Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Concessionárias de energia não respondem a eventos extremos e Aneel abre consulta para sugestões

Os eventos extremos são uma nova situação que sequer foi pensada quando da privatização das concessionárias que foram cuidar dos dividendos a seus acionistas.

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Fernando Castilho

Publicado em 05/03/2024 às 0:06
Queda de árvores do Recife interrompendo fornecimento de energia - WELINGTON LIMA/JC IMAGEM

Está aberto até o próximo dia 25 um processo que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) chama de Tomada de Subsídios cujo objetivo é avaliar a necessidade de intervenção regulatória associada ao aumento da resiliência do sistema de distribuição e de transmissão a eventos climáticos extremos. Dito de outra forma: Como as concessionárias terão de atuar quando chover demais, cair raio demais, arvore demais e o call center explode com consumidores desesperados querendo a energia de volta.

A Agência reconhece a importância crítica da infraestrutura elétrica para a sociedade e a necessidade de desenvolver estratégias de atuação que possam minimizar impactos. Grosso modo podemos dizer que o que a Aneel deseja é saber das concessionárias é que elas tenham plano de contingência para perda de fase de transformadores ou reatores; compartilhamento de estruturas de emergência entre transmissoras e realizar treinamentos simulados para se preparar para atuar na crise.

Mais custos

Isso vai exigir atitudes mais fortes como revisar semestralmente a lista de contatos de fornecedores; mapa de distribuição de equipamentos sobressalentes; realimentar o processo de melhorias no plano de contingências e recompor com brevidade o estoque de peças sobressalentes

Ah, vão ter que identificar áreas críticas para reconstrução de torres; mapear e documentar a localização de todas as unidades reservas de transformadores e reatores disponíveis na concessão; detalhar nos planos procedimentos para equipamentos principais.

Tempestade e chuva

E como nada disso custa barato, a questão é quem vai pagar por isso. O economista Claudio Considera, que já foi Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) afirma que se, as empresas não tem como responder à crise que discutam com os governos e com a Aneel as medidas necessárias, estabeleçam um cronograma de obras e de investimentos, e que este seja divulgado para a população, com total transparência. “Afinal, as tempestades, ciclones, secas, raios, dentre outros fenômenos climáticos, vieram para ficar”.

A questão é que esse tipo de situação sequer foi pensado quando da privatização das concessionárias que foram cuidar de entregar os dividendos a seus acionistas.

O caso mais grave é Enel que atende São Paulo cuja diretoria ficou paralisada diante episódios de apagões que afetaram suas distribuidoras, deixando 2,1 milhões de consumidores sem luz por dias em São Paulo após as fortes chuvas de novembro. A empresa trocou de presidente e anunciou que anunciou um plano de investimento de US$3,6 bilhões (cerca de R$18 bilhões) de 2024 a 2026.

Caso da Eneel

O caso da Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica na capital de São Paulo e em mais 23 cidades da Região Metropolitana, virou referência. Ela registrou 339.993 quedas de energia não programadas ao longo do ano passado. Ou uma interrupção a cada um minuto e 32 segundos na área de atuação da empresa, que apontou “vento” e “árvore ou vegetação.

O apagão de São Paulo foi o maior uma vez que em novembro passado quatro milhões de unidades consumidoras ficaram sem energia. Mas também, em novembro, no Rio de Janeiro, 1,7 milhão de casas e empresas também ficaram sem energia.

Este ano, em eventos menores em São Paulo, Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, mais de 400 mil consumidores ficaram sem luz. Também aqui no Recife no último dia 16 de fevereiro as chuvas provocaram quedas de 65 árvores, além de objetos projetados contra a rede elétrica, em razão de ventos superiores a 60km/h.

Rajadas de ventos

Em junho de 2023 rajadas de 70km/h deixaram 170 mil casas e empresas sem energia. Em julho, um ciclone extratropical deixou sem energia 900 mil unidades consumidoras no Rio Grande do Sul, 400 mil em Santa Catarina e 1,3 milhões no Paraná.

Mas o problema não é apenas a questão climática. O que se discute é como as empresas respondem a essa crise e em que tempo religam as unidades consumidoras. Como na maioria das casas a queda de árvores provoca quedas de redes e postes, a questão é em quanto tempo a concessionária pode religar o serviço?

O que se passa

Na verdade, a nova realidade climática pegou as concessionárias sem suportes de redundância para atender a queda de árvores até porque elas reduziram investimentos. Aconteceu em todo o setor e agora essa situação terá que ser abordada.

A Aneel como agência de regulação não previu essa nova realidade tanto que agora está fazendo a Tomada de Subsídios. O risco é que como sempre vem acontecendo a agência aceite os argumentos das empresas e entenda a necessidade de que a tarifa inclua essas novas despesas. Até porque desde o apagão de Fernando Henrique o consumidor vem sendo chamado a pagar a conta.

Peraí, Sileno

O deputado Sileno Guedes promoveu ontem, na Assembléia Legislativa, audiência pública sobre precarização do sistema de transporte urbano da Região Metropolitana. Entre outras cobranças dos deputados da oposição está a de ar-condicionado nos ônibus que com a ocorrência da cada vez mais dias com sensação térmica de 42 graus está ficando insuportável.

Tudo bem. Mas esse projeto foi apresentado no governo Paulo Câmara e o governo nunca exigiu sua implantação. Apenas 17% dos veículos têm veículos com ar. Então fica feio cobrar agora o que poderia ter sido feito e não foi.

PE na Intermodal

Duas empresas de Pernambuco estão na 28ª Intermodal South América, que será realizada de hoje (5) até quinta-feira (7) no São Paulo Expo, das 13h às 21h. O evento de negócios que oferece soluções de ponta a ponta para toda a cadeia logística apresenta as últimas inovações e tendências em Logística, Intralogística, Transporte de Cargas e Comércio Exterior.

Tacaruna Mulher

O Prêmio Tacaruna Mulher 2024 será realizado nesta quinta-feira (7), véspera do Dia Internacional da Mulher, que premiou mulheres que fazem a diferença no exercício profissional, em nove categorias. A solenidade apresentada pela jornalista Angélica Zenith será no UCI Kinoplex Shopping Tacaruna a partir das 19h30 para convidados.

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