Bicicletas: desafio das capitais ainda é grande em relação à malha de ciclofaixas e ciclovias
São menos de dez quilômetros de infraestrutura para cada grupo de 100 mil habitantes A proporção não é ruim. É péssima
Se a oferta de infraestrutura para bicicletas é ruim no Brasil, quando o recorte é feito sobre as capitais do País, fica ainda pior. Levantamento nacional aponta que existe uma média de 153 quilômetros de ciclofaixas e ciclovias em cada uma das 27 capitais brasileiras.
Isso representa menos de dez quilômetros de infraestrutura para cada grupo de 100 mil habitantes. A proporção não é ruim. É péssima. Além disso, 55% das capitais não têm sequer 100 quilômetros de estrutura implantados.
A avaliação é feita pela Aliança Bike, entidade que congrega o setor de ciclismo e que coordenou o levantamento. O mapeamento da infraestrutura cicloviária brasileira está disponível numa plataforma online, que diferencia - com exceções - a malha de ciclofaixas e ciclovias nas capitais. A grande maioria dos equipamentos é de ciclofaixas.
Para quem não sabe, ciclofaixa é uma estrutura que não protege totalmente o ciclista porque a segregação do tráfego de veículos é parcial, feita apenas com tachões e sinalização. O equipamento ideal, que mais protege quem pedala, é a ciclovia - quando a segregação é total, com proteção física do tráfego veicular.
Bicicletas: Brasil tem pouco mais de 4 mil km de ciclofaixas e ciclovias. Confira
"A média de 153 quilômetros por cidade é um dado de causar vergonha e indignação, tendo em vista a demanda histórica das cidades brasileiras com todos os ciclistas”, critica a Aliança Bike.
“Ainda que algumas capitais tenham feito investimentos importantes, especialmente nos últimos cinco anos, o cenário como um todo é bastante desanimador. Falta muita vontade política, cumprimento das leis e investimentos mínimos na mobilidade ativa", reforça.
MALHA NACIONAL PARA AS BICICLETAS
O País tem 4.146,38 quilômetros de ciclofaixas e ciclovias. E a situação não é pior por causa de quatro capitais apenas. “Quatro cidades puxam a média pra cima: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Fortaleza. A maioria das capitais não têm sequer uma rede, tem um punhado de infraestruturas soltas”, reforça.
No topo do levantamento está a cidade de São Paulo, com 699,2 km de ciclovias e ciclofaixas, seguida por Brasília, com 475 km. Na sequência, vem o Rio de Janeiro, com 450 km; Fortaleza, com 411 km; e Salvador, com 308,59. Na lanterna do ranking estão Macapá, com apenas 18 km; Porto Velho, com 24 km; e Manaus, com 35 km.
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Na análise da quilometragem pela população, a cidade de Rio Branco fica em 1º lugar, com 26,22 km para cada 100 mil habitantes; seguida por Florianópolis (23,53 km) e Vitória (18,94 km). Manaus, com 1,55 km para cada 100 mil habitantes, São Luís (3,23 km) e Macapá (3,45 km) são as piores sob essa ótica.
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A Aliança Bike pondera que, embora o levantamento seja importante para dimensionar e comparar os atrasos e avanços nas políticas cicloviárias, é limitado porque não inclui informações sobre a qualidade, manutenção e uso das estruturas.
CICLOFAIXAS E CICLOVIAS NO RECIFE
Recife é a sétima capital brasileira em ciclofaixas e ciclovias do País. A cidade aparece com 169 quilômetros de ciclofaixas e ciclovias, ficando atrás de pelo menos duas capitais do Nordeste: Fortaleza (CE), que virou referência em mobilidade no País e já acumula uma malha cicloviária de 411 quilômetros; e Salvador (BA), que tem 308 quilômetros.
Pelo menos no caso do Recife, o levantamento da Aliança Bike não aponta quantos quilômetros são de ciclofaixas e de ciclovias. A entidade explica que algumas capitais não distinguem os tipos de equipamentos (ou não divulgam). Mas sabe-se, no entanto, que a capital tem uma malha cicloviária predominantemente de ciclofaixas.