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Recife ganha mais uma ghost bike, a bicicleta branca que simboliza a violência contra os ciclistas no trânsito

A bicicleta fantasma foi instalada na Avenida Caxangá para lembrar a violenta morte do ciclista Flávio Antônio, atropelado violentamente no dia 3/11

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Roberta Soares

Publicado em 12/11/2021 às 16:59 | Atualizado em 12/11/2021 às 17:00
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O Recife ganhou - infelizmente - mais uma ghost bike, a bicicleta branca “fantasma” que simboliza a violência no trânsito contra os ciclistas. Um símbolo de que a cidade - apesar das melhorias - ainda precisa avançar muito na segurança oferecida a quem pedala. E a infraestrutura - ciclovias e ciclofaixas - é o grande clamor. Nesta quinta-feira (11/11), um símbolo desses foi instalado na Avenida Caxangá, um dos principais corredores viários do Recife e que mais concentram ciclistas circulando, onde no dia 3/11 o ciclista Flávio Antônio, 42 anos, foi violentamente atropelado por um motorista que estaria dirigindo em alta velocidade.

Morte de ciclista expõe urgência de uma ciclovia na Avenida Caxangá, no Recife

AMECICLO/DIVULGAÇÃO
Ghost bike instalada na Avenida Caxangá pela morte do ciclista Flávio Antônio - AMECICLO/DIVULGAÇÃO

A instalação foi comandada pela Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo), a União de Ciclistas de Pernambuco (UCIPE) e outros grupos de ciclistas. A ghost bike foi instalada no local do atropelado, próximo ao Caxangá Golf & Country Club. Flávio Antônio era um trabalhador que fazia o mesmo percurso há 18 anos em sua bicicleta barra circular, de segunda a sábado. Trafegava pelo corredor de BRT Leste-Oeste, quando foi surpreendido pelo veículo. O motorista teve apenas ferimentos leves, enquanto o ciclista teve o crânio aberto, segundo a perícia técnica.

A ação foi realizada para não deixar que as vítimas do trânsito sejam esquecidas e para exigir a implantação de uma ciclovia na Avenida Caxangá, como já foi prometido em dois projetos distintos do poder público.

A Avenida Caxangá está incluída no Plano Diretor Cicloviário (PDC) da Região Metropolitana do Recife e, para ela, é prevista ciclovia ao longo de toda sua extensão, ligando Camaragibe ao centro da capital. A via foi elencada como a quinta avenida mais violenta do Recife, com cerca de 300 colisões anuais, o
que corresponde a 3% das colisões totais do Recife. Desde 2016, a Caxangá soma 49 colisões com ciclistas, registrando o maior número durante a pandemia. Em 2020, um em cada 10 ciclistas atropelados teve a Caxangá como cenário. Somente até julho deste ano, foram 51 colisões e atropelamentos na via, sendo cinco com ciclistas.

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Ghost bike instalada na Avenida Caxangá pela morte do ciclista Flávio Antônio - AMECICLO/DIVULGAÇÃO

Pela soma das Contagens de Ciclistas realizadas pela Prefeitura do Recife e a associação, na via em questão passam entre três e cinco mil ciclistas por dia, que se arriscam entre os bordos da via e a faixa exclusiva para BRT, local por vezes preferido por ciclistas por diminuir a sensação de insegurança diante das condições da avenida hoje.

MAIS UMA VÍTIMA

Três dias após o atropelamento de Flávio Antônio na Avenida Caxangá, Diogo Emanoel da Luz, de apenas 16 anos, foi assassinado por um motorista que estaria conduzindo o carro também em alta velcoidade no bairro de Vera Cruz, em Camaragibe. O suspeito fugiu sem prestar socorro e a vítima faleceu no local. O ato da ghost bike também foi em memória de Diogo.

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Ghost bike instalada na Avenida Caxangá pela morte do ciclista Flávio Antônio - AMECICLO/DIVULGAÇÃO
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Ghost bike instalada na Avenida Caxangá pela morte do ciclista Flávio Antônio - AMECICLO/DIVULGAÇÃO

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