Greve de ônibus: paralisação dos motoristas de ônibus mais perto no Grande Recife

Rodoviários aprovaram indicativo de greve e devem decidir sobre a paralisação no dia 7/8. Assembleias estão sendo feitas nas portas das garagens

Publicado em 01/08/2024 às 12:08 | Atualizado em 01/08/2024 às 12:13

Mais uma greve dos motoristas de ônibus está perto de acontecer na Região Metropolitana do Recife. Os rodoviários já aprovaram o indicativo de greve nas duas primeiras assembleias volantes que começaram a ser realizadas nesta quinta-feira (1/8), em frente às garagens do Consórcio Novo Recife (Transcol e Pedrosa) e da empresa Globo, na Zona Norte da capital.

As assembleias volantes, inclusive, prejudicaram o início da operação dos ônibus nesta quinta porque as garagens ficam fechadas, impactando na prestação do serviço e afetando os passageiros que entram bem cedo no sistema de transporte público da RMR. As votações estão acontecendo entre 3h e 5h. Os operadores denunciam que o sindicato tem impedido a saída dos coletivos.

SINDICATO COM AUTONOMIA PARA DEFLAGRAR A GREVE APÓS ASSEMBLEIAS

Outras dez assembleias acontecerão - duas por dia - até o dia 7, quando a greve deverá ser decidida. A deflagração do movimento, inclusive, será feita pelo Sindicato dos Rodoviários, sem necessidade de uma nova assembleia. Segundo Aldo Lima, presidente da entidade, o edital das assembleias volantes prevê essa autonomia ao sindicato.

E o sentimento da categoria é de greve mesmo. Sem avanço nas negociações da campanha salarial de 2024, os rodoviários já vêm realizando movimentos de paralisação parcial dos ônibus no Grande Recife há duas semanas - exatamente o período em que a discussão salarial começou a travar.

PARALISAÇÕES TEMPORÁRIAS NOS PRÓXIMOS DIAS

RENATO RAMOS/JC IMAGEM
Na prática, as operadoras teriam oferecido um aumento de 4,2% - ganho real de 0,5% acima da inflação, que está em 3,7% -, o reajuste do vale-alimentação de R$ 366,40 para R$ 400 e o aumento do adicional pela dupla função dos motoristas de R$ 150 para R$ 180. - RENATO RAMOS/JC IMAGEM

Além do indicativo de greve, os rodoviários já avisaram que farão novas paralisações temporárias do serviço nas ruas do Recife até a decisão final sobre a greve.

“Hoje foi aprovado o indicativo de greve e acreditamos que ele será validado em todas as assembleias que iremos fazer nas garagens das empresas até o dia 7. Serão duas assembleias por dia, nas madrugadas. E, de fato, o sentimento da categoria é pela paralisação sim, porque não vimos nenhuma garantia em pontos cruciais para o trabalhador”, afirma o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima.

A categoria reconhece que o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE) apresentou propostas razoáveis sob o aspecto financeiro, mas que elas perdem força porque cláusulas coletivas, fundamentais para os trabalhadores, não estariam sendo revistas.

“É o caso da implantação do plano de saúde, que a Urbana-PE não quis, se quer, assumir um compromisso oficial de que iria adotar mais na frente. Não tivemos isso amarrado, o que gera muita insatisfação na categoria. Outro aspecto é a questão do controle de jornada via GPS, aprovado ainda na gestão passada e que prejudica financeiramente o motorista. Ele está pagando para ir ao banheiro ou beber água entre as viagens, por exemplo. Calculamos uma perda de R$ 264 por mês porque as empresas têm descontado de 5 a 30 minutos”, relata Aldo Lima. 

 
 
 
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Na prática, as operadoras teriam oferecido um aumento de 4,2% - ganho real de 0,5% acima da inflação, que está em 3,7% -, o reajuste do vale-alimentação de R$ 366,40 para R$ 400 e o aumento do adicional pela dupla função dos motoristas de R$ 150 para R$ 180. A categoria reivindica 5% de aumento real, que o valor do vale duplique e que a dupla função suba para R$ 500.

SAÍDA DA VERA CRUZ DO SISTEMA DE ÔNIBUS DO GRANDE RECIFE AGRAVA SITUAÇÃO

GUGA MATOS/JC IMAGEM
As assembleias volantes, inclusive, prejudicaram o início da operação dos ônibus nesta quinta porque as garagens ficam fechadas, impactando na prestação do serviço e afetando os passageiros que entram bem cedo no sistema de transporte público da RMR - GUGA MATOS/JC IMAGEM

A saída da empresa Vera Cruz da operação de ônibus do Grande Recife é outro ponto que está alimentando a campanha salarial porque, até agora, não há garantias de que os profissionais da empresa serão reaproveitados. Uma audiência no Ministério Público do Trabalho (MPT) está agendada para acontecer no dia 7.

Segundo Aldo Lima, a mudança de estratégia para assembleias volantes foi uma opção para evitar o direcionamento das votações. O sindicato alega que grupos de oposição à atual direção são usados pelo setor operacional para votar sempre contra uma greve. 

O fato de 2024 ser ano de eleição no Sindicato dos Rodoviários, com a atual gestão candidata à reeleição, ‘apimenta’ ainda mais a campanha salarial e potencializa a possibilidade de greve efetiva, prejudicando os passageiros.

EMPRESÁRIOS ALERTAM PARA IRREGULARIDADES NAS ASSEMBLEIAS VOLANTES

Por nota, os empresários de ônibus afirmaram ter sido pegos de surpresa com as assembleias volantes e alertaram que o processo não está sendo feito de forma transparente, além de prejudicar a operação e os passageiros. Confira a nota:

RENATO RAMOS/JC IMAGEM
A categoria reivindica 5% de aumento real, que o valor do vale duplique e que a dupla função suba para R$ 500. - RENATO RAMOS/JC IMAGEM

“A Urbana-PE informa que o Sindicato dos Rodoviários bloqueou ilegalmente as garagens de duas empresas de ônibus na manhã desta quarta-feira (01). A atitude das lideranças rodoviárias atrasou a saída da frota e comprometeu o início da operação do transporte público na zona norte do Recife, prejudicando novamente a população. As garagens foram liberadas às 05h30 e a operação já foi normalizada.

A paralisação ocorreu sob o pretexto de realização de assembleias para deliberação sobre a negociação coletiva da categoria. A Urbana-PE alerta que as assembleias ocorreram sem a devida comunicação prévia, divulgadas apenas nas redes sociais na tarde de ontem e sem informar sequer onde seriam realizadas, impossibilitando a plena participação dos rodoviários, especialmente daqueles que trabalham em outros turnos”.

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