Tarefa de casa: formar leitores na escola

A formação de leitores daria um salto com a presença maciça da gente dos livros no ambiente escolar
Fábio Lucas
Publicado em 21/05/2023 às 0:00
A literatura pode estar mais no interior das escolas Foto: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM


Há muitos leitores no Brasil, a cada dia mais. Mesmo assim, segue urgentemente necessária a ampliação da combinação de possibilidades entre literatura e educação. Muitas crianças a adolescentes saem das escolas com alfabetização precária, sem a compreensão de texto ideal. E se tornam adultos que leem pouco, com potenciais limitados. Após o contato inicial desestimulante, é raro o despertar da paixão pela arte literária. Num contexto de atraso e dificuldades estruturais, a literatura não é algo para adornar a aula: precisa ser vista como o principal instrumento pedagógico para atrair, envolver e manter alunas e alunos na descoberta de si e do mundo, unindo o aprendizado à imaginação e expandindo as fronteiras do conhecimento.

Escritores, editores, ilustradores, demais profissionais do livro, quem faz contação de histórias e mediação de leitura – todos poderiam estar mais dentro das escolas, participando na linha de frente para a melhoria da educação. A formação de leitores daria um salto com a presença maciça da gente dos livros no ambiente escolar. Em palestras, bate-papos, oficinas, aproximando os estudantes, a partir do contato direto com quem vive a literatura. Na expansão do ensino em tempo integral, por exemplo, caberia aproveitar melhor o repertório literário desses profissionais.

Em entrevistas recentes à Literária, Itamar Vieira Junior e Igor Pires abordaram o assunto. Para Itamar, “a cultura cuida de dimensões da vida que a educação, sozinha, não é capaz” – e é aí que entra a literatura. “Se a gente for olhar o ranking de países leitores, vai ver que a leitura está associada a um nível de educação melhor, e a uma qualidade de vida melhor também”, diz o autor de “Torto arado”. Na entrevista publicada ontem no JC, Igor Pires propõe uma mudança de perspectiva, facilitando o engajamento e até incentivando os estudantes a escrever. “Ao terem contato com pessoas reais que fazem literatura, os jovens passam a se conectar em um lugar mais íntimo, de modo que pensem a respeito e queiram, inclusive, trilhar o mesmo caminho”.

Governantes, professores, educadores, todos levam sua parcela de responsabilidade. Porém, vale acreditar que formar leitores na escola é uma tarefa de casa que pode ser feita por cada um de nós.


Malala no Brasil

A ativista e Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, estará no Rio de Janeiro, amanhã, para uma palestra no Maracanãzinho às 7 da noite. Defensora do direito à educação, a paquistanesa Malala ganhou a simpatia do mundo na denúncia contra os Talibãs e sua proibição de jovens paquistanesas frequentarem as escolas. O evento no Brasil é uma realização do LER – Festival do Leitor e do Sesc-RJ.

 

Cláudia Abreu e Virginia Woolf

Bianca Ramoneda conversa com a atriz Cláudia Abreu na terça, às 19h, sobre a obra de Virginia Woolf. A paixão da atriz pela escritora britânica, após mais de cinco anos de pesquisa, ganhou os palcos, num monólogo, e também virou livro, publicado pela Nós. A conversa será online, no Encontros & Leituras do UniversoBR. Mais informações no Instagram de @biancaramoneda.

 

Leitura de Thiago de Mello

A escritora e professora pernambucana Renata Pimentel será a mediadora da Roda de Leitura, com poemas do poeta amazonense Thiago de Mello, nesta quarta, 24. Na programação estão os poemas “Os estatutos do homem”, “Quando a verdade for flama” e "Para os que virão". O encontro online é uma realização do Itaú Cultural, e começa às 19h30. Mais informações no site: www.itaucultural.org.br.

Divulgação - O poeta Marcus Accioly
 

Cepe relança Marcus Accioly 

Para marcar os 80 anos de nascimento do poeta Marcus Accioly, falecido em 2017, a Companhia Editora de Pernambuco está relançando quatro títulos do autor: Sísifo (1976), Íxion (1978), Narciso (1984) e Érato (1990) formam uma tetralogia poética, diálogo com a poesia clássica “na revisitação do mundo grego, sem saudosismos”, com “elementos pós-modernos tão presentes em Marcus Accioly”, segundo o editor desta segunda edição pela Cepe, Wellington de Melo. O evento de relançamento será no Museu do Estado de Pernambuco, na quinta, a partir das 7 da noite.

