As estações de embarque e desembarque do BRT pernambucano, o Via Livre, foram novamente vandalizadas. A suspensão da operação, a redução do policiamento e o esvaziamento das ruas devido à pandemia facilitaram novos roubos e depredações dos equipamentos urbanos. Vinte e cinco estações dos Corredores Norte-Sul e Leste-Oeste - mais da metade das unidades do sistema metropolitano - encontram-se tão degradadas que o governo de Pernambuco teve que lançar licitação pública para fazer a recuperação necessária dos equipamentos.
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O novo estrago vai custar R$ 1,2 milhão aos cofres públicos. O edital de licitação foi lançado na semana passada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM). E às pressas, porque a vandalização foi grande. Das 25 estações que serão recuperadas, 19 são do Corredor Norte-Sul e 6 do Corredor Leste-Oeste. O Norte-Sul, que liga o Recife a Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, sempre é o alvo principal dos furtos e quebras por cortar quatro cidades metropolitanas. Já o Leste-Oeste (liga a capital a Camaragibe, também na RMR), por ter quase toda sua extensão nos limites do Recife e um percurso mais urbanizado, sofre menos.
Segundo o CTM, serão investidos R$ 1.225.996,66 na recomposição do forro, estruturas, portas, catracas e quadro elétrico, colocação de nova fiação, reposição dos vidros e pintura. Também será realizada capinação do entorno dos equipamentos. Ainda segundo o Consórcio, os itens mais vandalizados nos novos episódios foram a fiação, luminárias e tubulação de cobre do ar-condicionado. As propostas devem ser apresentadas até o dia 27 de agosto e a previsão é de que em 60 dias a licitação seja concluída.
O Estado não esperava encontrar - como aconteceu no fim de junho - tanta destruição das unidades, que desde o segundo semestre de 2019 estavam sem vigilância privada e com a segurança patrimonial sob responsabilidade da Polícia Militar. Foi firmado um convênio entre o CTM e a PM para utilizar os policiais de folga, no chamado Programa de Jornada Extra da corporação (PJEs). Com os operadores dos dois corredores (Consórcios Conorte e MobiBrasil) colaborando financeiramente.
O convênio previa um investimento diário de R$ 17 mil, o equivalente a R$ 527 mil por mês e permitia ofertar mais de 80 policiais por dia, entre praças e oficiais. Desse total, R$ 377 mil eram bancados pelo Estado, R$ 100 mil pelo Conorte e R$ 50 mil pela Mobibrasil. A jornada extra dos PMs deu certo até o início da pandemia. De abril para junho as unidades voltaram a ser invadidas. Como o sistema deixou de operar logo no início do isolamento, as unidades ficaram totalmente expostas, já que o reforço da PM não foi suficiente.
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GESTÃO PRIVADA
Além da segurança operacional quando o BRT retornar integralmente - o Norte-Sul ainda opera parcialmente, apenas aos sábados -, o Estado precisa correr para recuperar as estações novamente vandalizadas porque os equipamentos foram incluídos na proposta de concessão pública dos terminais integrados de ônibus e metrô da RMR. O processo vai custar R$ 115 milhões em um contrato de 35 anos. A futura concessionária cuidará também - sob todos os aspectos - das 46 estações que estruturam o Norte-Sul e Leste-Oeste.
O governo alega que a inclusão vai representar economicidade para a gestão pública. Apenas com a manutenção das 46 estações, são gastos, em média, R$ 30 mil por mês por equipamento. Em 2019 foram R$ 15 milhões. Junto com a manutenção dos terminais integrados, foram R$ 48 milhões. Inicialmente, os equipamentos do BRT não integrariam a proposta de concessão administrativa. Mas o Estado decidiu incluir.
"Tínhamos três caminhos para seguir em relação à gestão das estações de BRT: deixar como está, sob os cuidados do Estado, até ser possível incluir no novo contrato das concessões, renovados em cinco anos; fazer um contrato à parte, com nova licitação; ou incluir no projeto dos TIs. Decidimos, comparando os custos, que era melhor incluir", explicou o secretário de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco, Marcelo Bruto.
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