Uma história puxa outra. Saímos do cinema ou do teatro querendo falar sobre o que vimos e escutamos, dar vazão ao que sentimos e pensamos da narrativa contada na tela ou no palco. Do mesmo modo, uma leitura puxa outra: conversar sobre um livro é tão bom – e inesgotável – quanto a respeito de um filme ou uma peça. Podemos incentivar alguém a ler o que lemos, presentear com o livro que gostamos, para puxar conversas que saltam das páginas sem esforço. Ou podemos participar de um clube de leitores.
“Os clubes de leitura vão nos apresentando pessoas com quem a gente gosta de estar, de compartilhar, e ganhamos parceiros. Os clubes de leitura nos mostram que não estamos sozinhos, ainda que isolados e amedrontados”, escreveu Luciana Gerbovic, mediadora de clubes e formadora de mediadores, em texto para o site www.palavreira.com.br. Para Camilla Brites Caetano, autora de “Clube de Leitura – Descubra como fazer, fazendo”, estar diante de um livro é estar diante de si próprio. Conversar sobre a leitura, nessa perspectiva, é se partilhar com os outros, oferecendo impressões, ideias, valores e sensações. “Durante o encontro sentimos o livro crescendo, como se cada expressão facial e observação fosse fermento. A obra cresce a partir do entendimento de cada leitor”, aponta Camilla em seu livro.
A percepção de mudança na obra segue o bem-estar do envolvimento da leitura expandida na oralidade e nos olhares trocados nas conversas. Muitos autores e editoras estão descobrindo a importância dos clubes para a divulgação das obras, valorizando cada vez mais os encontros. Livrarias e bibliotecas são locais propícios, que devem manter agendas regulares em suas programações, mas os papos de um clube de leitura cabem em qualquer lugar – num café, num parque, numa sala de estar, ou até juntando pessoas distantes numa ligação virtual. A conexão acontece pelo livro, para mais leituras, que não raro impulsionam a vontade de escrever também.
Platão na Sala de Prosa
O Laboratório de Leitura & Prosa comandado por Renata Valias na Sala de Prosa transforma os clássicos da literatura em fonte de temas para conversas sobre o humano. Este ano, obras clássicas da Filosofia estão sendo lidas. Em março, as conversas foram em torno de “O Banquete”, de Platão. “Foi o primeiro contato do grupo com a obra platônica e, apesar dos desafios oferecidos pela linguagem, conceitos e contextualização, a experiência foi riquíssima!”, conta Renata. “O Banquete está entre as obras mais célebres da tradição ocidental a tratar do amor. Parece um tema conhecido e quase banal, mas que a gente não se engane - explicar e entender o amor não são tarefas fáceis, talvez nem mesmo possíveis, mas a tentativa de Platão é louvável, não só pela originalidade e profundidade, mas pela diversidade de abordagens. Talvez a leitura não nos permita compreender o amor, mas certamente as reflexões sobre o tema nos estimulem a amar melhor”. Siga @saladeprosa no Instagram.
Lendo Baixo Paraíso
Isabella de Andrade participou de seu primeiro clube de leitura com o romance “Baixo Paraíso”, publicado pela Diadorim, na Livraria Na Nuvem, em São Paulo. O encontro foi promovido pelo Pássaro Livre Clube de Leitura. “Foi incrível sentar para conversar com um grupo tão interessado e atento de leitores, redescobrir as páginas escritas, caminhar por perguntas que me levavam a pensar em cada etapa não só da história, mas de todo o processo e o trabalho que envolve a publicação de um livro”, contou a escritora no Instagram @isabella_deandrade. Siga também @livrariananuvem e @passarolivreclubedeleitura.
Ponte, ponteiro, pontal
Foi na Casa 11 Sebo e Livraria, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, o lançamento do romance de Vânia Benvolf que aborda o racismo estrutural. “Ponte, ponteiro, pontal” mostra a conduta libertária de uma mulher em “uma nação brasileira manipulada para ser branca”. Para a autora, “é preciso separar o racista convicto do que é estrutural. Esse último é vítima da criação de pais e avós que viveram a escravidão e não questionaram”. A publicação é da Autografia. No Instagram: @vaniabenvolf e @casa11sebo.
Dicionário de silêncios
Em publicação da Mirada, Leo Asfora lança o livro de poemas “Dicionário de silêncios” na terça, 16, no Museu do Estado, no Recife, às 7 da noite. Em entrevista para a revista Mirada, o autor afirmou: “A poesia é o que me comove, me arrebata, eleva meu espírito, e vejo poesia em tudo”. No Instagram, busque @leoasfora e @miradajanela.
Um ano de Jardim
Começa na próxima quinta, 18, a programação especial de celebração de um ano do Jardim Espaço Plural, onde também está a Livraria do Jardim, no Recife. No sábado, 20, haverá mesa redonda sobre “O Recife da poesia” com Clarice Freire e Gleison Nascimento, às 10 da manhã. No mesmo dia, às 3 da tarde, Cida Pedrosa participa de debate “Novos rumos para o bairro da Boa Vista”. A agenda festiva segue até 28 de abril. Veja a programação completa no Instagram @livrariadojardim.
