Após ser provocado pelos empresários de ônibus, o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) vai entrar em cena para tentar acabar com a greve dos motoristas de ônibus, que teve início nesta segunda-feira (12), na Região Metropolitana do Recife. Uma audiência de conciliação está sendo marcada para acontecer nesta terça-feira (13), no TRT-6.
Assim, a greve dos rodoviários entrará no segundo dia de movimento.
Quem está à frente da mediação é o desembargador corregedor do TRT-6 Fábio Farias. Segundo informações oficiais do Tribunal, o magistrado já está analisando o processo e em breve definirá o horário da audiência.
A Justiça do Trabalho foi acionada pelos empresários de ônibus para resolver o mais rápido possível a greve dos motoristas de ônibus. O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) protocolou, logo pela manhã, um pedido de julgamento do dissídio coletivo dos rodoviários.
O entendimento da Urbana-PE é de que não há acordo possível com os rodoviários e, para minimizar os impactos da greve, já acionaram a Justiça do Trabalho para que ela atue como mediadora de um entendimento entre as duas categorias.
APENAS 23% DA FROTA DE ÔNIBUS CONSEGUE DEIXAR AS GARAGENS NO INÍCIO DA MANHÃ
O movimento de greve dos motoristas de ônibus começou com força na manhã desta segunda-feira, primeiro dia da paralisação por tempo indeterminado da categoria no Grande Recife. Apenas 23% da frota de ônibus conseguiu circular pelas ruas nas primeiras horas da manhã.
A informação é da Urbana-PE, que criticou o não cumprimento do que foi determinado pelo governo de Pernambuco. O Estado, que gere o sistema de ônibus na RMR através do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), exigiu a oferta de 70% da frota nos horários de pico (das 5h às 9h) e de 50% nos outros horários. O percentual é equivalente a 1.558 ônibus nos horário de pico e 1.113 ônibus no fora pico.
Em nota, a Urbana-PE informou que garagens foram bloqueadas pelo Sindicato dos Rodoviários, impedindo a circulação da frota. O posicionamento também é de que serão tomadas “todas as medidas possíveis para minimizar os transtornos à população, o que inclui acionar a justiça do trabalho com expectativa de breve julgamento para cessar os prejuízos sistematicamente causados pelas lideranças rodoviárias”. Confira nota completa:
“A Urbana-PE informa que, na madrugada desta segunda-feira (12), o Sindicato dos Rodoviários bloqueou as garagens de todas as empresas de ônibus do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife, impedindo a circulação da frota e o trabalho dos profissionais que não desejam aderir à greve. Alertamos que os bloqueios contam com o envolvimento direto de grupos políticos e pessoas de outros estados, sem relação com a categoria local dos rodoviários.
A atitude do Sindicato dos Rodoviários descumpre tanto a determinação de frota mínima de 70% estabelecida pelo Grande Recife Consórcio de Transporte quanto a Lei 7.783/89, a lei de greve. Até as 6h, apenas 23% da frota estava em operação, comprometendo o direito de ir e vir e causando transtornos para a população.
A Urbana-PE reitera que tomará todas as medidas possíveis para minimizar os transtornos à população, o que inclui acionar a justiça do trabalho com expectativa de breve julgamento para cessar os prejuízos sistematicamente causados pelas lideranças rodoviárias.”
SINDICATO DOS RODOVIÁRIOS COMEMORA A ADESÃO
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, afirmou que, com adesão massiva da categoria, a greve será por tempo indeterminado e que haverá mobilização e manifestações durante todo o dia. Nas primeiras horas do primeiro dia de greve, o sindicato denunciou convocação de motoristas terceirizados e “truculência” da Polícia Militar, que está atuando nas garagens para garantir a circulação de ônibus.
POPULAÇÃO É QUEM SOFRE COM A GREVE DE ÔNIBUS
Como sempre, quem sofreu com a greve dos motoristas de ônibus do Grande Recife foram os passageiros, que a cada dia - quando podem - fogem do sistema de transporte público no Brasil. A falta de acordo entre rodoviários e empresários significou um dia de sufoco para quem depende dos ônibus. Em dias normais, o sistema transporte 1,6 milhão de pessoas por dia.
Como cada greve de ônibus é um teste de força entre operadores e trabalhadores, a população nunca sabe o que vai acontecer e em qual nível o serviço de ônibus será ofertado. Com a pressão do trabalho, muitas pessoas tentam sair de casa e chegar aos compromissos.
E sofrem. “Sai do Janga às 5h20 de Uber porque desde às 4h já tinham pessoas nas paradas esperando. Não sei porque esses empresários dizem que vão colocar ônibus. Quem é sacrificado é o pobre e não os donos de empresas. Vamos gastar dinheiro com Uber para no fim de tudo o sindicato aceitar uma esmola e colocar os motoristas para trabalhar. Muito desrespeitoso”, criticou a passageira Valéria Santos.
Alguns passageiros, entretanto, defenderam o movimento de greve, mesmo no sufoco. “Está difícil sem ônibus, é fato, mas eu entendo o movimento. Se eles não fizerem assim, não conquistam melhorias no trabalho”, defendeu o passageiro Sílvio da Silva, que aguardava ônibus em Paulista e tentava chegar em Igarassu, uma das regiões mais afetadas pela paralisação dos rodoviários.