Sem aumento das passagens, receio é que governo de Pernambuco reduza o serviço de ônibus no Grande Recife e faça cortesia com o "chapéu" do passageiro
É preciso estar alerta para que o mesmo governo não provoque, com a decisão política-administrativa, a redução da oferta do serviço no Grande Recife. E mais: que deixe de fazer e estimular investimentos no sistema, que está ruim, com intervalos gigantes entre os coletivos, uma frota velha e sem qualquer melhoria para o passageiro
Nenhum passageiro dos ônibus que operam na Região Metropolitana do Recife vai reclamar da proposta do governo de Pernambuco de não aumentar a tarifa em 2024 e ainda unificar os anéis tarifários cobrados. Isso é fato.
Mas é preciso estar alerta para que o mesmo governo não provoque, com a decisão política-administrativa, a redução da oferta do serviço no Grande Recife. E mais: que deixe de fazer e estimular investimentos no sistema, que está ruim, com intervalos gigantes entre os coletivos, uma frota velha e sem qualquer melhoria para o passageiro.
Ou seja, como se diz popularmente: que o governo de Pernambuco não faça “cortesia com o chapéu dos outros”. E, nesse caso, com o chapéu dos passageiros.
O alerta é válido porque, embora a gestão Raquel Lyra tenha optado por não reajustar as passagens do Grande Recife em 2023, no primeiro ano de governo - sob o argumento de que precisava, primeiro, moralizar o sistema -, o que os usuários viram no decorrer do ano foi a precarização do serviço, inclusive com a redução da frota de coletivos sem nenhum aviso prévio à população.
GOVERNO RETIROU 200 ÔNIBUS DE OPERAÇÃO PARA REDUZIR CUSTOS
Foram 200 ônibus a menos considerando o início de 2023. A redução foi descoberta em agosto de 2023, mas teria sido iniciada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) entre junho e julho. Foi feita a partir das programações de férias, quando todo passageiro sabe que há uma redução dos coletivos nas ruas. Mas, historicamente, essa redução era recomposta com o fim das férias, o que não aconteceu.
Se o comparativo for feito em relação a 2019, antes da pandemia de covid-19, eram 300 ônibus a menos, o que amplia os intervalos e faz com que os veículos circulem cada vez mais cheios, gerando ainda mais desconforto para os passageiros.
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Em novembro de 2019, o sistema operava com uma frota de 2.459 coletivos no Grande Recife. Em novembro de 2022, eram 2.326. E, em agosto de 2023, estavam em operação apenas 2.132.
O CTM recompôs parte da frota e, segundo dados oficiais, atualmente são 2.375 ônibus em operação, com uma demanda de 1,3 milhão de passageiros catracados (que pagam) por dia. As gratuidades não estão incluídas.
OTIMIZAÇÃO DO SERVIÇO
A solução de redução, na época, teria sido provocada porque o Estado buscava equilibrar a conta entre receita e despesa do sistema. Essa conta não fecha desde a crise sanitária de covid-19 porque o número de passageiros segue em 75% do pré-pandemia.
O que o setor operacional definiu como redução, o governo de Pernambuco chegou a chamar de otimização do serviço, já que as empresas passaram a receber pelo custo e, não mais, pelo passageiro transportado. A mudança aconteceu em 2020, no auge da pandemia de covid-19 e para garantir que a frota de ônibus fosse bem superior à demanda de passageiros por respeito às regras sanitárias.
O CTM não quis se pronunciar sobre o assunto.