Divulgação - Capa da HQ Pedra d'água
 

Clarice em HQ 

No próximo sábado, 27, será o lançamento da novela gráfica “Pedra d’água”, uma homenagem a Clarice Lispector, pelo selo Cepe HQ. Com criação de Clarice Hoffmann e Greg Vieira, e colaboração de Clara Moreira, a narrativa faz menções à obra da autora, ao Recife que ela conheceu quando morou na cidade, e à atualidade na capital pernambucana. Para o editor da Cepe, Diogo Guedes, a história em quadrinhos traz um “mergulho original na obra sempre em desdobramento da escritora”. O evento terá bate-papo aberto ao público, e será no Hotel Central, no bairro da Boa Vista, onde Clarice Lispector viveu na infância e adolescência.

 

Estante em movimento

Até o próximo domingo, 28, a Cepe promove a “Estante em movimento”, feira itinerante com atividades gratuitas e descontos nas obras publicadas pela editora. São dois mil títulos do catálogo por preços com desconto de 60%, além de edições da revista Continente e do jornal literário Pernambuco, publicações reconhecidas em todo o país. O evento tem a participação do grupo Zé Mulengo, em contações de histórias dos livros da Cepe. É na praça de eventos do Shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho.

 

Educação e literatura

De segunda a quarta, a Unifafire e a Livraria Paulinas realizam o 26º Encontro de Educação e Literatura Infantojuvenil. O tema é “Pontes para o engajamento social e solidário com vista à construção de uma cultura de paz”, com organização dos cursos de Licenciatura de Letras e de Pedagogia da Fafire. O evento terá lançamentos de livros, palestras, cursos e oficinas. A programação completa está disponível no site: www.fafire.br.


Itamar em Portugal

O escritor Itamar Vieira Junior desembarca em terras lusitanas esta semana, para uma agenda movimentada. Do dia 26 até 1º de junho, o autor de “Salvar o fogo” (Todavia) passa pelo Porto, onde conversa com Tito Couto na famosa livraria Lello, depois vai à Feira do Livro de Aveiro e à Feira do Livro de Lisboa, fechando a turnê em Portugal com apresentação do novo livro em Cascais.

 

Memória da Pedra Bonita

Na próxima sexta, às 19h30, o pesquisador Saulo Duarte lança “Memória da Pedra Bonita do Reino” no Castelo Armorial, em São José do Belmonte, no Sertão pernambucano. Segundo o autor, trata-se da história real, diferente das obras de José Lins do Rego e de Ariano Suassuna. O livro inclui um opúsculo editado sobre o tema em 1875. Foi inspirado no caso da Pedra Bonita que Ariano Suassuna escreveu “A Pedra do Reino” em 1971.


Párocos e mestres

Quase um século depois de sua publicação original, em 1925, a obra “Párocos e mestres” de Ivy Compton-Burnett, ganha edição brasileira, pela Jabuticaba. Com prefácio e tradução de Marcelo Lotufo e Vilma Arêas, é o primeiro livro da escritora inglesa, contemporânea de Virginia Woolf, traduzido no Brasil. Autora de 20 romances, Compton-Burnett é considerada uma das mais inovadoras escritoras da Inglaterra do século XX, oferecendo diálogos diretos entre os personagens, sem participação de narrador. O livro chega às livrarias no dia 27, e terá lançamento com bate-papo com os tradutores na Megafauna, em São Paulo, no dia 6 de junho.


Inédito da Noruega

A editora Aboio lança no Brasil o livro “Noveletas”, primeira obra que chega ao país do norueguês Sigbjørn Obstfelder, com tradução de Guilherme da Silva Braga. Apresentado como expoente do modernismo norueguês, o autor do século XIX tem sua obra apontada como inspiração para nomes importantes da literatura, como Rainer Maria Rilke. “Noveletas” reúne duas histórias, e é o primeiro título da Coleção Norte-Sul, em que a Aboio irá publicar grandes escritores nórdicos.


Concurso de redação

Estão abertas até 20 de junho as inscrições para o Concurso Faz & Conta de redação, para alunos de até 14 anos das redes pública e privada no Recife. O tema é “Como a leitura e a escrita podem mudar o mundo?”, e as redações devem ser enviadas por e-mail pelas escolas – sendo que cada unidade escolar pode participar com no máximo quatro textos. O primeiro lugar receberá R$ 2 mil, o segundo R$ 1 mil, e o terceiro, R$ 500. A iniciativa é da escritora e professora de escrita criativa Bruna Maciel Borges, e tem o apoio da Academia Pernambucana de Letras e do Livronews. O regulamento pode ser acessado no site: www.concursoliterariofc.com.

 

Divulgação - Lourival Holanda e seu novo livro, sobre Montaigne

 

Divulgação - Daniela Amendola com Dora Eli, Ana Maria Cordeiro e Marina Frúgoli na Livraria Mandarina, em São Paulo
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