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TRANSPORTE PÚBLICO: recado ao novo governo de Pernambuco

Leia artigo de Dirac Cordeiro, doutor em engenharia de transporte, sobre mudanças necessárias na gestão do transporte por ônibus do Grande Recife

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Roberta Soares

Publicado em 08/11/2022 às 13:10 | Atualizado em 08/11/2022 às 13:13
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Por Dirac Cordeiro
Doutor Engenharia de Transporte

Ao novo governo de Pernambuco, que toma posse em janeiro de 2023, faz-se necessário uma profunda revisão no atual modelo de gestão dos transportes públicos por ônibus e metrô, desde a revisão dos sistemas integrados à uma nova política tarifária e fiscal para o setor.

Vale lembrar que o transporte é um sistema que demanda vultosos investimentos, com custos crescentes em conformidade com os índices de preços. Esta é uma regra universal. Equacionamos a seguir alguns modelos e formulamos as alternativas adequadas e viáveis. Eis:

A necessidade premente da concepção de um modelo de transporte para o serviço de atendimento por ônibus, por meio de indicadores, tendo como resposta a qualidade desse serviço público, o é realmente de suma importância, especialmente, porque o atendimento a esta demanda no Brasil vem se deteriorando em escala geométrica nos últimos anos.

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Nas últimas duas décadas, ocupa o primeiro lugar em perdas singulares na taxa interna de retorno desse grande mercado de ônibus. A modelagem integrada do sistema de transporte por ônibus com os diversos sistemas (metrôs, trens, entre outros), apesar de ser um serviço de mercado estritamente restrito, à medida que novas soluções vão sendo desenvolvidas, novos conhecimentos são agregados a um custo cada vez menor.

Pode-se citar, a título de exemplo, que para os serviços de transporte uma medida bastante usada é a maximização da utilização do ônibus ou a minimização do tempo de resposta (TR), entre qualquer usuário do sistema de transporte e o seu destino mais próximo.

A modelagem matemática para o serviço de atendimento do transporte público pode ser considerada adequada se é capaz de estabelecer com razoável precisão indicadores – criação de medidas de eficiência para o sistema -- que permitam ao gestor ordenar as soluções, concluindo o processo decisório.

 

Tais indicadores devem possibilitar inferir os efeitos provenientes das mudanças introduzidas em certas variáveis explicativas do sistema. As mudanças devem refletir diretamente na “performance” do modelo. A esse diagnóstico, denomina-se de análise de sensibilidade; que é de suma importância para melhor avaliar quantitativamente e qualitativamente a eficiência/eficácia do STPP (Sistema de Transporte Público de Passageiros).

Gabriel Ferreira/TV JORNAL
Transporte público brasileiro perdeu 11 milhões de passageiros em 2021 - Gabriel Ferreira/TV JORNAL

Esta fase é talvez a mais relevante, pois são elaborados os modelos formados por um conjunto de equações e inequações. Uma das equações tem a função de medir a eficiência para a solução proposta, que a princípio deve ser única, no que se refere à otimização a ser atingida. Mas, não existe um modelo capaz de captar toda a realidade do funcionamento do sistema.

O modelo será adequado quando o seu desempenho estiver próximo da realidade. Por sua vez, a capacidade de um processo fica determinada pelos recursos de que o sistema dispõe para desempenhar as suas atividades. Pessoas (número e habilidades), equipamentos, espaço, estoques, veículos etc. são exemplos de recursos que determinam a capacidade de prestação de um serviço de transporte.

A gestão da capacidade em um sistema prestador de serviços, principalmente, o serviço público de transporte, é um dos principais desafios gerenciais. Segundo especialistas, em temas de serviços, a forma como a capacidade é gerida pode implicar na insustentabilidade econômica e ineficiência do modelo. Isto porque o dimensionamento da capacidade afeta o desempenho da empresa prestadora do serviço, pois tem impacto nos investimentos e nos custos operacionais.

O equilíbrio perfeito entre oferta e demanda quase nunca é alcançado, mas existem estratégias que permitem uma adequada gestão da capacidade nesses serviços, assim como alguns mecanismos que possibilitam, no curto prazo, aproximar a capacidade à demanda, reduzindo as situações de excesso ou de falta de capacidade. Essa decisão sobre o nível de serviço deve levar em conta a essencialidade e a existência, ou não, de sistemas substitutos. A grande impedância dessa estratégia é o custo da ociosidade dos recursos quando a demanda é muito inferior ao nível de capacidade fixado.

A visão estocástica para o nível de serviço deve ser utilizada. Essa mudança pode ser entendida, então, como a probabilidade de que a demanda máxima prevista é satisfeita. Decidir qual a parcela da demanda máxima que o sistema pretende, significa determinar o nível de serviço oferecido à sociedade.

Uma vez decidido o nível de serviço, a empresa prestadora dimensiona os recursos necessários para atender aquele nível. Na prática, o nível costuma ser definido de acordo com a natureza do serviço prestado, ou seja, o tempo decorrido entre uma parada e outra.

Existem abordagens quantitativas para determinar o percentual ótimo da demanda máxima, ou seja, o nível de serviço. Um dos métodos que tem merecido mais atenção na literatura é a análise incremental entre o custo de faltar capacidade e o custo de sobrar capacidade.

Este método propõe que a empresa deve aumentar o nível de capacidade até o ponto em que o retorno esperado gerado pelo incremento marginal exceda a perda esperada para o último atendimento.

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