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Dia Mundial da Bicicleta: 42% dos brasileiros não sabem pedalar e maioria não tem bike, aponta pesquisa

A data foi criada pela ONU exatamente para conscientizar a população sobre os vários benefícios sociais de usar a bicicleta para transporte e lazer

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Roberta Soares

Publicado em 03/06/2022 às 12:55 | Atualizado em 03/06/2022 às 12:56
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Os desafios para transformar a sociedade brasileira numa sociedade que pedala são muitos e vão além da infraestrutura para a bicicleta nas ruas. Embora tenham relação direta com a segurança proporcionada pelas ciclofaixas e, principalmente, ciclovias - quando a segregação do tráfego é física, não é feita apenas com sinalização. É preciso ensinar o brasileiro a pedalar e, na sequência, convencê-lo a adquirir uma bike.

Essa é a principal conclusão da nova edição da pesquisa “Ciclismo ao Redor do Mundo”, realizada pela Ipsos - empresa de pesquisa de mercado independente. A pesquisa foi divulgada para lembrar o Dia Mundial da Bicicleta, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2018, e comemorado no dia 3 de junho.

A data foi criada exatamente para conscientizar a população sobre os vários benefícios sociais de usar a bicicleta para transporte e lazer. A atualização, entretanto, revelou que quatro em cada dez brasileiros, ou o equivalente a 42% dos entrevistados, não sabem andar de bicicleta.

O índice foi maior do que a média mundial, que ficou em 37%. Além do Brasil, outras 29 nações participaram do estudo e o pior resultado em relação à habilidade ficou com a Arábia Saudita, onde apenas 36% das respostas foram positivas.

Um ousado plano para a bicicleta no Recife

Entre os que afirmaram saber pedalar, a média foi de 63%, puxada pela Polônia que apresentou um índice de 83% de pessoas que disseram ter habilidade.

FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Entre os que afirmaram saber pedalar, a média foi de 63%, puxada pela Polônia que apresentou um índice de 83% de pessoas que disseram ter habilidade - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

PROPRIEDADE

Quando a indagação foi sobre a propriedade de bicicletas, os brasileiros mais uma vez se destacaram: apresentaram um dos menores índices do estudo, com apenas 26% de pessoas que responderam afirmativamente.

No ranking dos países presentes na pesquisa, o Brasil só está à frente de Arábia Saudita (23%) e África do Sul (20%).

OUTROS DADOS DA PESQUISA

CAMINHAR

O brasileiro deixou claro na pesquisa que prefere caminhar a pedalar, apesar da força que a bicicleta vem ganhando com o aumento do combustível, das passagens e da crise climática. E com certeza a malha cicloviária ainda pequena no País contribui para essa resistência.

Apesar dos avanços em muitas cidades, como é o caso do Recife, que embora ainda conte com apenas 160 km de ciclofaixas e ciclovias, ampliou a malha em mais de 500% em dez anos.
Para distâncias curtas, de até dois quilômetros, 39% dos brasileiros responderam que preferem ir caminhando, 20% usam o próprio automóvel, 14% vão de transporte público e apenas 10% responderam que usam bicicleta.

EXERCÍCIO

O brasileiro também não vê a bike como uma boa opção para se exercitar, o que demonstra que, mesmo pouco, a maioria usa mesmo como transporte, para deslocamento diário.

Quando o assunto é o uso de bicicletas para exercícios físicos, o Brasil está na última colocação entre as nações pesquisadas. Enquanto a média geral de pessoas que usam a bicicleta para se exercitar ficou em 28%, no Brasil o índice é de 17%. Novamente, a Polônia lidera, com 61% de respondentes que afirmaram praticar a modalidade.

AMECICLO/DIVULGAÇÃO
O brasileiro deixou claro na pesquisa que prefere caminhar a pedalar, apesar da força que a bicicleta vem ganhando com o aumento do combustível, das passagens e da crise climática. E com certeza a malha cicloviária ainda pequena no País contribui para essa resistência - AMECICLO/DIVULGAÇÃO

A PESQUISA

A pesquisa da Ipsos foi realizada entre os dias 25 de março e 8 de abril de 2022. Foram entrevistadas 20.057 pessoas on-line, sendo aproximadamente 1.000 no Brasil, com idades entre 16 e 74 anos. No Brasil, a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.

Além do Brasil, integram a pesquisa a África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Holanda, Hungria, Índia, Itália, Japão, Malásia, México, Peru, Polônia, Romênia, Rússia, Singapura, Suécia e Turquia.

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