Na sua página na internet, o Nubank anunciou nesta quarta-feira (9) a continuidade à sua participação no Desenrola Brasil, e informou as condições para renegociação de dívidas de clientes elegíveis à Faixa 2 do programa.
Foi uma decisão importante. Especialmente para mais de 1 milhão de clientes da instituição que tiveram seus nomes inscritos nas plataformas de controle de crédito (Serasa, SPC Brasil e Quod, uma gestora de bases de dados com foco no Cadastro Positivo, controlada por cinco mega bancos no Brasil (Banco do Brasil, Bradesco, Santander, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco) pouco conhecida dos consumidores.
O Nubank foi a instituição que mais inscreveu nomes nesses sistemas. Para se ter uma ideia, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), alcançou R$ 5,4 bilhões em volume financeiro, exclusivamente pela Faixa 2, na terceira semana de vigência do Programa Desenrola Brasil. E que a repactuação de dívidas alcançou R$ 5,4 bilhões em volume financeiro, exclusivamente pela Faixa 2.
O Nubank está oferecendo pagamento à vista com descontos especiais de até 98%, parcelamento em até 36 vezes, entrada e datas de vencimento flexíveis e desnegativação do nome em até cinco dias úteis após o pagamento da entrada.
O banco também informou que retirou na lista as pessoas com dívidas de até R$100 se ela não tiver outros registros de dívidas acima de R$ 100 em seu nome no Nubank ou em outra instituição.
O Nubank chegou a 77,66 milhões de clientes no País, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC), e se tornou o quarto maior banco digital do país em número de clientes, superando o Banco do Brasil e ainda atrás de Caixa, Bradesco e Itaú.
Como se sabe, o Nubank é conhecido no mercado com o banco digital sem tarifas escondidas, anunciar que faz tudo transparente e que remunera o dinheiro com rendimento maior que a poupança, a 100% do CDI e disponível para qualquer momento.
Mas o que chama atenção é seu cartão de Crédito Nubank sem custo de anuidade, cujas únicas restrições são: ter no mínimo 18 anos, ser residente do Brasil, estar com o CPF regular perante a Receita Federal e ter um smartphone compatível com os aplicativos.
O que pouca gente sabia é que até que a própria instituição informa que sua presença no Desenrola Brasil poderia impactar 1 milhão correntistas, que tanta gente tinha problemas especialmente provocados pela má gestão da sua conta no cartão de crédito.
O que acontece com o Nubank é apenas o reflexo do que acontece no mercado de crédito, especialmente com a oferta de cartão de crédito.
Um estudo do Banco Central divulgado em junho revelou que instituições financeiras que operam predominantemente com modelo digital, ou integrantes de um conglomerado não bancário que emule os serviços de bancos, sociedades de crédito e instituições de pagamento foi o grupo que apresentou o maior crescimento seja no saldo devedor de seus clientes (292,3%) conta 55,4% nos bancos. Saiu de 2,0 milhões de cartões em junho de 2019 para 36,5 milhões em junho passado.
Isso acabou explodindo a negativação. No Desenrola Brasil, apenas as instituições financeiras retiraram as anotações negativas (desnegativaram) de cerca de 4,8 milhões de registros de clientes que tinham dívidas bancárias de até R$ 100. Até agora, 3,5 milhões de registros foram baixados.
Isso talvez explique por que no Serasa, do número total de pessoas com dívidas em junho, 71,45 milhões de CPFs, ao menos 31,13% são apenas de dívidas relacionadas com bancos e cartões de crédito.
Essas pessoas tinham dívidas de R$ 262,8 milhões, que representam um valor total de dívidas que em junho ficou em R$ 346,3 bilhões. Com isso, o valor médio das dívidas por pessoa é de R$ 4.846,15.
Isso acaba no que o Banco Central chama de endividamento oneroso no cartão, e representa o percentual com maior saldo devedor nas modalidades sujeitas à cobrança de juros, vemos que esse indicador é significativamente maior no segmento independentemente do número da quantidade de cartões que um cliente possui.