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Por Roberta Soares e equipe
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Rodovias que Perdoam: estradas seguras reduzem custo da saúde pública e da Previdência Social, alerta Instituto Zero Mortes

O conceito de Rodovias que Perdoam, ainda pouco adotado no Brasil, é importantíssimo para reduzir as mortes nas estradas brasileiras

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 04/08/2024 às 9:00
O conceito de Rodovias que Perdoam é importantíssimo para reduzir as mortes nas estradas brasileiras - JC IMAGEM

Ao salvar vidas ou minimizar a gravidade das lesões de motoristas e passageiros, as estradas que adotam o conceito de Rodovias que Perdoam colaboram diretamente para reduzir os custos da saúde pública e, também, da Previdência Social no Brasil. Isso porque, segundo o estudo Impactos Socioeconômicos dos Acidentes de Transporte no Brasil, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), numa parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) da ONU, cada morte no trânsito custa R$2.95 milhões ao contribuinte brasileiro.

Quem faz o alerta é o presidente do Instituto Zero Mortes, Paulo Pêgas. “O conceito de Rodovias que Perdoam é importantíssimo para reduzir as mortes nas estradas brasileiras. É fundamental que as concessões rodoviárias tenham a exigência - como já vem acontecendo -, prevendo bonificações, por exemplo, mas também que haja o investimento do setor público visando a economia com o custo da saúde e da previdência social”, diz.

Paulo Pêgas, entretanto, pontua que o poder público precisa ser convencido da necessidade de fazer os investimentos. “Como vai ser possível reduzir o gasto do governo?. Essa é a grande questão que os gestores fazem. Com a redução das internações hospitalares, que hoje são entre 60% e 70% de vítimas do trânsito. São unidades preparadas para atender outros pacientes, não os do trânsito. Essas vítimas prejudicam as cirurgias eletivas, por exemplo. Então, ao investir em dispositivos de segurança viária, o poder público beneficia a sociedade”, afirma.

IMPACTO NA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA

Rodovias que perdoam: a tecnologia para reduzir mortes e ferimentos nas estradas. Cada morte no trânsito custa R$2.95 milhões ao contribuinte brasileiro - PRF/Divulgação
Com dispositivos variados, o conceito minimiza o impacto dos erros de condutores ao volante. Dão uma segunda chance a motoristas, motociclistas e passageiros - PRF/Divulgação
Rodovias que perdoam: a tecnologia para reduzir mortes e ferimentos nas estradas. Cada morte no trânsito custa R$2.95 milhões ao contribuinte brasileiro - PRF/Divulgação

E segue fazendo o mesmo comparativo em relação à Previdência Social. “O trânsito brasileiro mata, por baixo, 30 mil pessoas por ano, a um custo de R$ 3 milhões cada vida. Ou seja, numa conta rápida, seriam R$ 90 bilhões de despesas públicas com mortes evitáveis. É o valor que supera o déficit primário do País, atualmente de R$ 85 bilhões. Ou seja, se o Brasil cuidar do trânsito, pode não zerar essa conta, mas vai ajudar muito”, alerta.

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Rodovias que Perdoam - Thiago Lucas/ Design SJCC
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Rodovias que Perdoam - Thiago Lucas/ Design SJCC

O especialista ainda alerta para o fato de que os dados de óbitos e mutilações no trânsito são subnotificados e o número de vítimas é ainda maior no País. “Sabemos que o paciente entra na unidade médica vítima de uma colisão ou atropelamento, mas, no decorrer do tratamento, tem a causa do óbito alterada porque é mais fácil para os médicos fazerem o registro. Afinal, existem mais de cem códigos CID (Classificação Internacional de Doenças) para sinistros de trânsito. Assim, é mais prático informar uma falência múltipla dos órgãos ou uma parada cardiorespiratória. Se colocar fraturas múltiplas, por exemplo, o médico terá que anexar laudos e imagens. O que acontece é que a causa do óbito muitas vezes fica sem vinculação com a razão da internação do paciente”, ensina.

POLÍTICA PÚBLICA DE ESTADO E, NÃO, DE GOVERNO

As áreas de escape, por exemplo, são alguns dos dispositivos que puxam as estatísticas positivas para cima. Elas, de fato, salvam vidas de caminhoneiros, motoristas em geral e passageiros do transporte rodoviário - Divulgação/Arteris
Rodovias que perdoam: conheça o conceito que salva vidas e perdoa o erro humano nas estradas - Divulgação/Arteris
Rodovias que perdoam: conheça o conceito que salva vidas e perdoa o erro humano nas estradas - Divulgação/Arteris
Rodovias que perdoam: conheça o conceito que salva vidas e perdoa o erro humano nas estradas - Divulgação/Arteris

O Instituto Zero Mortes defende que o País precisa construir uma solução de Estado, que leve dez, 15 anos para ser implementada, e que não dependa de gestões. “Precisamos de uma solução de Estado, que não seja de prefeito, presidente, governador ou presidente. Basta identificar os pontos críticos, a partir das estatísticas existentes - como as da Polícia Rodoviária Federal, por exemplo - e implantar as soluções de segurança nos pontos críticos de acordo com o tipo e a frequência das ocorrências”, ensina. “E, ao mesmo tempo, prever bonificações para as concessionárias que salvam vidas em suas rodovias, por exemplo”, acrescenta.

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