Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
TRANSPORTE PÚBLICO

Licitação das linhas de ônibus do Grande Recife, que se arrasta há 11 anos, tem novo capítulo

Cronograma da gestão Raquel Lyra prevê a conclusão do processo de licitação em meados de 2025 e início da nova operação em janeiro de 2026

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Roberta Soares

Publicado em 02/06/2024 às 9:00
Governo de Pernambuco contratou empresa para ajudar nos estudos que vão embasar a conclusão da licitação das linhas de ônibus do Grande Recife
Governo de Pernambuco contratou empresa para ajudar nos estudos que vão embasar a conclusão da licitação das linhas de ônibus do Grande Recife - PAULO DANIEL/JC IMAGEM

A quase lendária conclusão da licitação das linhas de ônibus da Região Metropolitana do Recife - que se arrasta há onze anos, vale destacar - ganhou um novo capítulo em Pernambuco. Dando sequência à revisão da rede de transporte público para fundamentar o futuro processo licitatório, o governo do Estado contratou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para ser parceira na remodelagem.

A contratação da entidade foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 1º de maio e é válida por seis meses. Em novembro deste ano, quando encerra o contrato, os estudos realizados pela Fipe deverão ser entregues ao Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) - gestor do sistema de ônibus e responsável pela nova licitação.

Serão esses estudos que irão subsidiar uma consulta popular e, posteriormente, o lançamento da licitação - prevista apenas para março de 2025. A parceria com a Fipe terá um custo de quase R$ 171 mil e se soma ao trabalho já desenvolvido com a ANTP (Associação Nacional de Transporte Público), entidade referência em estudos focados no transporte público eficiente.

O diretor de Planejamento do CTM e responsável direto pela nova licitação, Jonathan Valença, explica que a chegada da Fipe é um segundo olhar para aprimorar e qualificar as regras e critérios da futura rede de transporte que será licitada, definidas no projeto até agora. Deixa claro, também, que o processo é dinâmico demais e, por isso, a necessidade de estar sempre revendo a rede projetada.

“A Fipe chega para agregar mais segurança e precisão à licitação dos lotes 3 a 7. Existe, até pela complexidade do tema, muita carência de um processo mais transparente e claro possível, cujas variáveis estejam mensuradas na proposta e com riscos mitigados para que a gente possa entregar ao cidadão pernambucano um sistema de transporte melhor possível”, explica.

A Fipe entra para fazer uma revisão do que foi construído até agora pela ANTP, que vem estudando a rede há mais de um ano. “Será um segundo ponto de vista do trabalho que já vem sendo realizado pela ANTP, que permanece no processo e ainda tem etapas a serem vencidas. Mas verificamos a necessidade de rever o que já foi feito do ponto de vista metodológico e de inserir, se for o caso, melhorias ao projeto, considerando que ele foi construído ainda na pandemia”, pontua Jonathan Valença.

LICITAÇÃO DAS LINHAS DE ÔNIBUS INCOMPLETA HÁ 11 ANOS

Proposta que vinha sendo elaborada desde 2020, prevê um contrato de R$ 15,3 bilhões em 20 anos - renováveis por mais cinco anos - e a divisão da Região Metropolitana em cinco lotes de atuação - YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
 

A nova concorrência abrange cinco lotes (3 a 7) do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR), que correspondem a 75% da rede, com cerca de 260 linhas atualmente operadas por empresas permissionárias, ou seja, sem contrato licitado.

Os cinco lotes chegaram a ser licitados pelo Estado em 2013, com previsão de entrar em operação em 2014 e investimentos de R$ 10,5 bilhões ao longo de 15 anos. Mas os contratos nunca foram assinados porque os custos previstos ficaram altos demais para o Brasil pós euforia da Copa do Mundo de 2014.

Somente 25% da operação do sistema do Grande Recife foi licitada, enquanto que 75% seguiu com operadores permissionários, sem contrato jurídico de operação e dependendo, basicamente, da arrecadação tarifária.

CONFIRA OS NOVOS PRAZOS DA LICITAÇÃO

Os novos prazos da licitação das linhas de ônibus foram apresentados pelo governo de Pernambuco ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). No documento, encaminhado pelo Grande Recife Consórcio de Transportes Metropolitano (CTM), o processo será finalizado e a nova rede de transportes entrará em operação, na prática, apenas no fim de 2025.

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Os contratos com os novos operadores seriam assinados apenas em julho do próximo ano, com o início da transição operacional prevista para o mês de outubro e seguindo pelo prazo de 90 dias. Confira o cronograma estabelecido pelo Estado:

1. Conclusão dos ajustes/revisão dos estudos: julho/2024 e duração de 150 dias

2. Aprovação da documentação do edital revisada pelo CTM e CSTM: setembro/2024 e duração de 30 dias

3. Submissão da documentação ao TCE/PE: dezembro/2024 e duração de 90 dias

4. Publicação do edital: março/2025 e duração de 90 dias

5. Abertura das propostas: junho/2025 e duração de 45 dias

6.Assinatura dos contratos: julho/2025 e duração de 45 dias

7. Início da transição operacional: outubro/2025 e duração de 90 dias

8. Operação efetiva dos lotes 03 a 07 pelas novas concessionárias: janeiro/2026 e duração de 90 dias

O CTM confirmou os prazos.

GOVERNO DO ESTADO, SOB COMANDO DO PSB, REFEZ LICITAÇÃO EM 2022, QUE AINDA NÃO VINGOU

Oito anos depois, em 2022, o governo do PSB retomou o processo com uma nova proposta. Seria um pacote de R$ 15,3 bilhões em 20 anos de contrato - renováveis por mais cinco anos -, dos quais R$ 2,9 bilhões seriam de contraprestações do poder público (subsídios), R$ 2,2 bilhões seriam investimentos e R$ 12,4 bilhões seriam referentes a tarifas e receitas acessórias, como ganhos com publicidade e outras receitas extra tarifárias, por exemplo. Por ano, seria o equivalente a R$ 146 milhões em subsídios públicos e R$ 76.730 milhões em investimentos privados.

PPP NO LUGAR DE CONCESSÃO COMUM

A maior diferença da proposta, defendia o governo de Pernambuco, seria em relação ao modelo de contrato adotado até agora. Não seria uma concessão comum, mas uma Parceria Público Privada (PPP), o que, na visão do Estado, garantiria recursos para o transporte público.

Atualmente, embora o STPP venha recebendo subsídios públicos na ordem de R$ 250 milhões - começou com os dois lotes concessionados -, não é um recurso carimbado, certo no orçamento do governo.

 

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