TRANSPORTE PÚBLICO: recado ao novo governo de Pernambuco
Leia artigo de Dirac Cordeiro, doutor em engenharia de transporte, sobre mudanças necessárias na gestão do transporte por ônibus do Grande Recife
Por Dirac Cordeiro
Doutor Engenharia de Transporte
Ao novo governo de Pernambuco, que toma posse em janeiro de 2023, faz-se necessário uma profunda revisão no atual modelo de gestão dos transportes públicos por ônibus e metrô, desde a revisão dos sistemas integrados à uma nova política tarifária e fiscal para o setor.
Vale lembrar que o transporte é um sistema que demanda vultosos investimentos, com custos crescentes em conformidade com os índices de preços. Esta é uma regra universal. Equacionamos a seguir alguns modelos e formulamos as alternativas adequadas e viáveis. Eis:
A necessidade premente da concepção de um modelo de transporte para o serviço de atendimento por ônibus, por meio de indicadores, tendo como resposta a qualidade desse serviço público, o é realmente de suma importância, especialmente, porque o atendimento a esta demanda no Brasil vem se deteriorando em escala geométrica nos últimos anos.
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Nas últimas duas décadas, ocupa o primeiro lugar em perdas singulares na taxa interna de retorno desse grande mercado de ônibus. A modelagem integrada do sistema de transporte por ônibus com os diversos sistemas (metrôs, trens, entre outros), apesar de ser um serviço de mercado estritamente restrito, à medida que novas soluções vão sendo desenvolvidas, novos conhecimentos são agregados a um custo cada vez menor.
Pode-se citar, a título de exemplo, que para os serviços de transporte uma medida bastante usada é a maximização da utilização do ônibus ou a minimização do tempo de resposta (TR), entre qualquer usuário do sistema de transporte e o seu destino mais próximo.
A modelagem matemática para o serviço de atendimento do transporte público pode ser considerada adequada se é capaz de estabelecer com razoável precisão indicadores – criação de medidas de eficiência para o sistema -- que permitam ao gestor ordenar as soluções, concluindo o processo decisório.
Tais indicadores devem possibilitar inferir os efeitos provenientes das mudanças introduzidas em certas variáveis explicativas do sistema. As mudanças devem refletir diretamente na “performance” do modelo. A esse diagnóstico, denomina-se de análise de sensibilidade; que é de suma importância para melhor avaliar quantitativamente e qualitativamente a eficiência/eficácia do STPP (Sistema de Transporte Público de Passageiros).
Esta fase é talvez a mais relevante, pois são elaborados os modelos formados por um conjunto de equações e inequações. Uma das equações tem a função de medir a eficiência para a solução proposta, que a princípio deve ser única, no que se refere à otimização a ser atingida. Mas, não existe um modelo capaz de captar toda a realidade do funcionamento do sistema.
O modelo será adequado quando o seu desempenho estiver próximo da realidade. Por sua vez, a capacidade de um processo fica determinada pelos recursos de que o sistema dispõe para desempenhar as suas atividades. Pessoas (número e habilidades), equipamentos, espaço, estoques, veículos etc. são exemplos de recursos que determinam a capacidade de prestação de um serviço de transporte.
A gestão da capacidade em um sistema prestador de serviços, principalmente, o serviço público de transporte, é um dos principais desafios gerenciais. Segundo especialistas, em temas de serviços, a forma como a capacidade é gerida pode implicar na insustentabilidade econômica e ineficiência do modelo. Isto porque o dimensionamento da capacidade afeta o desempenho da empresa prestadora do serviço, pois tem impacto nos investimentos e nos custos operacionais.
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O equilíbrio perfeito entre oferta e demanda quase nunca é alcançado, mas existem estratégias que permitem uma adequada gestão da capacidade nesses serviços, assim como alguns mecanismos que possibilitam, no curto prazo, aproximar a capacidade à demanda, reduzindo as situações de excesso ou de falta de capacidade. Essa decisão sobre o nível de serviço deve levar em conta a essencialidade e a existência, ou não, de sistemas substitutos. A grande impedância dessa estratégia é o custo da ociosidade dos recursos quando a demanda é muito inferior ao nível de capacidade fixado.
A visão estocástica para o nível de serviço deve ser utilizada. Essa mudança pode ser entendida, então, como a probabilidade de que a demanda máxima prevista é satisfeita. Decidir qual a parcela da demanda máxima que o sistema pretende, significa determinar o nível de serviço oferecido à sociedade.
Uma vez decidido o nível de serviço, a empresa prestadora dimensiona os recursos necessários para atender aquele nível. Na prática, o nível costuma ser definido de acordo com a natureza do serviço prestado, ou seja, o tempo decorrido entre uma parada e outra.
Existem abordagens quantitativas para determinar o percentual ótimo da demanda máxima, ou seja, o nível de serviço. Um dos métodos que tem merecido mais atenção na literatura é a análise incremental entre o custo de faltar capacidade e o custo de sobrar capacidade.
Este método propõe que a empresa deve aumentar o nível de capacidade até o ponto em que o retorno esperado gerado pelo incremento marginal exceda a perda esperada para o último atendimento.