Imprudência no trânsito: mais da metade dos donos de motos não são habilitados no Brasil
Estudo da Senatran confirma o que a população percebe nas ruas e tem aumentado desde 2021, quando os apps de transporte com motos foram criados
A explosão de quedas e colisões com condutores e passageiros de motocicletas no País - evidenciada com o crescimento do serviço de aplicativos de transporte com motos, como Uber e 99 Moto, e os delivers - não está acontecendo à toa. Um levantamento realizado pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) constatou que a maioria dos condutores de motocicletas do País não é habilitada, confirmando a imprudência e a inabilidade que a população já percebe nas ruas há muito tempo e que tem aumentado desde o fim de 2021, quando os apps de transporte com motos foram criados.
A pesquisa - inédita - da Senatran apontou que, dos 34,2 milhões de proprietários de motocicletas, motonetas e ciclomotores registrados no Brasil, 17,5 milhões não possuem habilitação na categoria. A quantidade representa 53,8% do total de proprietários desse tipo de veículo. A base de dados utilizada pela secretaria (antigo Denatran) foi o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam).
Na análise do recorte, o estudo aponta que a grande quantidade de proprietários sem habilitação para conduzir motos indica que, provavelmente, são pessoas sem acesso à retirada de uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que atualmente tem custo de R$ 2.500 a R$ 3 mil, em média e conforme o estado. O crescimento de negócios com veículos compartilhados, como o aluguel de motocicletas, por exemplo, seria outra razão.
MOTOS REPRESENTAM QUASE 30% DA FROTA VEICULAR NACIONAL E O NORTE/NORDESTE SE DESTACAM, COMO SEMPRE
O levantamento da Senatran também confirma o que o brasileiro já vê e sente nas ruas faz tempo, principalmente nas cidades do Nordeste e Norte do País. A frota de motocicletas só cresce e representa, em 2024, 28% de todos os veículos registrados. E a expectativa é de que, em seis anos, esse percentual alcance 30% se for mantida a tendência de crescimento apontada pelo estudo.
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Nesse cenário, cinco estados se sobressaem na frota sobre duas rodas, todos do Nordeste e Norte do País. O Maranhão ocupa o primeiro lugar, com 59,7% do total da frota de veículos do tipo, seguido pelo Piauí, com 54,5%, Pará, com 54,5%, Acre, com 53,1% e Rondônia, com 51,2%. A predominância nos estados do Norte e Nordeste - mais uma vez - é apontada devido a fatores econômicos, geográficos e culturais.
Confira o estudo na íntegra:
Em números totais, o Sudeste e o Sul brasileiros se juntam ao Nordeste com os estados com as maiores quantidades de motocicletas. São Paulo lidera o ranking com 7 milhões de veículos registrados, seguido por Minas Gerais, com 3,5 milhões, Bahia, com 2 milhões, Ceará, com 1,9 milhão, e Paraná, com 1,8 milhão. O levantamento da Senatran aponta que esses números se justificam pelas grandes populações desses estados.
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