Metrô do Recife: paralisação aos domingos é resultado do sucateamento e conta vai para o passageiro
É um soco no estômago. Essa é a verdade. Uma rasteira grande no usuário, que ainda está longe, muito longe, de ser tratado como ‘cliente’
Pouco importa se o passageiro ganhou mais um domingo de operação do Metrô do Recife ou se ganhará mais uns dias especiais, como o domingo de Eleições, por exemplo. O que precisa ser observado e colocado é o prejuízo que uma paralisação como a programada para acontecer no sistema metropolitano aos domingos e por tempo indeterminado traz para o passageiro.
É um soco no estômago. Essa é a verdade. Uma rasteira grande no usuário, que ainda está longe, muito longe, de ser tratado como o tal ‘cliente’, que em todo congresso, seminário ou arena do setor de transporte é proferido milhares de vezes.
Sem dúvida, é gratificante saber que uma manutenção tão importante para sistemas de transporte sobre trilhos está para acontecer no Metrô do Recife, algo não visto há pelo menos dez anos na CBTU Recife. Ainda mais com a perspectiva financeira do Novo PAC Seleções, de R$ 136 milhões, que seria a primeira etapa do projeto, orçado em mais de R$ 200 milhões.
Embora o dinheiro ainda não tenha sido creditado, a garantia foi dada em público e para o País. A CBTU aposta nisso e, por confiar, quer acelerar a troca dos trilhos e dormentes dos muitos trechos críticos das duas linhas elétricas do metrô: a Linha Centro e a Linha Sul.
Mas, como já dissemos, deixar o passageiro sem o metrô aos domingos é um soco no estômago do tal ‘cliente’. Aliás, no de 48 mil pessoas que usam o sistema nesses dias, segundo dados da própria CBTU Recife.
COMO O PODER PÚBLICO DEIXOU O METRÔ DO RECIFE CHEGAR A ESSA SITUAÇÃO?
E o que provoca revolta e precisa ser cobrado do poder público - aí incluídas todas as esferas de poder, não apenas o governo federal - é como se deixou o Metrô do Recife chegar a essa situação.
O sucateamento do sistema metropolitano - fundamental para dar dignidade cidadã a muitas pessoas, principalmente as que residem nos bairros mais distantes do Centro do Recife, em municípios como Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe, por exemplo - vem sendo acompanhado como novela das nove horas por todos, faz tempo.
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Há dez anos o Metrô do Recife não recebe recursos para investimentos, inclusive os de quantias vultosas. Há mais de cinco anos sobrevive com metade - ou um pouco mais do que isso - do orçamento necessário para fazer a operação básica.
Agora, caminha numa estrada de indefinições, com fortes sinalizações de que o sistema será estadualizado e, posteriormente, privatizado. Metroviários estão apreensivos, sem saber o que virá e qual garantia de estabilidade irão conseguir.
E, no meio disso tudo, estão os 160 mil passageiros que precisam do sistema. E, principalmente, os quase 50 mil que o utilizam aos domingos.