Literatura indígena
A Biblioteca Demonstrativa do Brasil, em Brasília, recebe a roda de conversa “Literatura indígena brasileira: saberes ancestrais na cultura e na educação”, na quinta, 18, às 4 da tarde. Participam as escritoras Márcia Kambeba, Aline Rochedo Pachamama e Cláudia A. Flor D’Maria, e o escritor e contador de histórias Roni Wasiry Guará. A mediação será de Ademario Ribeiro Payayá. Com transmissão pelo Facebook e Youtube da BDB. Saiba mais no Instagram @bdbcultural.
O corpo vulnerado
Argentina que vive no Brasil desde 1975, Maria Angélica Melendi lança pela Cobogó a coletânea de ensaios “O corpo vulnerado”, abordando a produção artística sul-americana que põe o corpo em evidência. Com organização de Eduardo de Jesus e projeto gráfico de Flávia Castanheira, o livro será lançado com palestra e sessão de autógrafos nesta quinta, 18, na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, a partir das 7 da noite. A obra contou com o patrocínio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. As relações entre arte visual, literatura e política na América Latina vêm sendo analisadas pela autora há alguns anos. Saiba mais sobre este e outros lançamentos em www.cobogo.com.br.
Tudo é palavra
Será na Livraria da Tarde, em São Paulo, o encontro de Carla Madeira com Andrea del Fuego e Alexandre Vidal Porto, no bate-papo “Tudo é palavra”. A mediação será feita por Luciana Gerbovic. No sábado, 20, a partir das 4 da tarde. Acompanhe a agenda da @livrariadatarde no Instagram.
Curadoria literária
Evelyn Blaut e Claudia Chigres realizam leituras críticas e sessões de orientação individual para projetos literários no Centro Cultural Astrolabio, que também oferece palestras com profissionais do mercado editorial. “Todos os nossos trabalhos editoriais são desenvolvidos em regime confidencial, respeitando e preservando o direito e a propriedade de autor”, diz a escritora Evelyn Blaut, diretora do Astrolabio. Para se inscrever e acompanhar a agenda de atividades, vá em www.oastrolabio.com.br.
Famílias bíblicas
A Bestseller traz ao Brasil o novo livro da jornalista Shannon Bream, “O que dizem as mães e filhas da Bíblia – As lições de fé de nove famílias bíblicas”. Traduzida por Thaíssa Tavares, a obra busca “mostrar a humanidade de cada uma dessas mulheres”, através dos “erros, acertos e medos que conectam mães de dois milênios atrás às da atualidade”, segundo a divulgação. Siga @editorabesteller no Instagram e leia mais.
Dentro de tudo, a noite
A Reformatório traz o novo romance de Marana Borges, “Dentro de tudo, a noite”. A crise econômica no Vale da Paraíba no século 19 é o cenário para a trama que narra um declínio familiar. É o segundo livro da escritora e crítica literária, vencedora do Prêmio Minas Gerais de Literatura e semifinalista do Oceanos com “Mobiliário para uma fuga em março”, publicado pela Dublinense. Siga no Instagram: @marana.borges, @editorareformatorio e @dublinense.
Vento vazio
Em junho chega às livrarias o novo romance de Marcela Dantés, publicado pela Companhia das Letras. “Vento vazio” narra a história de quatro personagens e suas vozes alucinantes, “em que culpa, obsessões e segredos flertam com a perda de contato com a realidade”, segundo o texto de divulgação. Para a escritora Socorro Acioli, Marcela Dantés cria personagens complexos, e se junta aos melhores contadores de histórias da tradição brasileira. Já em pré-venda no site www.companhiadasletras.com.br.
“Tradução é uma superleitura”
Na revista Pernambuco de abril, publicada pela Cepe, Rodrigo Garcia Lopes diz em entrevista para Ademir Assunção: “Sempre traduzi apenas o que amava, o que me desafiava. Além disso, vejo-a como um profundo exercício de alteridade, uma prática que me possibilita dialogar com outras identidades, sensibilidades, épocas e culturas. A tradução é uma atividade crítica e criativa, uma superleitura. É leitura, escrita e criação ao mesmo tempo”. Leia mais em www.pernambucorevista.com.br.
Vidas secas
Publicado pela primeira vez em 1938, o romance de Graciliano Ramos ganha nova edição pela Todavia, com organização, apresentação e notas de Thiago Mio Salla, e posfácio inédito em livro de Antonio Cândido. Doze versões da obra clássica do autor alagoano foram analisadas para a edição, “pautada pela última vontade de Graciliano, depurada o mais possível de elementos estranhos a ele, e que, ao mesmo tempo, procura dar testemunho de seu processo de trabalho entre 1937 e 1952”, observa Thiago Mia Salla. Outras informações e lançamentos em www.todavialivros.com.br.
Recontos bonitinhos
A editora Global apresenta a coleção Recontos Bonitinhos, com histórias clássicas recontadas por Ruth Rocha. Em “Chapeuzinho Vermelho”, a versão dos Irmãos Grimm é escrita em versos, com ilustrações de Isabela Santos. Em “Cachinhos Dourados”, o clássico de uma menina que entra na casa de ursos também ganha a poesia de Ruth Rocha, com ilustrações de Camila Carrossine. Saiba mais em www.grupoeditorialglobal.com.br.