As ações do grupo terrorista Hamas contra Israel tiveram como conseqüência, além das mortes de mais de 1.200 pessoas, a disparada dos preços no mercado de petróleo Brent futuro - que saiu dos US$ 84,39, o barril, no fechamento da última sexta-feira, para US$ 88,02 - na primeira reação na economia global.
Mas é importante não achar que esse será o início de uma tendência, especialmente porque ainda não tem muitas informações consistentes sobre quem, de fato, apoiou o Hamas na operação deste sábado, e se isso tem impacto futuro no mercado de produção de óleo.
Isso se aplica porque, inicialmente, surgiram acusações de que o Irã e de que países árabes (grandes produtores de petróleo) poderiam dar suporte à iniciativa do grupo terrorista. E como o mercado projeta sempre o futuro é perfeitamente previsível que no primeiro dia útil os preços disparem.
Entretanto, o que efetivamente vai definir se os preços iniciam uma maior tendência de alta ou se é apenas um rally é a efetividade das ações de Israel contra os terroristas do Hamas. E que pelas primeiras reações já noite de terça-feira na região foram de bombardeios intensos e grande destruição do que resta de infra-estrutura na Faixa de Gaza.
PESO LOCAL
É importante ter presente que nem Israel e muito menos a Faixa de Gaza têm qualquer ação central no mercado de petróleo seja a produção dos países da OPEP seja dos demais países entre eles o Brasil. O impacto neste caso é o potencial de espalhamento dos efeitos no mercado.
Os preços subiram e se mantiveram altos nas primeiras semanas da invasão da Rússia contra a Ucrânia porque tanto a Rússia que produz 10 milhões de barris/dia de gás e petróleo e Ucrânia que é a maior produtora de cereais na EU além de potássio que serve para fator fertilizante são atores importantes.
Isso não acontece com os dois atores deste sábado, embora a importância de Israel seja igualmente importante. Nesse caso, a subida dos preços do petróleo pode ser mesmo apenas um movimento especulativo embora não menos trágico para Israel e a população civil da faixa de Gaza.
Na verdade, os preços do petróleo, e isso interessa ao Brasil, está na faixa próxima a US$ 85 tanto no mercado Brent como na cotação da OPEP, que iniciou uma queda depois de ter atingidos os astronômicos US$ 97,49 no dia 27 de setembro, embora na última sexta-feira tenha caído para US$ 87,30, portanto, bem próximo dos US$ 88,00 desta segunda-feira no mercado Brent.
Para o mercado um barril de petróleo a US$88,00 não é ruim apenas para o Brasil que decidiu abandonar a política de preços ancorada na paridade internacional e que já deverá ter impacto no seu balanço trimestral (Julho/Setembro).
ARÁBIA SAUDITA E RÚSSIA
Preocupa porque Tanto Arábia Saudita como Rússia estão pressionando para o aumento de preços embora a Rússia esteja usando essa alta para vender com desconto aumentando sua influência política.
E a exportação de derivados com preços baixos pela Rússia para países que precisam desesperadamente de combustíveis (inclusive o Brasil) deu tão certo que o presidente Vladimir Putin precisou cortar as remessas já que as empresas russas venderam tanto derivados que estavam ameaçando deixar o país sem combustível.