Trânsito: Recife começa a usar os semáforos inteligentes após muitos anos de espera
Foram muitos anos de espera. Equipamentos podem dar maior fluidez ao tráfego porque prevêem programação da rede semafórica em tempo real
Foram muitos anos de espera e muitas críticas às últimas duas gestões municipais, mas, enfim, o Recife começou a usar os semáforos inteligentes, como são chamados os sinais que têm programação em tempo real e, dentro de um limite, conseguem dar mais fluidez à circulação. O investimento inicial é de R$ 1,07 milhão e atenderá, por enquanto, apenas dois corredores de transporte, mas que são de extrema importância para a cidade: as Avenidas Antônio de Góes, principal via de saída da Zona Sul, e Abdias de Carvalho, na Zona Oeste.
Os semáforos inteligentes - oficialmente denominados semáforos adaptativos - permitem uma programação automática dos ciclos semafóricos a partir da análise do tráfego em tempo real Ou seja, mais tempo de verde para as vias por onde estão passando mais veículos - essa é a lógica. Na Antônio de Góes, que tem uma programação semafórica muito associada à Via Mangue, cujo tráfego no sentido subúrbio-Centro deságua nela, a nova tecnologia será usada em todo o corredor - algo próximo a 2 km.
Mas começou exatamente com a substituição dos semáforos instalados no cruzamento da Antônio de Góes com o Túnel Josué de Castro (túnel da Via Mangue), no bairro do Pina, que é um dos pontos mais problemáticos de todo o tráfego de saída da Zona Sul do Grande Recife.
Já na Abdias de Carvalho, corredor de conexão da Zona Oeste com a área central do Recife, os novos semáforos estão funcionando entre a Chesf, no Bongi, e a sede do Sport, na Ilha do Leite. Juntos, os dois corredores recebem mais de 140 mil veículos diariamente e são corredores de ônibus importantes não só para a capital, mas para toda a Região Metropolitana do Recife.
EXPECTATIVA DE GANHOS NA CIRCULAÇÃO
A expectativa dos técnicos da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) é que, com o uso dos semáforos adaptativos, os ciclos semafóricos fiquem mais próximos à necessidade do volume de tráfego do momento. Alegam que essa flexibilidade vai garantir uma redução dos congestionamentos e tempos de espera devido à adaptação contínua ao comportamento do tráfego nas vias.
E que vai ajudar, especialmente, em casos de grandes ocorrências que causem interdições temporárias de trânsito, como obras e manifestações. Haverá um melhor aproveitamento da malha viária e, ainda, representará mais oportunidade de travessias para pedestres, estima a CTTU.
“Haverá mais segurança e eficiência do trânsito com esses novos semáforos. Planejamos que haja redução de congestionamentos na via, agilidade nos reparos em caso de falha nos equipamentos, ajuste automáticos dos tempos de verde e vermelho de acordo com a condição do trânsito, mais segurança para pedestres nas travessias e, ainda, a Central de Operações de Trânsito vai ter um monitoramento em tempo real dessas atividades”, explica a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
ENTENDA A TECNOLOGIA DOS SEMÁFOROS INTELIGENTES
Os semáforos adaptativos são uma solução de engenharia de tráfego necessária para dar sobrevida à capacidade viária das ruas e avenidas. Eles permitem realizar uma programação em tempo real, equilibrada de acordo com o volume do tráfego das vias.
Ou seja, através de sensores, é possível programar mais tempo de verde para uma determinada rua ou avenida que está com mais veículos, em detrimento da outra, com menos tráfego, por exemplo. O sensor de volume, instalado na via, auxilia a programação.
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Esse controle é feito por meio de câmeras com laços virtuais, links de comunicação e software que será capaz de atualizar a programação dos semáforos em tempo real, a depender do volume de veículos. Isso aumenta a capacidade e, consequentemente, melhora a fluidez nas vias de acordo com a demanda verificada pelos sensores.
INVESTIMENTO DE R$ 30 MILHÕES EM 2023
O primeiro passo para implantação dos semáforos inteligentes foi o investimento de R$ 30 milhões que a Prefeitura do Recife fez, em março de 2023, para aquisição de 200 novos controladores e nobreaks, que garantiram maior estabilidade à rede semafórica.
Investimento feito, vale destacar, após dez anos de gestão municipal sob o comando do PSB. E foi o maior investimento em tecnologia de engenharia de tráfego realizado no Recife até hoje - também importante dizer.
Desde lá, o Recife conta com semáforos que se comunicam via 4G, o que garante menos defeitos e maior agilidade de conserto, caso necessário. Além disso, os nobreaks permitem o funcionamento dos grupos semafóricos por até três horas em caso de falta de energia.
INVESTIMENTO NECESSÁRIO PARA MELHORAR A PÉSSIMA IMAGEM DO TRÂNSITO DO RECIFE
O Recife estava mais do que atrasado no uso dos semáforos adaptativos na malha viária da capital. Muitas cidades já adotaram a tecnologia, como é o caso de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Vitória do Espírito Santo (ES), Osasco (SP) e Duque de Caxias (RJ).
Além disso, a capital tem um dos piores trânsitos do Brasil, apontados a partir de registro de índices de congestionamentos feitos por aplicativos de geolocalização. A última pesquisa que apontou esse cenário foi divulgada em setembro de 2023. Segundo o ranking das cidades brasileiras que viram o volume de tráfego explodir em 2023, o Recife é a segunda capital do Nordeste que mais se destacou nas retenções de trânsito.
A capital pernambucana, inclusive, deixou para trás monstros da imobilidade urbana como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. A cidade viu os congestionamentos aumentarem 23% em 2023 em relação com 2022. Perdeu apenas para Fortaleza, que liderou a lista nordestina, com o crescimento dos índices de congestionamento em 30%.
O ranking foi divulgado pelo Waze, aplicativo de orientação e navegação de trânsito usado por mais de 115 milhões de pessoas por mês no mundo, que percorrem uma média de 28 bilhões de quilômetros.