A violência promovida pelo tráfico de drogas no Alto José Bonifácio, bairro da periferia da Zona Norte do Recife, segue prejudicando a população. Depois de ter um ônibus avaliado em R$ 750 mil completamente queimado, na manhã de quarta-feira (13/12), agora os moradores ficaram sem o serviço de transporte público.
Por medo da violência e de novos ataques aos coletivos, a Empresa Caxangá, operadora da linha que teve o coletivo incendiado, decidiu, autorizada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), transferir o atendimento para os terminais próximos. Assim, o Alto José Bonifácio ficou sem as duas linhas e os 12 ônibus que a atendiam.
A Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco) explicou, ainda, que a operação teve que ser suspensa, inclusive, devido ao incêndio, já que o ônibus incendiado permanecia no local e a utilização da área estava inviável.
No bairro, o clima entre os moradores é de medo. Muitos passageiros tiveram que fazer uma longa caminhada até outras paradas, o que cansa e atrasa o deslocamento para o trabalho e a volta para casa.
“A situação está muito difícil para os moradores do bairro e adjacências. Isso nunca aconteceu aqui. Tive que descer do Alto para tentar pegar um coletivo e estou esperando há 40 minutos. Preciso chegar a uma audiência e não sei se conseguirei. Além das dificuldades, estamos com medo, evitando sair de casa. Vivemos numa prisão”, afirmou Wellington Andrade, administrador que reside no Alto José Bonifácio.
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Confira a nota da Urbana-PE:
“A operação do terminal do Alto José Bonifácio foi momentaneamente transferida para os terminais mais próximos até que seja possível restabelecer o serviço na área. A linha será recomposta com um veículo da frota reserva da empresa”.
No bairro, o clima entre os moradores é de medo. Muitos passageiros tiveram que fazer uma longa caminhada, até outras paradas, o que cansa e atrasa o deslocamento para .o trabalho e a volta para casa.
ENTENDA O INCÊNDIO NA ZONA NORTE DO RECIFE
O ônibus incendiado na manhã desta quarta-feira (13), no Alto José Bonifácio, teria sido usado como retaliação do tráfico de drogas contra a prisão de traficantes do bairro pela polícia pernambucana.
O incêndio aconteceu no terminal de ônibus do bairro, localizado na Rua Alto da Serrinha. O caso teria acontecido por volta das 11h. O coletivo era da empresa Caxangá e fazia a linha 743 - Alto José Bonifácio/João de Barros. Segundo a Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco), a ação criminosa aconteceu quando o veículo estava estacionado no terminal da linha, sem passageiros, mas com o motorista em seu interior.
Por sorte, ninguém ficou ferido. Mas, o ônibus, avaliado em aproximadamente R$ 750 mil, foi totalmente destruído. Em outro vídeo, gravado na terça-feira (12), mostra o que teria sido uma tentativa de incendiar um ônibus. As imagens mostram um galão que teria gasolina derramada no coletivo.
Seria a terceira vez que um veículo é incendiado na comunidade em três dias. Na segunda-feira (11), um carro e uma moto também foram incendiados.
INCÊNDIOS DE ÔNIBUS CRESCEM NO BRASIL
Nos últimos cinco anos, um ônibus foi incendiado a cada dois dias no Brasil, em média - mesmo durante a pandemia. A conta é feita pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). E só cresce. A população segue destruindo os coletivos como forma de protesto contra as mais variadas reivindicações.
Desde que a NTU iniciou o levantamento, ainda em 1987, até abril de 2022, foram incendiados 4.674 ônibus no País. Isso equivale a um prejuízo de R$ 1,9 bilhão para as operadoras do sistema de transporte público coletivo urbano por ônibus.
35 ÔNIBUS INCENDIADOS NO RIO DE JANEIRO
Em outubro deste ano, a morte de um chefe da milícia carioca provocou um caos na Zona Oeste do Rio de Janeiro e, mais uma vez, o transporte público foi a grande vítima: 35 ônibus - cinco deles BRTs - foram queimados por ordem de criminosos da região. Um trem também foi incendiado.
O episódio foi o pior ataque criminoso da história do transporte público. E gerou um custo de R$ 38 milhões, prejudicando 2,5 milhões de passageiros apenas na Zona Oeste da cidade.