Incendiar ou depredar ônibus como ato de vandalismo, de intimidação, protesto contra desigualdades sociais ou abusos, são gestos comuns no Brasil. Mesmo quando o transporte público nada tem a ver com a situação. Infelizmente.
O incêndio de um ônibus - mais um carro e uma motocicleta - por ordem do tráfico de drogas no Alto José Bonifácio, bairro da periferia da Zona Norte do Recife, nesta quarta-feira (13/12), é mais um exemplo desse hábito violento e desproporcional, já que são os ônibus que mais atendem à população.
Nos últimos cinco anos, um ônibus foi incendiado a cada dois dias no Brasil, em média - mesmo durante a pandemia de covid-19. A conta é feita pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). E só cresce. A população segue destruindo os coletivos como forma de protesto contra as mais variadas reivindicações.
Desde que a NTU iniciou o levantamento, ainda em 1987, até abril de 2022, foram incendiados 4.674 ônibus no País. Isso equivale a um prejuízo de R$ 1,9 bilhão para as operadoras do sistema de transporte público coletivo urbano por ônibus.
Esse custo, segundo a NTU, é relativo principalmente à reposição dos veículos e que é coberto apenas pelas empresas. Além da reposição da frota (cerca de R$1,8 bilhão), o prejuízo financeiro decorrente desses incêndios, gerado pelos passageiros não transportados e também pela perda de produtividade (horas não trabalhadas), soma R$ 128,1 milhões.
Somente em 2023, foram 86 ocorrências de janeiro a outubro. No 10º mês do ano já há um aumento de 37% diante de 2022 inteiro. O resultado foi puxado pela queima de veículos em outubro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
35 ÔNIBUS INCENDIADOS NO RIO DE JANEIRO
Em outubro deste ano, a morte de um chefe da milícia carioca provocou um caos na Zona Oeste do Rio de Janeiro e, mais uma vez, o transporte público foi a grande vítima: 35 ônibus - cinco deles BRTs - foram queimados por ordem de criminosos da região. Um trem também foi incendiado.
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O episódio foi o pior ataque criminoso da história do transporte público. E gerou um custo de R$ 38 milhões, prejudicando 2,5 milhões de passageiros apenas na Zona Oeste da cidade.
ENTENDA O INCÊNDIO NA ZONA NORTE DO RECIFE
O ônibus incendiado na manhã desta quarta-feira (13), no Alto José Bonifácio, teria sido usado como retaliação do tráfico de drogas contra a prisão de traficantes do bairro pela polícia pernambucana.
O incêndio aconteceu no terminal de ônibus do bairro, localizado na Rua Alto da Serrinha. O caso teria acontecido por volta das 11h. O coletivo era da empresa Caxangá e fazia a linha 743 - Alto José Bonifácio/João de Barros. Segundo a Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco), a ação criminosa aconteceu quando o veículo estava estacionado no terminal da linha, sem passageiros, mas com o motorista em seu interior.
Por sorte, ninguém ficou ferido. Mas, o ônibus, avaliado em aproximadamente R$ 300 mil, foi totalmente destruído. Em outro vídeo, gravado na terça-feira (12), mostra o que teria sido uma tentativa de incendiar um ônibus. As imagens mostram um galão que teria gasolina derramada no coletivo.
Seria a terceira vez que um veículo é incendiado na comunidade em três dias. Na segunda-feira (11), um carro e uma moto também foram incendiados.