Metrô do Recife precisa de investimento de R$ 1 bilhão para ser repassado à iniciativa privada
Estudos preliminares apontam a necessidade de uma arrumação de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão. A grande questão será quem e como esse dinheiro será investido para que a concessão avance
Enquanto os problemas decorrentes de quebras e falta de equipamentos até para a manutenção básica seguem no Metrô do Recife, afetando milhares de passageiros pelo menos uma vez por semana, o processo de transferência da gestão e operação do sistema para a iniciativa privada avança no governo federal. Os estudos iniciais da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Trensurb (RS), que vêm sendo realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sob coordenação do Ministério da Economia, indicam que será necessário um investimento de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão. É importante ressaltar que ainda são informações preliminares. Mas esse é o custo estimado do sucateamento histórico do metrô recifense. É quanto custará a arrumação para deixá-lo apto à ser oferecido à iniciativa privada.
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O valor será investido na recuperação de toda rede aérea do sistema (que faz a alimentação do metrô), incluindo as linhas elétricas - Centro (com seus dois ramais: Camaragibe e Jaboatão) e Sul - e a diesel (VLT), do material rodante (todos os veículos que trafegam sobre os trilhos de uma ferrovia - trens de passageiros e de manutenção), dos trilhos e dormentes, além da reforma das estações. Outro ponto importante é que, dos cinco sistemas sob gestão da CBTU e que estão sendo alvo dos estudos de transferência para a gestão privada, o do Recife e o de Belo Horizonte (MG) são os que mais têm capacidade de atrair investidores. A Trensurb, sistema de Porto Alegre, também. Além do Recife e de Belo Horizonte, a CBTU gere os sistemas de Natal (RN), João Pessoa (PB) e Maceió (RN) - que são bem menores do que o pernambucano e o mineiro.
QUEM VAI PAGAR
A grande questão será quem e como esse dinheiro será investido para que o processo de concessão avance. O secretário de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco, Marcelo Bruto, tem acompanhado de perto os estudos feitos pelo BNDES e confirma os valores preliminares. Será a Seduh, inclusive, que receberá o sistema metropolitano antes de ele vir a ser concedido à iniciativa privada. Uma lei federal determina que os sistemas da CBTU precisam ser estadualizados para, só então, poderem ser repassados à gestão e operação privadas. Ou seja, o Estado de Pernambuco está e terá que estar cada dia mais envolvido com o futuro do Metrô do Recife.
Segundo o secretário Marcelo Bruto, a União já se mostrou disposta a fazer os investimentos necessários, o que não seria possível para o governo estadual devido à capacidade financeira. Principalmente agora, com a pandemia de covid-19, ou a partir de 2022, quando o processo deverá começar a tomar forma. “Não temos como assumir um investimento desses e o governo federal está ciente da situação. Só poderemos entrar se uma parte significativa do valor necessário para investimento for apresentada. Por isso, estamos aguardando a conclusão dos estudos para ver qual será a participação do governo federal, que tem dito estar disposto a investir. Mesmo com uma situação fiscal boa, já temos um investimento anual superior a R$ 300 milhões em subsídios diretos e indiretos ao transporte público por ônibus da RMR”, argumenta Marcelo Bruto.
Não temos como assumir um investimento desses e o governo federal está ciente da situação. Só poderemos entrar se uma parte significativa do valor necessário para investimento for apresentada. Por isso, estamos aguardando a conclusão dos estudos para ver qual será a participação do governo federal, que tem dito estar disposto a investir. Mesmo com uma situação fiscal boa, já temos um investimento anual superior a R$ 300 milhões em subsídios diretos e indiretos ao transporte público por ônibus da RMR”,Marcelo Bruto, secretário de Desenvolvimento Urbano de PE
A manutenção da frota de ônibus em 90% com a demanda na casa dos 60%/63%, segundo o secretário, gera um custo mensal de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões. “Já é um valor além do que colocamos no sistema e que precisará ser coberto pelo Estado”, diz. Na prática, a União teria duas opções para incluir esse investimento no contrato de concessão dos sistemas via PPP: fazer o aporte financeiro logo no início do contrato ou diluí-lo ao longo do contrato de 30 anos.
BNDES
Por nota, o BNDES informou que os estudos da CBTU e Trensurb ainda estão em elaboração e que, por enquanto, não há estimativa sobre a necessidade de investimentos de recursos públicos. E que a previsão é de que os estudos sejam finalizados em julho.
“Os estudos ainda estão em elaboração. Até o presente momento foram concluídas as due diligences (levantamento de informações das empresas), além dos estudos de pré-viabilidade e o relatório de proposição do modelo de cisão da CBTU. Portanto, não há estimativa sobre a necessidade (ou não) de recursos públicos, seja na forma de aporte público ou contraprestação pecuniária, com o objetivo de viabilizar os investimentos necessários do futuro contrato de concessão do Metrô do Recife”, diz a nota.
Não temos como assumir um investimento desses e o governo federal está ciente da situação. Só poderemos entrar se uma parte significativa do valor necessário para investimento for apresentada. Por isso, estamos ag
Marcelo Bruto, secretário de Desenvolvimento Urbano de PE