AEROPORTO DO RECIFE: desativação de sistema de orientação de POUSOS segue. Veja o que diz a Força Aérea Brasileira

Aena Brasil se eximiu da responsabilidade, alegando que o religamento é atribuição dos órgãos aeronáuticos. Enquanto a FAB condicionou às obras da pista, realizada pela concessionária
Roberta Soares
Publicado em 22/06/2023 às 16:47
Aeroporto Internacional do Recife é um dos administrados pela Aena Brasil. Denúncia foi feita por pilotos ao JC, que alertam que os transtornos poderiam ser evitados Foto: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM


A desativação do sistema de orientação de pousos do Aeroporto Internacional do Recife, que já provocou o desvio de pelo menos 23 voos devido às chuvas e prejudicou centenas de passageiros, segue. Por isso, caso chova muito, o risco de mais voos terem que arremeter e serem desviados para outros aeroportos da região continua.

Depois de a Aena Brasil, concessionária que administra o terminal de passageiros, divulgar uma nota de apenas duas linhas se eximindo da responsabilidade sobre o religamento do sistema, a Força Aérea Brasileira (FAB) se posicionou condicionando o religamento do equipamento às obras que estão sendo executadas na pista.

O equipamento em questão é o Sistema de Pouso por Instrumento (Instrument Landing System - ILS), um dispositivo fundamental para auxiliar os pilotos até obterem contato visual com a pista de pouso.

Esse contato visual só seria possível a partir dos 200 pés de altura (o equivalente a 61 metros de altura). Até chegar a esse patamar, só é possível realizar o procedimento de pouso com o ILS.

Segundo a denúncia feita ao JC, sem conseguir realizar a aterrissagem em dias de chuva, já que não têm a orientação do equipamento, os pilotos precisam arremeter as aeronaves e seguir para outros aeroportos da região - como aconteceu na quarta-feira (14/6).

AEROPORTO DO RECIFE desativa sistema de orientação de pousos e DESVIO DE VOOS poderá ser comum quando chove. Entenda

Para quem não sabe, arremeter é um procedimento no qual o piloto de uma aeronave retoma o voo depois de falhas no processo de pouso ou quando o piloto não tem referência visual da pista. A arremetida pode ocorrer ainda em voo, durante a reta final ou após a aeronave ter "tocado" a pista. E, geralmente, assusta os passageiros.

SEGURANÇA NOS POUSOS É GARANTIDA

Embora seja decorrente das obras previstas no contrato de concessão e, principalmente, das alterações na pista (como o deslocamento das cabeceiras para implantação das áreas de segurança de fim de pista, chamada de RESA - Runway End Safety Area), a responsabilidade pelo equipamento e sua manutenção são dos órgãos de navegação aérea, no caso, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) da FAB.

BOBBY FABISAK/JC IMAGEM - Pilotos alegam que essas obras de infraestrutura, embora importantes, poderiam ter sido antecipadas ou adiadas para um período de sol, quando o uso do ILS não fosse tão imprescindível

Na nota, a FAB explica que o desligamento foi feito por segurança, mas deixa claro que o ILS só poderá ser religado após a conclusão das obras, que segundo a denúncia feita ao JC acontecerá no dia 29 de julho. E que a realocação é responsabilidade da concessionária - no caso a Aena. A FAB também garante que a segurança para pousos no aeroporto está mantida com procedimentos de aproximação por instrumentos que direcionam a aeronave com segurança para o rumo da pista.

Confira a nota da FAB na íntegra:

“Com o objetivo de manter a segurança da operação, o ILS (Instrument Landing System) do aeroporto em questão está inoperante. Após a implantação de uma área de segurança de fim de pista (Runway End Safety Area), foi necessário modificar a posição da cabeceira da pista de pouso e, com isso, realizar adaptações no ILS instalado.

Durante este processo, é preciso manter o auxílio à navegação aérea Glide Slope desligado até que seja concluída a reinstalação na nova posição da cabeceira de pista, já que o equipamento é responsável por oferecer uma rampa eletrônica para a aeronave durante a fase final do pouso.

No que se refere à Segurança Operacional, o equipamento só poderá ser colocado em operação após o cumprimento de todos os itens previstos nas legislações referentes ao Plano de Proteção do Aeródromo e demais auxílios e Sistema de Pouso por Instrumentos.

A responsabilidade pela realocação do ILS é da concessionária do aeroporto, sob a supervisão do CINDACTA III (Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). Todo o processo de homologação é feito atendendo aos parâmetros de segurança previstos no MCA 63-4 - Homologação, Ativação e Desativação no âmbito do SISCEAB (Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro).

Na indisponibilidade do ILS, o aeródromo de Recife dispõe dos procedimentos de aproximação por instrumentos VOR (Very High Frequency Omnidirectional Range), procedimento balizado por uma antena no solo, e RNP (Required Navigation Performance), este balizado por GPS. Ambos os procedimentos por instrumentos direcionam a aeronave com segurança para o rumo da pista”.

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