TRANSPORTE PÚBLICO

Ônibus: crise no sistema de transporte público faz empresa de ônibus entregar linhas no Grande Recife. Confira qual a empresa e as linhas

Na semana passada, uma das oito empresas permissionárias (sem contrato licitado) entregou linhas que opera no Grande Recife e solicitou a unificação e a permuta de outras

Imagem do autor
Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 13/03/2024 às 13:20 | Atualizado em 15/03/2024 às 14:51
Notícia
X

Como previsto e alertado, o reajuste zero das passagens de ônibus e até mesmo a unificação dos anéis tarifários pelo menor valor não foram suficientes para melhorar o sistema de transporte público da Região Metropolitana do Recife. A crise do setor continua e só se agrava. Na semana passada, uma das oito empresas permissionárias (sem contrato licitado) entregou linhas que opera no Grande Recife e solicitou a unificação e a permuta de outras.

E quem vai ser o maior prejudicado com a entrega? O passageiro, não se engane. E o passageiro que reside em bairros da periferia da Região Metropolitana do Recife, que leva mais tempo para chegar ao destino e conta com uma frota velha e quase nenhuma prioridade nos corredores e avenidas por onde os ônibus circulam.

O pedido foi feito oficialmente ao governo de Pernambuco - gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP/RMR) pela empresa Vera Cruz (Expresso Vera Cruz Ltda), uma das operadoras que vem dando sinais de dificuldades operacionais e financeiras há bastante tempo, inclusive com recordes de reclamações dos passageiros que a utilizam.

No documento, a empresa pede para devolver ao Estado a operação de nove linhas na área Sul do Recife, em Jaboatão dos Guararapes, no Cabo de Santo Agostinho e em Ipojuca. E mais: pede a unificação de duas linhas, o compartilhamento e a permuta de outras cinco linhas.

A Vera Cruz alega que, apesar de ter vencido a licitação do Lote 4 da licitação das linhas realizadas ainda em 2014 e revogada pelo governo de Pernambuco em 2019, dez anos depois a situação ficou impraticável. “Passados quase dez anos da licitação, é inconteste que o Lote 04 é o que apresenta maior déficit operacional em todo STPP/RMR, pois 66% dos seus passageiros transportados, são integrados”, alega.

A Vera Cruz explica que, desde a implantação da Linha Sul do Metrô, e dos terminais integrados, a empresa acumula déficit, acarretando o consequente e reiterado desequilíbrio econômico-financeiro da operação. E que a empresa São Judas Tadeu agravou a crise, ao ser contemplada com várias linhas “superavitárias” para circular em Jaboatão dos Guararapes, área de atuação da empresa.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
E quem vai ser o maior prejudicado com a entrega? O passageiro, não se engane. E o passageiro que reside em bairros da periferia da Região Metropolitana do Recife, que levam mais tempo para chegar ao destino e contam com uma frota velha e quase nenhuma prioridade nos corredores e avenidas por onde os ônibus circulam - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Para exemplificar, cita as linhas de Curcurana, Comportas e Shopping Recife.

CONFIRA as linhas mudanças solicitadas sob o argumento de racionalização da operação:

1) Unificação de linhas

Unificar as linhas 122 - Vila do Ipsep e 121 - Vila da Sudene, com saída do Terminal Integrado Tancredo Neves.

2) Compartilhamento de linhas

Assumir toda a operação da linha 115 - Afogados/TI Aeroporto e permutar sua participação na linha 118 - Prazeres-Boa Viagem.

Assumir toda a operação da linha 155 - Jordão Baixo/Boa Viagem e permutar toda a operação das linhas 141 - Jardim Monte Verde/TI Tancredo Neves e 142 - Alto Dois Carneiros (Tancredo Neves).

3) Devolução das linhas

110 - Ibura/TI Prazeres
120 - Alto Dois Carneiros/Shopping Recife
135 - UR-10/TI Tancredo Neves
136 - UR-05/TI Tancredo Neves
178 - Porto de Suape/TI Cabo
196 - Nossa Senhora do Ó/TI Cabo
197 - Cabo/Ipojuca
198 - Ipojuca/TI Cabo
199 - Camela/TI Cabo

RECEIO DE ATRASO NO PAGAMENTO DOS SUBSÍDIOS

No documento, a Vera Cruz dá voz a um temor vivido por todo o setor, especialmente entre as permissionárias: de que, para cobrir a decisão política de não aumentar a tarifa e excluir o Anel B, o governo volte a comprometer o repasse dos subsídios às empresas, principalmente as que não têm contrato e que são a maioria.

“Só em 2023 o CTM passou a remunerar as operadoras pelos custos, mas mesmo assim com atrasos nos repasses das receitas que chegaram a durar 180 dias”, diz a empresa.

Para cobrir o déficit da operação com o não reajuste das passagens e a unificação dos anéis tarifários, o Estado decidiu que vai aumentar o subsídio público que vem transferindo para o sistema desde que a licitação das linhas de ônibus foi parcialmente realizada e que em 2023 chegou a R$ 250 milhões por ano.

CONFIRA o documento na íntegra:

Vera Cruz entrega de linhas no Grande Recife by Roberta Soares on Scribd

A expectativa é de que sejam necessários mais R$ 60 milhões para cobrir a unificação dos anéis e o não realinhamento tarifário. Na prática, entretanto, o setor já especula que esse valor chegará a R$ 100 milhões no fim do ano. Além disso, o custo do novo subsídio precisa ser enviado como projeto de lei do Executivo para aprovação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o que ainda não foi feito.

A Coluna Mobilidade procurou o governo de Pernambuco, via CTM, mas o Consórcio não quis se posicionar sobre o assunto por enquanto.

Tags

Autor