faz parte de um projeto social que vai além do Carnaval.

O artista plástico e designe Leopoldo Nóbrega, que assina a escultura, ressalta o empoderamento social presente na obra de arte quando diz que tratar-se de “reconhecimento à História e toda riqueza do legado afrodescendente para a formação multiétnica nacional, evocamos a nossa ancestralidade africana e brindamos um novo tempo colorido, de paz, igualdade, inclusão e valorização das diferenças presentes na escultura gigante do Galo da Madrugada”.

É verdade. Isso nos remete à necessária reverência feita à cultura popular, ao surgimento de tudo, a quem está na base de um Carnaval singular, construído pela alegria e pela resistência das nossas manifestações originais, que norteiam e inspiram a Cidade da Música e da Cultura Patrimônio, o Recife, a ser o que ele é.

Mas o que pouca gente sabe é que foram utilizados quase 670 litros de tinta para colorir o Galo Ancestral, em uma parceria com o Movimento Coral Tudo de Cor, projeto social que revitaliza e leva cor a espaços públicos, comunidades e intervenções artísticas em todo o Brasil.

A parceria com esse espaço artístico inclui também, após o Carnaval, oficinas de expansão criativa e capacitação técnica de aplicação de produtos e pintura com participantes do programa de qualificação continuada voluntária e solidária da Arte Plenna.

São cerca de 20h de trabalho na Ponte Duarte Coelho, que deve ser iniciado na noite do dia 16 de fevereiro. Quando pronto e montado, a alegoria chegará a 28 metros de altura. A obra de arte também traz traços cubistas e angulosos inspirados em Picasso que, por sua vez, também se inspirou na arte africana no início do século passado, e terá 90% de materiais e resíduos recicláveis.

Ao todo, serão mais de sete toneladas de insumos utilizados, incluindo - além da estrutura de ferro - todos os revestimentos que sintonizam as tendências de moda e arte da obra. Toda a estrutura da alegoria é feita sob medida para ser encaixada no guindaste de 70 toneladas que garante a estabilidade do Galo na ponte.

“Estamos felizes em poder contribuir com a confecção desse verdadeiro símbolo da cultura brasileira e recifense, o que ganha ainda maior relevância após dois anos de ausência das festividades. É mais uma forma de levarmos nossa missão e valores ao grande público, compartilharmos cor, autoestima e energia”, comenta Elaine Poço, diretora de Pesquisa & Desenvolvimento e Sustentabilidade da AkzoNobel para a América do Sul.

Assim como o projeto que nasce após o defile do Galo da Madrugada em mais de 10 anos de história, entregou cerca de 2 mil projetos, com 17 mil imóveis renovados; 5,5 mil pintores formados e 1,1 milhão de litros de tinta consumidos.

Considerado o maior bloco de rua do mundo, o Galo da Madrugada voltará a arrastar multidões no Carnaval do Recife - JOSÉ MARTINS/JC

Assim como suas duas últimas edições, também assinadas por Leopoldo Nóbrega e a designer e arquiteta Germana Xavier, a sustentabilidade e upcycling são fundamentais no processo de confecção da obra de arte gigante.

Na roupa, Leopoldo também mascarou alguns símbolos sagrados da folia. A exuberância de cores e texturas esconderá verdadeiros talismãs, simbologias que fazem referência ao Frevo e Maracatus, como coroas, escudos e sombrinhas de frevo, que farão as vezes de proteção.

A cabeça do Galo Ancestral será um espetáculo à parte. Pinturas africanas em cor branca irão adornar o rosto do Gigante, cuja crista passa a adotar dreadlocks, embelezados com fitas de múltiplas cores. Sua majestade, o Galo Ancestral, promete reinar na Ponte Duarte Coelho a partir da sexta-feira que antecede o Sábado de Zé Pereira, dia 17 de fevereiro.

 

Artistas pintando a estrutura do Galo. - Divulgação

A indumentária do Galo vem de descartes de tecidos como malhas e jeans coletados em cidades como Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe e também de revestimentos de pisos em eventos. “A gente vem com um galo pós-moderno, inclusivo e que dialoga com a redução de impactos ambientais”, ressalta Nóbrega, que manteve a co-criação da escultura gigante em parceria com mulheres artesãs de comunidades periféricas, como Bomba do Hemetério, Morro da Conceição, Santo Amaro e Ponto de Parada.

É pelas mãos delas que a indumentária do Gigante da Ponte ganha vida. A formação das artesãs é fruto de metodologias próprias para Eco Arte Educação, idealizada pela professora e Artista Plástica Maria do Carmo da Silveira Xavier, e vem acontecendo em oficinas permanentes através dos Núcleos Produtivos voluntários e solidários Arte Plenna, a exemplo do projeto Sonhar e Bordar, em parceria com a Artesã e Ativista Ester Bispo.

Essa foi a fonte conceitual, traduzida claramente nas homenagens a Zenaide Bezerra e Dona Marivalda, mulheres negras que dedicaram a vida a um ofício apaixonado, no qual estão desde sempre. O frevo e o maracatu são, para elas, muito mais do que expressões culturais ou festa, são afirmações de luta, história, resistência e identidade, com a marca da paixão pela arte, a dança, a música, além de reconhecimento à ancestralidade. Assim nos encontramos com o Galo Ancestral”, pontua Mello.

Pela primeira vez, o Galo reverencia pretos e pardos, pilares da cultura carnavalesca e do surgimento dos brinquedos populares tão caros à população, como o próprio frevo. É pelas mentes e mãos da classe trabalhadora que surgiram todas as manifestações que permeiam o ciclo momesco.

Maracatus são ligados às casas de santo, Caboclinhos idem, com suas reverências e referências afro-ameríndias, assim como os Ursos. Sejam Escolas de Samba, ou Afoxés, as ligações com a cultura de matriz religiosa africana e indígena correm e pulsam nas veias dos brincantes e suas manifestações únicas no Recife. Pois é justamente as manifestações populares que fazem da festa no Recife um Carnaval único, inclusivo, plural e popular.

Paretes do Galo sendo pintas no atleier de Nobrega - DIVULGAÇÃO

Estas são algumas das inspirações que o artista plástico, designer e consultor pernambucano Leopoldo Nóbrega bebeu para criar o "Galo Ancestral", alegoria que irá reinar absoluta na Ponte Duarte Coelho durante o Carnaval 2023.

Para o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, o encontro com o Galo Ancestral reverencia a cultura popular basilar inerente ao ciclo momesco recifense. “Quando falamos em uma volta ‘com todos os Carnavais’, estamos atentos à diversidade, à pluralidade única desse ciclo cultural, no Recife, mas também às referências temporais, das várias épocas, encontrando assim as origens da folia.

Isso nos remete à necessária reverência feita à cultura popular, ao surgimento de tudo, a quem está na base de um Carnaval singular, construído pela alegria e pela resistência das nossas manifestações originais, que norteiam e inspiram a Cidade da Música e da Cultura Patrimônio, o Recife, a ser o que ele é.

A multinacional sobre a AkzoNobel fornece tintas e revestimentos sustentáveis e inovadores nos quais nossos clientes, comunidades – incluindo o meio ambiente – demandam cada vez mais. O portfólio de marcas de classe mundial - como Coral, International, Sikkens e Interpon - tem a confiança de clientes em todo o mundo. Atuamos em mais de 150 países e buscamos nos tornar líderes globais da indústria.

Com informações de Fabiane Giusti e Camila Teich, da Tintas Caral da AkzoNobel.

 

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