SEMANA SANTA: RESTAURAÇÃO da BR-232 é URGENTE, defendem entidades de ENGENHARIA

Engenheiros apontam que a insegurança viária da BR-232, provocada por anos de abandono, só será resolvida com a restauração da rodovia
Roberta Soares
Publicado em 06/04/2023 às 15:53
BR-232 virou uma estrada remendada e, por isso, perigosa diante da velocidade desenvolvida pelos veículos. Lembra uma ‘montanha-russa’. Especialmente no sentido Recife-Interior, as pistas em concreto predominam Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


A trafegabilidade segura da BR-232, principal eixo rodoviário para o Interior de Pernambuco, está tão comprometida que, na visão de entidades de engenharia, a restauração dos 130 quilômetros entre o Recife e o município de Caruaru, no Agreste pernambucano, é mais do que urgente. É urgentíssima.

E não existem argumentos do poder público que possam mudar essa percepção. Dizer que não há recursos para refazer a rodovia, sejam estaduais, federais ou os dois juntos, é algo inaceitável na visão de duas entidades de peso na engenharia civil brasileira: o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE) e a Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc).

“A importância da rodovia não é só ligar um ponto a outro. É por ela que transportamos bens e serviços. Por isso, a restauração da BR-232, independentemente do valor que venha custar, precisa ser feita e, principalmente, ser entendida como investimento e, não, custo. Investir em infraestrutura é oportunidade. É fundamental para que as cidades possam crescer”, alerta Adriano Lucena, presidente do CREA-PE.

AUSÊNCIA DE INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA

O engenheiro defende, ainda, que o governo de Pernambuco precisa investir e ir em busca de recursos para as obras rodoviárias. Sem adotar o discurso de que somos pobres.

“As últimas grandes obras que tivemos foram a duplicação da BR-101 entre o Rio Grande do Norte e Alagoas e, posteriormente, a da BR-408, entre São Lourenço da Mata (Grande Recife) e Carpina (Mata Norte), além da BR-104 (Agreste), que segue incompleta até hoje”, lembra.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM - A BR-232 virou uma estrada remendada e, por isso, perigosa com velocidade. Problemas exigem a completa restauração da rodovia

“Depois dessas obras, não tivemos mais nada. Passamos oito anos do governo Eduardo Campos e outros oito anos da gestão Paulo Câmara sem nenhuma grande obra. Não temos outra Celpe para vender”, segue alertando.

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“A restauração da BR-232 é é essencial, fundamental e crucial. E a duplicação também deve ser ampliada de São Caetano (Agreste) até Salgueiro (no Sertão pernambucano). Temos que pensar em projetos para os próximos 12 anos”, finaliza o presidente do CREA-PE.

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RECURSOS SOBRANDO

O engenheiro Stênio Cuentro, presidente da Abenc, referenda as declarações do presidente do CREA-PE. E vai além: lembra que não faltam recursos. Faltam projetos e prioridades.

“O orçamento do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para investimentos em 2022 foi de R$ 90 bilhões e apenas R$ 6 bilhões foram gastos. Isso não pode acontecer”, critica.

Stênio Cuentro reforça o perigo da BR-232 e a urgência da restauração. Critica, ainda, a solução de tapa-buraco que vem sendo adotada na rodovia.

“A restauração precisa sair. O pavimento está completamente deformado e a obra de duplicação até hoje não foi recebida oficialmente pelo Estado devido aos vícios de construção”, diz.

“Também é preciso controlar o excesso de carga dos veículos, que está deformando as placas. Temos caminhões que deveriam transportar 6 toneladas por eixo e está transportando 15 toneladas. Isso não pode acontecer”, alerta.

DUPLICAÇÃO DA BR-232 ATÉ HOJE NÃO FOI RECEBIDA OFICIALMENTE PELO ESTADO

Os problemas técnicos da duplicação da BR-232 são antigos e começaram um ano depois da obra ser concluída, por volta de 2007. A ausência de um dreno no acostamento ao longo da rodovia foi o grande problema, que até hoje é discutido numa ação sem fim na Justiça Federal em Pernambuco.

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E, pelos últimos cálculos feitos pelo governo de Pernambuco, ainda na gestão do PSB, a recuperação dos 130 quilômetros até Caruaru custaria pelo menos R$ 200 milhões. Já se falou, inclusive, numa quantia entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões.

O valor da restauração representaria quase a totalidade do que foi gasto na duplicação da rodovia, 17 anos atrás, que custou R$ 400 milhões - recursos da privatização da Celpe.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM - A BR-104, que faz a conexão entre a BR-232 e a PE-145, ainda aguarda a conclusão da duplicação. Restos do que deveria ser um viaduto seguem na rodovia

RODOVIA BR-232 ESTÁ INSEGURA

O governo de Pernambuco - aí leia-se, predominantemente, sob a gestão PSB, mais do que o novo governo Raquel Lyra (PSDB) - conseguiu livrar a BR-232, eixo rodoviário principal para o interior, dos buracos que comprometeram a circulação na rodovia por muitos anos.

Mas, em outros trechos, principalmente onde a pista é de concreto, a BR foi piorando e, na ausência de uma solução correta, o poder público seguiu na velha, equivocada e custosa solução de jogar asfalto sobre o concreto.

Assim, a BR-232 virou uma estrada remendada e, por isso, perigosa diante da velocidade desenvolvida pelos veículos. Lembra uma ‘montanha-russa’. Especialmente no sentido Recife-Interior, as pistas em concreto predominam. 

 

 

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