O mês de janeiro se aproxima e, com ele, os reajustes das passagens do transporte público coletivo no Brasil: ônibus, metrôs, trens e até mesmo VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos). Já é uma regra nacional.
Janeiro de 2023, entretanto, poderá ser diferente de outros anos em algumas cidades e Estados. Não só porque o uso do transporte público como justiça e inclusão social ganhou força no Brasil com a adoção do Passe Livre nas Eleições 2022 - quando quase 400 cidades e todas as capitais brasileiras adotaram a Tarifa Zero principalmente no segundo turno -, mas também porque a crise econômica tem pesado no bolso dos passageiros.
E, como consequência dessa fuga, a debandada do passageiro para outros modais de transporte, como as motos, o Uber e a 99 Moto, a bicicleta e a caminhada em algumas situações. Não é à toa que somente os ônibus perderam quase 11 milhões de passageiros durante a pandemia.
AUXÍLIO TRANSPORTE PÚBLICO
Além de todos esses fatores, a sociedade precisa cobrar e os gestores públicos considerar, os R$ 2,5 bilhões do chamado Auxílio Transporte Público, a ajuda federal dada para cobrir os custos com a gratuidade dos idosos.
O valor, inserido na chamada PEC Kamikaze, aprovada como estratégia do governo federal para tentar vencer as Eleições 2022, foi dividido entre 19 estados, 535 municípios brasileiros e o Distrito Federal. Somente Pernambuco recebeu R$ 130 milhões, além de R$ 10 milhões para o Metrô do Recife.
CONGELAMENTO DAS PASSAGENS
Na quarta-feira (7/12), o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), levantou a possibilidade de congelar as tarifas de ônibus, trens e metrô na capital paulista em 2023. Afirmou, ainda, que já estaria em negociação com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), um entusiasta da medida e que, logo após as Eleições 2022, solicitou um estudo sobre a viabilidade da gratuidade no transporte na capital paulista.
"Acho uma coisa muito viável. É questão de acertar o tamanho do subsídio, mas acho muito viável de acontecer", afirmou Tarcísio de Freitas. Em São Paulo, atualmente o valor das tarifas de cada meio de transporte é de R$ 4,40. Em Pernambuco, por exemplo, o Anel A, utilizado por 83% dos passageiros, é apenas R$ 0,30 mais barato: R$ 4,10.
TARIFA ZERO
O governador eleito de São Paulo cogitou, ainda, uma possível implantação da Tarifa Zero, embora com bem menos empolgação. Ao jornal Folha de São Paulo, Tarcísio disse que a ideia é difícil e desafiadora, mas que seria debatida.
"Estaremos abertos para discutir isso com a prefeitura, e temos sido parceiros nisso. Só que eu vejo uma dificuldade financeira de isso se sustentar", afirmou, acrescentando que seria necessário aplicar a Tarifa Zero aos três modais ao mesmo tempo.
Isso porque, no caso da capital paulista, devido à ampla integração entre ônibus, metrôs e trens, seria quase inviável conceder um benefício desse porte a apenas um dos modais. Seria injusto socialmente e complicado operacionalmente. Já que a prefeitura gerencia a operação dos ônibus e o governo do Estado cuida do transporte metroferroviário.
Segundo cálculos da SPTrans, atualmente já existe uma diferença entre o valor da passagem definido pela prefeitura (R$ 4,40 desde janeiro de 2020) e o seu custo, de R$ 7,96. Para amenizar de alguma forma esse impacto no bolso do cidadão, a prefeitura repassa às empresas de ônibus um subsídio, renomeado como tarifa de remuneração. O subsídio foi de R$ 4,6 bilhões em 2022 e, em 2021, o repasse foi de R$ 3,3 bilhões.
PERNAMBUCO
A situação em Pernambuco ainda não tem qualquer definição. As passagens de ônibus - sistema gerido pelo governo do Estado - aumentaram quase 10% no início de 2022, mas com a mudança de gestão, o silêncio predomina.
A equipe do governador Paulo Câmara (PSB) não tem mais porque se posicionar - o que é o correto, já que a gestão está no fim - e a da governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) silencia.
Diversas informações foram solicitadas pela equipe de transição e entre elas há vários questionamentos que irão embasar a decisão do futuro governo estadual. Mas por enquanto o silêncio predomina e é impossível saber se Raquel Lyra irá ou não aumentar as passagens em janeiro de 2023.
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