Mesmo com o programa federal de incentivo à indústria automobilística a pleno vapor, a Volkswagen anunciou nesta terça-feira (27/6) que vai suspender temporariamente a produção nas fábricas de São José dos Pinhais, no Paraná, São Bernardo do Campo e Taubaté, em São Paulo, devido ao que definiu como ‘estagnação’ do mercado automotivo.
A montadora diz que a suspensão vai acontecer enquanto as medidas de incentivo ao carro popular, adotadas pelo governo federal no início de junho, não se refletem no número de licenciamentos de automóveis.
Dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) confirmam o lamento da montadora. Até segunda-feira (19/6) a média era de 6.285 unidades vendidas por dia. O número, que inclui veículos leves e pesados, indica uma diminuição de 20,4% na comparação com o mesmo período de maio.
Ou seja, como advertido por muitos críticos, o programa criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não teve um efeito prático na economia e ainda comprometeu a imagem do País diante da crise climática mundial ao estimular a compra de carros no lugar de lançar programas focados no transporte coletivo e na mobilidade ativa.
E olha que são R$ 500 milhões em subsídios às montadoras para que barateiem o preço dos carros ditos populares (quantia para os chamados veículos leves).
A Volkswagen disse que a fábrica de São José dos Pinhais (PR) está com um turno em layoff ( suspensão temporária de um contrato de trabalho ou a redução da remuneração e da jornada de trabalho) desde o dia 5 de junho, com duração prevista entre dois e cinco meses. O outro turno estará parado desde a segunda (26) e a sexta-feira (30), em regime de banco de horas.
Já na unidade de Taubaté (SP), os dois turnos de produção estarão interrompidos durante esta semana, também em regime de banco de horas. Na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, a empresa protocolou férias coletivas de dez dias para os dois turnos a partir de 10 de julho.
A Volkswagen afirma que as ferramentas de flexibilização estão previstas em acordo coletivo firmado entre o sindicato e seus funcionários.
Segundo o governo federal, as montadoras já solicitaram 84% dos R$ 500 milhões destinados aos descontos dos carros, o que corresponde a R$ 420 milhões. O dado foi divulgado na última sexta-feira (23) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Os descontos patrocinados pelos cofres públicos vão de R$ 2.000 a R$ 8.000, mas muitas empresas têm aplicado margens maiores por conta própria.