TRANSPORTE PÚBLICO

Metrô do Recife pede socorro. De novo

Nova quebra de trens do metrô nesta terça-feira (25/6) expõe, mais uma vez, o abandono do sistema sobre trilhos da Região Metropolitana do Recife

Publicado em 25/06/2024 às 10:32 | Atualizado em 26/06/2024 às 11:42
Notícia

Foram pelo menos três paralisações em pouco mais de uma semana no Metrô do Recife. A mais recente, nesta terça-feira (25/6), quando uma composição quebrou, afetando o Ramal Jaboatão da Linha Centro. Falhas que comprometeram mais de 24 horas de operação, vale ressaltar. Esse é o cenário do sistema metropolitano sobre trilhos, que atende a 180 mil pessoas por dia na Região Metropolitana do Recife.

Nesta terça, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), por volta das 7h, um trem apresentou problemas entre as estações Floriano e Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes. Segundo a CBTU, o trem seria rebocado, mas como a população desceu na via, o problema se agravou.

“A composição seria rebocada, mas infelizmente os passageiros desceram à via, ocasionando a paralisação de circulação dos trens entre Jaboatão e Cavaleiro na linha 02. A partir daí ficamos apenas com a via singela (trens nos dois sentidos numa única via), acarretando um atraso generalizado no sistema”, afirmou na nota. E seguiu explicando que a manutenção já tinha sido acionada para resolver o problema.

METRÔ DO RECIFE SOFRE COM SUCATEAMENTO E AUSÊNCIA DE INVESTIMENTOS

SEVERINO SOARES/JC IMAGEM
O Metrô do Recife é quase insuportável de viajar, especialmente nos horários de pico da manhã e noite. São quebras semanais e intervalos de até 20 minutos entre os trens, cada dia mais superlotados - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM

A recente quebra da Linha Centro do Metrô do Recife é mais um reflexo do sucateamento que o sistema metropolitano segue vivendo, mesmo no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Continua sobrevivendo de migalhas. Vivendo com uma contenção de mais de 50% do dinheiro para custeio, ou seja, para garantir a operação em si. Os recursos até são liberados ao longo do ano, mas à conta gotas e ainda assim insuficientes.

Em 2023, o custeio aprovado foi de R$ 112 milhões e chegou um pouco mais: R$ 124 milhões. Para 2024, subiu um pouco: foram aprovados R$ 132 milhões na Lei Orçamentária Anual (LOA). E 90% desse valor é voltado para a continuidade de contratos que garantem a operação. A folha de pagamento dos 1.700 metroviários não está incluída.

INTERVALOS GIGANTES, TRENS SUPERLOTADOS E PERDA DE DEMANDA

Thiago Lucas
Raquel Lyra diz que Estado assumirá o Metrô do Recife se governo Lula acatar condições - Thiago Lucas

O único investimento aprovado até agora foram R$ 30 milhões que serão para a via permanente, tanto da Linha Centro quanto da Linha Sul. E como resultado da ausência de investimentos, o Metrô do Recife sofre com uma operação cada dia mais deficiente, com quebras e falhas como a desta segunda-feira.

Usar o sistema, que hoje tem uma tarifa mais cara do que a dos ônibus - R$ 4,25 -, é um martírio. Além das quebras, os trens operam lotados nos horários de pico devido à frota reduzida.

Os intervalos chegam a 20 minutos mesmo no pico, o que é inaceitável para um sistema metroviário e de alta demanda. A Linha Centro vem operando com apenas 8 ou 9 trens, mesmo no pico. Tem, ao total, 12 composições.

Já a Linha Sul opera com ainda menos: 6 a 7 trens no pico. “É o limite do mínimo”, reconheceu Marcela Campos, superintendente da CBTU no Recife. Esse cenário de desestruturação provoca a perda de confiabilidade no sistema que, junto com as quebras, afasta cada vez mais o passageiro.

São apenas 180 mil passageiros nas duas linhas atualmente. Já foram quase o dobro. E nem o governo federal nem o governo de Pernambuco fazem nada pelo Metrô do Recife, que segue pedindo socorro.

Confira algumas das últimas panes do Metrô do Recife:

JC Imagem
Quebras do sistema são comuns e frequentes há muitos anos - JC Imagem

20 de junho de 2024: a Linha Centro do metrô ficou sem funcionar por dois dias consecutivos. O problema foi provocado por uma queda de energia elétrica após um transformador explodir, afetando os dois ramais da Linha Centro: Camaragibe e Jaboatão.

18 de junho de 2024: A Linha Sul do Metrô do Recife parou de funcionar por causa de um problema na rede aérea entre as estações Imbiribeira e Largo da Paz, na Zona Sul do Recife;

10 de junho de 2024: Todas as estações da Linha Centro amanheceram fechadas por causa de um problema na rede elétrica;

14 de abril de 2024: A linha Sul parou de funcionar por um dia após um trem quebrar e causar um problema na rede elétrica do sistema;

11 de março de 2024: Todas as estações da Linha Sul do Metrô do Recife amanheceram fechadas por causa de um problema na rede de energia;

25 de dezembro de 2023: A Linha Sul não operou por dois dias seguidos, pois um problema na rede elétrica fez com que os trens precisassem de reparos;

26 de novembro de 2023: Passageiros precisaram descer no meio dos trilhos, próximo da Estação Prazeres, por conta de outro problema na rede de energia;

02 de agosto de 2023: Metroviários iniciaram uma greve reivindicando, entre outros pontos, a reestruturação do Metrô do Recife. A operação foi impactada por 25 dias;

20 de junho de 2023: Fios da rede elétrica se romperam e pegaram fogo, suspendendo toda a operação da Linha Centro por um dia.

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