Ruas mais lentas para garantir a segurança de pedestres e ciclistas

Publicado em 21/04/2018 às 18:00
Foto: NE10


A segurança de pedestres e ciclistas estará acima de qualquer eficiência do trânsito. É a promessa da prefeitura. Foto: Diego Nigro/JC Imagem

 

Nos próximos domingos, o Blog De Olho no Trânsito vai detalhar o Plano de Mobilidade Urbana do Recife, que está sendo concebido pela prefeitura desde 2015 e que começa a entrar na reta final, com alguns tópicos divulgados na imprensa nos últimos meses. Começou com a pesquisa de origem e destino, feita totalmente online (escolha que tem recebido críticas, inclusive, por só atender a quem tem acesso à web), e mais recentemente passou  a detalhar as políticas setoriais de mobilidade urbana.

É exatamente sobre elas que estaremos nos debruçando. Mas, antes de tudo, é importante considerar que essa fase significa a criação das diretrizes gerais que deverão ser seguidas quando o plano virar lei, o que deverá acontecer em 2019 – se o governo federal não adiar mais uma vez o prazo de entrega do documento pelas cidades com mais de 20 mil habitantes.

Nossos argumentos são fortes: 72% das mortes acontecem nas vias com 60 km/h. Os atropelamentos que acontecem com o veículo a essa velocidade têm 83% mais probabilidade de provocar mortes. Quando reduzirmos 10 km/h, trazendo o limite de velocidade para 50 km/h, esse percentual de morte cai para 50%. Ou seja, vale a pena demais”, Sideney Schreiner, diretor-executivo do ICPS

Ela ainda não representa o detalhamento das mudanças, com exemplos práticos, fase prevista para o fim do semestre, segundo o Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), o cérebro do PMU. A segurança viária será a primeira abordagem dessa série. Começamos com ela porque é o mais importante e encabeça as políticas setoriais do plano. A segurança das pessoas será soberana sobre tudo e todos, independentemente da eficiência dos sistemas de transporte motorizado. Irá se sobrepor, sempre, à eficiência. Ou seja, a segurança de quem está no trânsito, a pé e de bicicleta, estará acima do bom desempenho da circulação. Esse é o principal recado do plano.

 

 

As ruas da cidade do Recife terão velocidade máxima de 50 km/h. O limite valerá para todas as vias arteriais principais (como exemplo, Avenida Agamenon Magalhães). A única exceção será a Via Mangue, considerada via de trânsito rápido, que permanecerá com o limite de 60 km/h. Como argumento para essa mudança – que com certeza desagradará a muitos motoristas, pelo menos até virar costume –, estão as mortes no trânsito. “Nossos argumentos são fortes: 72% das mortes acontecem nas vias com 60 km/h. Os atropelamentos que acontecem com o veículo a essa velocidade têm 83% mais probabilidade de provocar mortes. Quando reduzirmos 10 km/h, trazendo o limite de velocidade para 50 km/h, esse percentual de morte cai para 50%. Ou seja, vale a pena demais”, defende Sideney Schreiner, diretor-executivo do ICPS.

Redutores e controladores de velocidade devem funcionar 24 horas. As estatísticas mostram que a maioria das mortes está acontecendo à noite. Inclusive, com um alto índice de choques, ou seja, quando o veículo se choca com objetos parados: postes, árvores e muros, por exemplo. O que evidencia o excesso de velocidade, além de outros fatores como consumo de álcool e cansaço. É mais uma razão para os equipamentos de fiscalização serem religados”, argumenta Sideney Schreiner

   

 

Religamento das lombadas à noite

A intenção do ICPS é, inclusive, retomar a briga do município com a Justiça para religar os equipamentos de fiscalização eletrônica da cidade, desligados por determinação judicial – atendendo a uma provocação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) – desde 2006. “Redutores e controladores de velocidade devem funcionar 24 horas. As estatísticas mostram que a maioria das mortes está acontecendo à noite. Inclusive, com um alto índice de choques, ou seja, quando o veículo se choca com objetos parados: postes, árvores e muros, por exemplo. O que evidencia o excesso de velocidade, além de outros fatores como consumo de álcool e cansaço. É mais uma razão para os equipamentos de fiscalização serem religados”, argumenta Sideney Schreiner.  

 

   

Foto: Hélia Schepa/Arquivo JCImagem

 

Pedestres

Um dos atores principais e mais fragilizados do trânsito – juntamente com os ciclistas –, os pedestres vão ganhar destaque no futuro Plano de Mobilidade Urbana do Recife. Pelo menos é o que planeja o município. O caminhar, aliás, ganhará nuances de prioridade que vão além da qualificação das calçadas. Mais tempo nas travessias semaforizadas, inclusive com a adoção mais frequente de passagens elevadas, iluminação e arborização são algumas das novidades para priorizar a mobilidade a pé e, principalmente, estimulá-la.

Acesse o que há de disponível do Plano de Mobilidade Urbana do Recife

Hoje, a programação semafórica da cidade é programada para atender ao veículo motorizado e evitar transtornos à circulação desses mesmos veículos. O PMU quer um foco semafórico específico aos pedestres e com tempos adequadamente calculados nas vias que serão indicadas na última fase da futura política. Também vai exigir iluminação voltada para as calçadas e, não como acontece na maioria dos projetos atuais, sobre as árvores e projetada para os veículos motorizados que passam nas vias.

 

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Chegando às calçadas, um dos subprodutos do plano será o Manual de Calçadas do Recife, que levará todas essas nuances em consideração, cujo cumprimento será obrigatório para os futuros projetos. “As pessoas caminham e precisam fazê-lo com segurança. Queremos não só que a cidade ofereça isso, mas também que todos sejam estimulados ao caminhar”, planeja Sideney Schreiner.

PMU vai exigir a adequação da malha ciclável ao Plano Diretor Cicloviário (PDC), pronto desde 2014. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

 

Ciclistas

Assim como com os pedestres, os futuros projetos públicos ou privados executados no Recife terão que oferecer infraestrutura segura também para os ciclistas. Além de rotas cicláveis, a iluminação e arborização terão que estar previstos. Para guiar e orientar a todos sobre a implantação desse infraestrutura – especialmente a pública municipal –, o Plano Diretor Cicloviário (PDC) da Região Metropolitana do Recife será o ator principal. Mesmo com a execução se arrastando desde 2014, quando foi concluído pelo governo de Pernambuco ao custo de quase R$ 1 milhão. Pelo PDC, o Grande Recife terá 590 quilômetros de infraestrutura para bicicletas, sendo 250 quilômetros somente no Recife.

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